Maioria dos fatores de risco para o coração é modificável. O que fazer?
No Setembro Vermelho, mês de conscientização das doenças cardiovasculares, especialistas apontam como se ver livre delas
Todos os anos, cerca de 400 mil pessoas morrem no Brasil em decorrência das doenças cardiovasculares. O número, que por si só já é extremamente alarmante, ganha uma proporção ainda maior por representar 30% das mortes do país (e do mundo).
O mais espantoso é que esse triste cenário poderia ser diferente se alterássemos comportamentos e condições que são as principais causas dessas enfermidades. É o caso do sedentarismo, da má alimentação, do tabagismo, da obesidade, da hipertensão, do diabetes e da dislipidemia (os níveis de colesterol e triglicérides elevados).
Apesar dos avanços tecnológicos e terapêuticos, temos progredido lentamente para mudar esse panorama. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nosso país é o mais sedentário da América Latina e o quinto no ranking global.
Como resultado, os índices de sobrepeso e obesidade só crescem. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021, cerca de 57% dos brasileiros estavam com sobrepeso e 22% se encontravam obesos. No ritmo em que estamos, a Federação Mundial de Obesidade estima que, até 2030, 30% dos adultos no Brasil terão obesidade.
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Para piorar, ainda tivemos mudanças socioculturais importantes durante a pandemia de Covid-19, como home office, reclusão, atividades físicas limitadas, explosão dos serviços de entrega e aumento da carga psicológica (estresse, ansiedade e burnout), o que, combinado, pode prejudicar a saúde do coração.
Isso sem falar dos pacientes cardiopatas que abandonaram o tratamento durante o período e da própria ação do coronavírus, que chegou a agravar doenças pré-existentes e até a causar algumas afecções, como arritmia e miocardite.
A doença cardiovascular e a maior parte de seus fatores de risco, muitas vezes, são silenciosos. Por não terem o hábito de realizar exames preventivos e check-ups, muitas pessoas só procuram um médico em estágios tardios, quando começam a ter sintomas. Com isso, perde-se a oportunidade de orientar a mudança de hábitos, de detectar e tratar a enfermidade precocemente e de obter mais qualidade de vida.
Segundo a OMS, 80% das causas de doenças que afetam o coração são ocasionadas por fatores que podem ser controlados e modificados com uma rotina mais saudável. Não dá mais para negligenciar os cuidados com a saúde cardiovascular. Precisamos fazer uma melhor gestão do nosso dia, reservando espaço para prática de exercícios, alimentação balanceada, sono adequado, atividades de lazer e exames periódicos.
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Sempre há tempo para mudar hábitos e tentar reverter prejuízos. A dica mais importante é começar hoje, não amanhã.
Realizar exercícios físicos regularmente, por 30 minutos, ao menos cinco vezes por semana; comer de forma balanceada e tranquilamente; ficar atento ao peso; desligar o celular e os equipamentos eletrônicos na hora de dormir; tomar os remédios conforme a prescrição médica; administrar o estresse, reservando tempo para relaxar e descansar, incluindo atividades de lazer.
Em resumo, escolha viver mais e melhor.
* César Jardim é cardiologista do Hcor, em São Paulo, e Fabio Jatene, cirurgião cardiovascular do Hcor