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Por que é essencial combater a desnutrição hospitalar

Índice de desnutrição em pacientes internados é expressivo. Equipes e protocolos especializados são cruciais para reverter problema

Por Andrea Bottoni, nutrólogo, e Thamara Spada, nutricionista*
19 ago 2022, 10h15
ilustração de estômago vazio
Estudos estimam que chega a quase 50% o índice de desnutrição hospitalar na rede pública brasileira.  (Ilustração: Tchaco/SAÚDE é Vital)
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A desnutrição em âmbito hospitalar tem sido alvo de estudo e preocupação dos profissionais de saúde desde a década de 1970. Falamos de um estado em que o desequilíbrio, com carências ou excessos, no aporte de energia e de nutrientes determina efeitos adversos ao organismo durante a internação do paciente.

O mais comum é a deficiência calórica e proteica, mas também sabemos que a falta de vitaminas e minerais está amplamente disseminada, sobretudo entre idosos e portadores de doenças agudas ou crônicas.

O Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (Ibranutri), contemplando 4 mil pacientes hospitalizados, encontrou taxa de 48% de desnutrição no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 12,6% de desnutrição grave e 35,5%, moderada. Outra investigação, o Estudo Latino-Americano de Nutrição (Elan), avaliou 9 233 pacientes internados em 12 países, incluindo o Brasil, e demonstrou que 50% deles apresentavam algum grau de desnutrição.

A alta prevalência e a atualidade do problema foram confirmadas mais recentemente em uma revisão de estudos em cima de 66 publicações latino-americanas, que, juntas, somam dados de aproximadamente 30 mil pacientes. Ela conclui que um número significativo de indivíduos já se encontra desnutrido na admissão hospitalar e o quadro pode se agravar na internação.

+ LEIA TAMBÉM: O papel da nutrição no tratamento do colesterol alto

A ausência de diagnóstico e de tratamento da desnutrição hospitalar tem como consequência maiores taxas de morbidade e mortalidade, maior tempo de internação, maior necessidade de cuidados intensivos e maior risco de reinternação — portanto, fora o impacto na vida do cidadão, pesa nos custos para o sistema de saúde. Não é por menos que a avaliação nutricional se tornou uma ferramenta fundamental para minimizar desfechos
tão negativos.

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Essa análise do paciente no momento apropriado, e logo quando ele é admitido ao hospital, permite estabelecer as adequações na dieta e uma terapia nutricional, um suporte capaz de melhorar a evolução clínica. A intervenção é baseada em protocolos implementados por uma equipe multiprofissional a fim de diminuir as taxas de complicação e o tempo de permanência no leito.

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O envolvimento de toda a equipe médica e assistencial é decisivo nesse sentido, pois sua atuação próxima aprimora e personaliza o cuidado nutricional, identificando os nutrientes em falta e as melhores vias de repor essas carências — inclusive quando o indivíduo precisa se alimentar por uma sonda.

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Ao final, os estudos mostram que temos melhores resultados clínicos e uma economia para o sistema, porque os custos de uma equipe e de intervenções nutricionais precoces são menores que os gastos gerados por complicações decorrentes da desnutrição. Hoje todo hospital deveria estar pronto para essa realidade e viabilizar a triagem e a terapia nutricional. É uma questão de saúde pública.

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* Andrea Bottoni é médico nutrólogo e Thamara Spada é nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo

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