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O que é gordofobia e como ela se manifesta nas consultas de saúde

Mesmo com boas intenções, profissionais de saúde reproduzem condutas gordofóbicas. Médica explica como isso se revela e o que seria um atendimento adequado

Por Juliana Gabriel, endocrinologista*
19 jan 2023, 09h27
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  • Faz parte do dia a dia de todo profissional de saúde atender pessoas com IMC (índice de massa corporal) elevado. Na formação profissional, somos ensinados a incentivar o emagrecimento como forma de melhorar a saúde.

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    Porém, quando começamos a nos aprofundar no tema da gordofobia, percebemos que essa é, na verdade, uma conduta gordofóbica. Mesmo que ela esteja sendo feita de forma e humanizada – e na melhor das intenções.

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    Essas condutas gordofóbicas tendem a ser reproduzidas por profissionais de todas as áreas da saúde, pois são consideradas “padrão”.

    Mas por que incentivar um paciente a emagrecer é considerado gordofóbico? Isso não é cuidar? A verdade é que a gordofobia é estrutural. Isso significa que ela está entranhada na nossa cultura, na forma como nossa sociedade opera.

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    A conotação negativa que um corpo gordo tem é o padrão. É daquela ordem de coisas que ninguém questiona, pois, “as coisas são assim mesmo”. É como a sobremesa, que vem depois do almoço, e não antes. É como escovar os dentes após se alimentar, e não antes.

    + Leia também: Estudo: pais e médicos não estão prontos para orientar jovem com obesidade

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    Enfim, existe esse conceito de que ser gordo é sinônimo de ser doente, desleixado ou estar fora do padrão considerado estético. É como se alguma coisa estivesse errada.

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    E é aí que começa a gordofobia.

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    Mas se está errado um médico incentivar um paciente a emagrecer para melhorar a saúde, qual é, então, o certo? Afinal, qual o jeito não gordofóbico de cuidar da saúde de alguém?

    O ideal seria, por exemplo, focar em melhorar a alimentação e o sedentarismo (se for o caso). Falar sobre cuidados com o sono, e como melhorar o humor.

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    Ora, focar na saúde é mirar no que realmente vai ter impacto na saúde – ou seja, a forma como vivemos, comemos, dormimos, respiramos e nos movimentamos. E não no formato do nosso corpo.

    Até porque muita gente pode emagrecer perdendo completamente a saúde. Então, se o objetivo de um profissional de saúde é ajudar, ele deve se concentrar no que realmente ajuda: o estilo de vida da pessoa, e não sua aparência.

    E esse é só um exemplo. Muita gente confunde gordofobia com estética. A verdade é que qualquer pessoa pode sofrer pressão estética em algum momento de sua vida.

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    E isso é grave em qualquer situação do cotidiano, mas é ainda mais grave dentro de uma consulta de saúde – um lugar que deveria ser o mais seguro do mundo para receber qualquer pessoa.

    E justamente por ser uma questão estrutural, o melhor caminho para construir mudanças é através da educação. Por isso, devemos falar sobre o assunto, dar voz a quem sofre e aprofundar questões.

    + Leia também: Gordofobia pode afastar as pessoas dos consultórios médicos

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    Pensando nisso, na plataforma Tribu Education existe o curso “Atendimento Clínico sem gordofobia”, com o objetivo de instruir a realização da prática clínica sem gordofobia, de maneira adequada, humanizada e focada na saúde integral.

    Então, se você quer ajudar a construir um mundo sem gordofobia, comece olhando para dentro. E para o lado. Busque informações, converse, pergunte. Apoie quem está levantando essa pauta. E, assim, um passo por vez, construiremos uma sociedade em que todo tipo de corpo é bem-vindo.

    *Juliana Gabriel é médica endocrinologista e fundadora da Tribu Saúde – clínica multiprofissional humanizada e da Tribu Educação – escola de cursos livres para a área da saúde

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