Quando começa o seu ano? Como se planejar para aliviar a mente e ter saúde
Organizar a casa, a agenda e suas metas de saúde para 2024 pode ter um efeito muito positivo sobre sua saúde. Um especialista conta como fazer isso
Janeiro passou muito rápido. O réveillon parece distante. As férias escolares terminaram e as rotinas voltam a se estabelecer. E o Carnaval de 2024 será no começo de fevereiro, o que antecipa o tempo anunciado no velho adágio: o ano só começa depois da folia.
Ao menos, corremos menos o risco de postergarmos o início dos planos. Procrastinar parece ter virado menos sinal de alguma questão de saúde e passa a ser quase uma constante nas nossas vidas tomadas por um cotidiano intenso de compromissos.
Perder sete quilos, ir para a academia quatro vezes por semana, trocar de carro, quitar aquela dívida, visitar mais a família além das datas festivas (e os amigos!), usar menos o celular, fazer mais viagens mais curtas, comer mais leve e menos açúcar, beber menos álcool, parar de fumar, ir ao dentista, fazer finalmente aquele curso de cerâmica (ou de dança contemporânea) que foi promessa do ano passado. Ou retrasado.
Como não cair, esse ano de novo, na armadilha da procrastinação ou do esquecimento? Como podemos nos organizar para conseguirmos pôr em prática uma rotina saudável e cumprirmos os votos que fizemos a nós mesmos na virada? Como nossa relação com o espaço, o tempo, nós mesmos e os outros influenciam o exercício dessas rotinas?
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A primeira resposta é: não espere encontrar o momento perfeito para começar. Apenas comece.
Esse movimento pode se iniciar no espaço mais íntimo: nossa casa. Saber onde estão nossos pertences e não precisar demorar para encontrá-los pode aliviar uma tensão básica, muito observada em pessoas com TDAH, de se perder dentro do próprio cenário doméstico por não saber o que fizeram do celular, do molho de chaves ou daquela blusa.
Para cada coisa, um lugar para ela. Parece uma regra chata, mas quando respeitamos à risca essa norma, o tempo que gastamos para realizá-la nesse momento nos poupa do estresse e da correria de ter que encontrá-la em meio à bagunça ou ter de depender da memória para tal.
Cada espaço da casa merece atenção e podemos avançar uma parte a cada período de tempo. É mais fácil começar por partes e estabelecer metas tangíveis, caso contrário o risco de frustração, desânimo e desistência é grande.
O contrário – estabelecer metas factíveis que possam ser realizadas numa manhã de sábado, por exemplo – gera um sentimento de que as coisas avançam e tomam corpo. Dar-se uma recompensa após a tarefa cumprida também é uma maneira de fazer esses esforços menos penosos.
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Quem sabe a recompensa ainda cumpra uma das promessas do ano como, por exemplo, ir visitar um amigo ou fazer uma escapada no fim do mês para um destino de fim de semana?
Não só nosso espaço físico merece essa arrumação. O modo como dispomos do tempo é fundamental para nos mantermos organizados.
Ter uma perspectiva de como se dão nossos ciclos de tempo, seja no dia, na semana ou no mês, torna-se, nesse sentido, primordial. Prefira as agendas com visão da semana, se possível um quadro branco na parede com o mapeamento das atividades ao longo do ciclo de uma semana.
Isso ajuda a vermos se nossas necessidades de trabalho, atividade física e relações interpessoais estão contempladas.
Ter metas factíveis aqui também é a dica. Não adianta passar as três primeiras semanas do ano indo cinco vezes à academia e depois arrefecer.
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Melhor estabelecer quantos e quais dias da semana de maneira precisa para não deixar sempre para amanhã. Recompensar-se aqui também pode gerar um estímulo extra (não com prêmios aleatórios, mas com algo que faça sentido para o exercício, como um tênis para realização da atividade).
Realizar atividades que cumpram mais de uma tarefa ao mesmo tempo também pode ser interessante, como ir ao supermercado a pé ouvindo um podcast. Ou combinar com uma amiga de ir para academia em alguns dos dias da semana.
Organizar o cotidiano demanda lapidação do espaço e do tempo que nos cabem. Essa lapidação não se realiza nem se impõe de maneira repentina, mas é, antes, produzida no correr dos dias, na diligência com a qual avançamos, mesmo que o tempo do relógio nos espante com seu fluxo e velocidade. O Carnaval está logo ali. Seu ano começa quando?
*Alexandre Valverde é médico psiquiatra, neurodivergente, fundador da plataforma SOFCA – Survivors of Child Abuse & Neglected. Autor do livro Ruptura, Solidão e Desordem – Ensaio sobre fenomenologia do delírio (clique para comprar).