Estava tomando um café e, na mesa ao lado, duas amigas conversavam animadas. Não pude deixar de ouvir:
— Academia, credo! Só tem pessoas fortes, saradas e cheias de saúde. Não é lugar pra mim. Tenho certeza de que vou me machucar. Academia é coisa de gente jovem.
— Ah, mas tem academia para pessoas mais velhas – responde a amiga.
— Um lugar cheio de velhos eu também acho chato. Velho adora ficar de conversinha e eu não tenho paciência.
— Bom, meu médico falou que tenho que fazer exercício para melhorar minha dor e minha saúde em geral. Preciso resolver isso!
Apesar de mais de 21% da população brasileira frequentar academias, muita gente ainda tem dúvida se esse é o lugar ideal para gerenciar e cuidar da dor. E é sim! Porém, a melhora da dor não depende só da academia: depende de você e do profissional que irá conduzir o treino.
Para conseguir alívio da sua dor crônica, a melhor decisão a tomar é olhar para ela, prestar atenção e assumir o controle. O primeiro passo é se informar, depois falar com especialistas, seguir o tratamento e fazer atividade física. Lembre-se: ficar parado é a pior coisa que você pode fazer para cuidar da dor.
Exercício é bom para todos os aspectos da dor, pode ter certeza. Bom para tratar, aliviar, cuidar e prevenir a dor. Movimentar o corpo de forma regular é o mesmo que se alimentar, dormir e escovar os dentes dentro de uma rotina constante. Exercício é indispensável!
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Quando a dor se torna crônica, a maneira que nosso cérebro recebe os estímulos dolorosos e responde a eles fica totalmente bagunçada, gerando medo, insegurança e mais dor. O exercício organiza esse mecanismo de comunicação, deixando o cérebro menos reativo e você mais aliviado.
Como escolher uma boa academia
Além da academia, há diversos outros tipos de atividade física que podem promover benefícios. São várias opções: caminhar, pedalar, nadar, dançar, jogar tênis, peteca, bola, vôlei, entre outros.
Só vamos deixar claro que exercício e atividade física não são sinônimos. Atividade física é qualquer movimento do corpo onde existe gasto energético e o exercício é uma subcategoria da atividade física onde há uma prescrição específica, com intensidade, volume etc.
A academia é um lugar bem completo para a prática do exercício propriamente dito, com equipamentos variados para todas as partes do corpo: halteres, bolas, roldanas, esteiras, bicicletas, caneleiras, elásticos, step, colchonete… E pode ainda oferecer aulas de dança, yoga, pilates, alongamento e outros.
Ao escolher uma academia para aliviar a dor, preste atenção nessas dicas:
- De fácil acesso: Perto de casa ou do trabalho por exemplo, fácil de estacionar e entrar e sair. Já vi academias cheia de escadas, dificultando acesso para idosos ou pessoas com dor.
- Que caiba no seu bolso: A atividade física/exercício deve ser uma prioridade na sua vida. Sugiro que esteja sempre no seu orçamento e planejamento financeiro.
- Que tenha um time qualificado: Com profissionais de educação física atentos às suas necessidades, que saibam te ouvir, se comunicar e fazer adaptações quando necessário. E que sejam acolhedores e que possam fazer um treino personalizado.
- Que tenha um ambiente agradável e amigável: Um lugar que te faça sentir bem e incluído.
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A atividade física no contexto da dor
Aqui vão algumas dicas para quem vai treinar tendo o alívio em mente:
- Antes de começar qualquer exercício, busque ajude especializada. É importante.
- Preveja ajustes para mais e para menos de acordo com os sintomas.
- Tenha sempre supervisão do profissional.
- Busque uma evolução progressiva.
- Priorize aumento de volume antes da intensidade (aumentar o número de repetições ou tempo antes de aumentar a carga).
- Faça uma hierarquia dos movimentos (começar pelos movimentos que não causam dor e ir avançando).
- O foco deve ser sempre na funcionalidade. Não adianta fazer um treino que impede a pessoa de andar no dia seguinte.
- Encontrar aquilo que você gosta, que te faz bem, que te motiva e que, de fato, traga alívio da dor.
Regularidade, gentileza, disciplina, dedicação, paciência, constância, flexibilidade e comunicação são as palavras de ordem.
* Mariana Schamas é cinesiologista, pós-graduada em estudo da dor e criadora do método ECAD.