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Comer menos frutas e verduras é fator de risco para a doença renal?

Pesquisa acusa um elo entre o baixo consumo de vegetais e a doença renal crônica. Especialistas analisam o achado e dão orientações

Por Caroline Reigada, nefrologista, e Marcella Garcez, nutróloga*
8 dez 2022, 08h48
ilustração de maço de verduras
Fibras e antioxidantes dos vegetais podem ter efeito protetor contra lesões nos rins.  (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Um estudo recém-publicado por pesquisadores da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, revela uma associação entre o baixo consumo de frutas e hortaliças e a doença renal crônica, um problema que atinge 10 milhões de pessoas no Brasil.

A doença é progressiva e deixa os rins menos aptos a filtrar os resíduos do sangue. Em estágios mais graves, o paciente fica sujeito a complicações cardiovasculares e dependente de diálise.

A pesquisa não evidencia se a baixa ingestão de vegetais é um fator de risco para a insuficiência renal ou uma resposta da doença. Mas, sim, existem outros trabalhos científicos apontando que o consumo de mais frutas e hortaliças nos protege da doença renal. Acredita-se que o maior aporte de fibras e antioxidantes na dieta minimize o estresse oxidativo e a inflamação que, entre outras consequências, prejudicam os rins.

A questão é que, segundo estimativas, apenas um em cada três brasileiros consome frutas, legumes e verduras regularmente. É um número baixo. Esses vegetais são fontes importantes de compostos bioativos com efeitos benéficos para a saúde.

São ricos em vitaminas A, C, E e K e minerais como potássio, magnésio e cálcio. Além disso, fornecem fibras e substâncias antioxidantes, que combatem os radicais livres por trás de danos às células.

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No caso da doença renal crônica, os médicos por vezes aconselham os pacientes a reduzir o consumo de potássio, mineral comumente encontrado nesses vegetais. Mas cabe um contraponto a essa recomendação. Isso porque esses alimentos ajudam a equilibrar a microbiota intestinal, diminuindo alterações que resultam na formação de proteínas que podem ser tóxicas ao organismo.

Essas proteínas se acumulam no sangue e, no contexto da doença renal, contribuem para a chamada síndrome urêmica, a progressão do quadro, a resistência à insulina e problemas cardiovasculares. Dietas ricas em fibras podem reduzir em cerca de 60% a carga dessas substâncias na urina.

Portanto, os níveis de potássio devem ser acompanhados junto ao médico, mas não são motivo para abolir os vegetais do cardápio. Inclusive porque o consumo de fibras e antioxidantes presentes em frutas e hortaliças tem um efeito anti-inflamatório, e as pessoas com doença renal crônica são inflamadas cronicamente.

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Não são apenas os rins que ganham proteção com essas mudanças no hábito alimentar. Calcula-se que, entre pessoas que ingerem mais de cinco porções de vegetais por dia, o risco de doenças cardíacas seja reduzido em 20%, na comparação com quem come menos de três porções.

Aspargo, aipo, alface, brócolis, cebola, tomate, soja e gergelim são exemplos de alimentos que, devido a suas propriedades benéficas à circulação e às artérias, deveriam fazer mais parte do cotidiano da população em geral. Um ingrediente importante no estilo de vida para resguardar os rins e o coração.

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* Caroline Reigada é nefrologista e especialista em medicina interna pela Santa Casa de São Paulo; Marcella Garcez é nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran)

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