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Esse é o blog de Patricia Julianelli, jornalista especialista em nutrição, esporte e qualidade de vida, além de apaixonada por comida e corrida de rua. Ela é autora do livro "Boca Livre - Comida e Boa Forma com Prazer e sem Neura" e apresentadora do quadro "Saúde em Movimento", da rádio CBN
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Não basta força de vontade

Obesidade é doença crônica e o tratamento é árduo. Um dos obstáculos: o julgamento alheio

Por Patricia Julianelli
11 set 2023, 10h06

“Força, foco e fé”. Dos mesmos criadores de “Nada resiste ao trabalho”. E de “Para emagrecer, basta fechar a boca” e “Só não perde peso quem não quer”.

Se você já conhece esses enredos, sabe que o argumento é raso. Não para em pé. É geralmente pautado por pensamentos simplistas, superficiais e, não raro, preconceituosos.

Sobrepeso e obesidade são assuntos sérios e de difícil solução. O tratamento é complexo e requer uma equipe multidisciplinar. Obter benefícios dele exige muito mais que força de vontade.

Se relacionamos excesso de peso à falta de determinação, alimentamos o preconceito e tornamos ainda mais difícil o caminho de quem deseja perder peso.

+ Leia também: Combate à obesidade passa pela qualidade da alimentação

Vale esclarecer, antes de tudo, que a obesidade é uma doença crônica que não tem cura, mas tem controle. Um controle que exige esforços constantes. Por toda a vida.

Com falácias como “só é gordo quem quer” ou o “basta comer menos e se mexer mais”, a ideia é transmitida é a de que, se você não conseguiu, é porque não se esforçou o bastante.

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Só que a ciência mostra o inverso: perder peso não é fácil e estabilizar esse peso é mais difícil ainda.

Há uma série de razões para isso. Predisposição genética, falta de tempo e/ou motivação para os exercícios, questões emocionais, sono ruim, vasta oferta de produtos ultraprocessados nas lanchonetes e supermercados (e baixa de itens mais saudáveis), entre tantas outras.

Hoje, quero falar sobre duas destas causas.

+ Leia também: É preciso criar políticas públicas para barrar a obesidade no país

Um estoque ingrato

A primeira grande barreira nessa história é fisiológica, ou seja, algo que acontece dentro do nosso organismo, independentemente da nossa vontade.

Quando engordamos, o número de células de gordura do corpo aumenta. Até aí, tudo bem. Mas, quando emagrecemos, sabia que essas células não desaparecem?

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Sim, elas só encolhem. E ficam lá, paradinhas, à espreita, só esperando a próxima oportunidade para crescerem de novo.

Daí, esse processo tende a se repetir. E de novo, e de novo. Não porque falhamos, mas porque o corpo tem um eficiente sistema de autopreservação.

+ Leia também: Crononutrição: quando você come também é importante

Quando perdemos peso, especialmente de forma mais brusca e radical, é como se soasse um alarme interno dizendo: “Galera, perigo à vista!”.

O corpo desacelera seu metabolismo, ou seja, reduz o gasto calórico em repouso. É como se a sua bateria entrasse em modo econômico, sabe?

O mais cruel é que, quando você “termina a dieta” e volta ao consumo calórico de antes, o corpo segue poupando energia por um bom tempo. Ou seja: manter o novo peso é tarefa inglória.

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o que são alimentos ultraprocessados
Alimentos ultraprocessados costumam ser amplamente ofertados em pontos de circulação (Foto: Dercílio/SAÚDE é Vital)

Os ultraprocessados

A segunda razão são os produtos ultraprocessados. Eles estão por toda a parte, coloridos, baratos e palatáveis, muito palatáveis.

Pelo argumento do preço e da praticidade, costumam ser amplamente ofertados em pontos de circulação, como mostrou um estudo no metrô de São Paulo.

Repletos de saborizantes, aromatizantes, corantes e outros “antes”, além de muito açúcar ou sódio, eles são difíceis de resistir. De novo: não é a pessoa que é fraca, mas sim os produtos que são feitos para serem “viciantes”.

Pequenas vitórias

Desafios à parte, a obesidade pode sim ser tratada com sucesso.

Lembrando que o objetivo é ter mais saúde e qualidade de vida, e não necessariamente chegar a um peso considerado ideal para a sua altura.

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Por isso, cada vitória precisa ser comemorada. Seja uma melhora na composição corporal ou nos exames de sangue, sejam novos hábitos à mesa ou a quinta semana consecutiva de atividade física.

Aos especialistas em corpos alheios, fica a dica: antes de emitirem uma opinião, estudem, mergulhem fundo no tema.

Conhecimento básico em fisiologia e comportamento humanos já seria um bom começo.

Se essa luta não é sua, tire seu preconceito do caminho. Ele já é repleto de obstáculos.

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