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Esporte é remédio no tratamento da esclerose múltipla

Médica que tem esclerose múltipla compartilha sua trajetória com o esporte e o papel dos exercícios no controle dos sintomas da doença

Por Christiane Prado, médica do esporte*
Atualizado em 22 out 2021, 11h56 - Publicado em 30 ago 2021, 10h22

A esclerose múltiplaé uma doença ainda estigmatizada e erroneamente relacionada a idosos. A maior parcela de pessoas afetadas por essa condição é jovem, entre 20 e 40 anos, e principalmente formada por mulheres.

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta a camada que recobre os neurônios — por isso, fazendo uma analogia com a fiação elétrica, é conhecida como “a doença do fio desencapado”.

Os sintomas são múltiplos – daí seu nome – e podem englobar alteração de visão, equilíbrio e força na marcha, por exemplo. A manifestação mais comum, porém invisível, é a fadiga, um cansaço injustificável, como se a energia não chegasse, o que limita muito as funções mais comuns do dia a dia.

No Brasil, a esclerose múltipla entra no rol de doenças raras e graves, mas é importante desmistificar a ideia de que o paciente com a condição não pode fazer esforço. Há mais de quatro décadas, felizmente, os cientistas estudam os benefícios do exercício físico para portadores da doença.

Pesquisas demonstram que exercitar-se com regularidade melhora a qualidade de vida e a fadiga, além de amenizar os sintomas e diminuir as sequelas. Também indicam que a atividade física, em qualquer intensidade, é segura nesse contexto — não causa novos surtos, por exemplo. Ou seja, o exercício pode e deve fazer parte do tratamento.

LEIA TAMBÉM: Malhação para o cérebro: exercícios para quem tem Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla…

Eu mesmo experimentei esse benefício, já que, além de médica, convivo como paciente com a doença. Posso dizer que conheci o exercício aos 30 anos e meu esporte, o triathlon, aos 33.

Antes disso, a esclerose múltipla me fez enfrentar sintomas fortes, como perda da sensibilidade de todo o corpo, da força das mãos e da visão de ambos os olhos em dois surtos distintos, o que me impedia de trabalhar como anestesista. Senti receio de que minha juventude estava acabando e quis fazer algo marcante: decidi entrar no Exército, em homenagem ao meu avô.

No primeiro dia de treinamento, eu não tinha força nem para fazer um coque no cabelo. No teste de admissão, 45 dias depois do início, saí de lá correndo 2 km e fazendo 22 flexões. Continuei correndo e vi que a regularidade fazia eu me sentir melhor.

Aprendi a nadar, a pedalar e comecei a me interessar cada vez mais pela Medicina do Exercício e do Esporte. Fiz pós-graduação nessa especialidade e me reinventei. Atualmente, atuo com prevenção e reabilitação através do exercício, incluindo pessoas com esclerose múltipla.

É incrível fazer parte de tantos relatos transformadores de pacientes e de desconhecidos que tiveram a oportunidade de entrar em contato com a minha história. E é difícil imaginar como seria a evolução da minha doença se eu não fizesse exercícios diários.

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Quando não treino com frequência, minha função motora já piora e a fadiga aparece. O esporte faz parte do meu tratamento, assim como um comprimido. Esse é o entendimento da Medicina do Esporte que tento passar para os meus pacientes. O exercício é tão primordial para nossa saúde quanto é a insulina na vida de alguém com diabetes.

Hoje sou atleta de paraciclismo e sigo uma rotina intensa de treinos, que inclui corrida na água, natação, ciclismo, musculação e fisioterapia.

A prática de esportes é indicada em qualquer fase da doença e deve ser associada a todas as outras frentes do tratamento. O tipo de atividade, a frequência e a intensidade serão estabelecidos em conjunto entre paciente e a equipe de saúde que o acompanha, lembrando que o prazer é essencial para realmente nos engajarmos.

* Christiane Prado é médica do Laboratório de Performance Humana da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro

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