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TDAH: diagnóstico é desafio em tempos de redes sociais

Entendimento sobre o excesso de atividades e a capacidade produtiva é determinante na hora de fechar o diagnóstico

Por Paulo Mattos, psiquiatra*
Atualizado em 29 jul 2024, 15h09 - Publicado em 29 jul 2024, 14h17
TDAH-diagnostico
Diagnóstico do TDAH não deve ser banalizado  (VEJA Saúde/SAÚDE é Vital)
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O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um quadro comum, que surge na infância e pode persistir na vida adulta.

Ele se caracteriza por níveis de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade mais altos do que se observa na população em geral. Não se trata, portanto de “ter ou não” estes sintomas, mas sim “o quanto” deles o indivíduo tem. É o mesmo com o diabetes: todo mundo tem açúcar no sangue, uns mais e outros menos. E uma certa percentagem de indivíduos tem níveis muito acima dos demais.

Este é o grande problema do autodiagnóstico de quem assiste um vídeo no Instagram ou no YouTube sobre TDAH. Invariavelmente haverá identificação com alguns dos sintomas, uma vez que todos têm algum (ou alguns) daqueles 18 sintomas, que eu ajudei a traduzir para o português há mais de 15 anos. Não ter nenhum deles equivaleria a dizer que não se tem nenhum açúcar no sangue.

+ Leia também: Como é feito o diagnóstico de TDAH?

Celular e desatenção

Há grandes desafios no entendimento do transtorno, sobre como diferenciar o excesso de atividades e capacidade produtiva de um diagnóstico de TDAH.

Além dos sintomas serem observados em graus variáveis na população em geral, mesmo entre os que não têm  TDAH, a desatenção é um sintoma inespecífico, e não um sinônimo de TDAH. Ansiedade, depressão, burnout cursam com desatenção, por exemplo.

Além disso, quando os critérios para diagnóstico foram desenvolvidos, não tínhamos o contexto atual de envolvimento extremo com mídias sociais e uso abusivo do celular. Em muitos casos, os comportamentos que desenvolvemos em função desta nova realidade podem simular sintomas de TDAH.

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Por isso a importância de o diagnóstico ser feito por um especialista.

+ Leia também: Em busca do foco perdido: o que fazer para recuperar a concentração?

Consequências e tratamento do TDAH

O TDAH está associado a maiores níveis de ansiedade e depressão em todas as faixas etárias. O impacto do transtorno varia conforme as fases da vida.

Em crianças e adolescentes, são mais frequentes: aparecimento de problemas comportamentais; mau desempenho acadêmico; rejeição pelos pares; maior incidência de acidentes; e risco acentuado para o uso de drogas. Nos adultos, acrescenta-se uma chance elevada para divórcio, desemprego e irregularidade no desempenho profissional.

O tratamento do TDAH costuma melhorar a grande maioria dos casos. Ele inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e orientação parental no caso de menores de idade. Os remédios se dividem em estimulantes e não-estimulantes. Todos apresentam eficácia comprovada no tratamento e são seguros — a escolha irá depender do perfil de cada paciente.

Na contramão do que ocorre na maioria dos países desenvolvidos, no Brasil o tratamento medicamentoso, considerado um dos pilares fundamentais do tratamento, não está disponível na quase totalidade da rede pública. Em algumas regiões, pretendeu-se, de modo irresponsável, oferecer tratamentos sem qualquer comprovação científica.

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Também é frequente o despreparo da equipe de saúde no diagnóstico de TDAH e suas comorbidades. Um diagnóstico correto é sempre o primeiro e obrigatório passo na medicina; isto vale para qualquer doença.

Estamos vivendo uma época de desinformação assustadoramente disseminada por conta das mídias sociais. A isto, se acrescentam os gargalos no atendimento à população mais vulnerável do ponto de vista socioeconômico. Este cenário poderia ser diferente.

*Paulo Mattos, psiquiatra e pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

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