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O que a ciência diz sobre o efeito de 7 chás

Camomila, hortelã, hibisco... cada erva tem suas propriedades. Listamos indicações sobre os tipos certos para diversos problemas

Por Karolina Bergamo, Thaís Manarini
Atualizado em 9 jan 2020, 17h57 - Publicado em 2 out 2016, 08h35

O preparo de chás ganha popularidade quando os termômetros despencam, mas a verdade é que merece ser degustado o ano inteiro. Afinal, é uma maneira saborosa de aproveitar diversas ervas e suas propriedades, como embalar o sono, preservar a memória e afugentar problemas da pesada. Busque uma xícara e descubra abaixo o chá que pode esquentar sua saúde.

1- Camomila ajuda (mesmo) a pegar no sono

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Cientistas analisaram os dentes de fósseis de neandertais que viveram na Espanha há milhares de anos e desvendaram que os antigos hominídeos já faziam uso dessa plantinha. “A camomila tem tanta tradição quanto existem estudos comprovando seus efeitos terapêuticos”, afirma a farmacêutica Maria das Graças Lins Brandão, professora de fitoterapia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Um dos mais clássicos é o de induzir ao sono, ação que foi posta à prova recentemente em trabalho publicado no periódico científico Journal of Advanced Nursing. Participaram da pesquisa 80 mulheres no pós-parto – todas com dificuldade para dormir. Enquanto metade recebeu cuidados clássicos para o período, a outra parte tomou chá de camomila. Em apenas duas semanas, a turma que investiu na bebida demonstrou uma melhora na qualidade do sono.

Não é feitiçaria! A planta concentra um monte de flavonoides, substâncias antioxidantes responsáveis por sua cor amarelinha. “E o principal é a apigenina, que tem ação sedativa”, descreve Maria das Graças. Por causa dessa característica, o chá cai muito bem à noite.

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Mas tomá-lo após o almoço também não é uma má ideia, considerando seu potencial digestivo. “Só que pessoas sensíveis podem relaxar demais e ter o rendimento no trabalho prejudicado durante a tarde”, avisa a nutricionista Vanderli Marchiori, presidente da Associação Paulista de Fitoterapia. Na hora do preparo, o conselho é priorizar as flores da planta e fervê-las junto com a água por alguns minutos – método conhecido como decocção.

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2- Chá-mate reduz o colesterol

Velha conhecida dos índios guaranis, essa erva é aproveitada de diversas formas no Brasil — como chimarrão, tererê, chá gelado e quente… Seja qual for a preferência, o bacana é colocar a bebida na rotina. Isso porque não faltam pesquisas demonstrando seus préstimos à saúde.

Em um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por exemplo, o chá diminuiu o risco de doenças cardiovasculares. Aconteceu assim: um grupo de voluntários ganhou folhas da erva tostadas, uma peneira e um copo. Com o kit, prepararam a infusão de mate na proporção de 20 gramas por litro e tomaram cerca de 300 mililitros três vezes ao dia. “Em apenas 20 dias, observamos um aumento significativo no perfil antioxidante pelo sangue dos participantes”, revela Brunna Boaventura, professora de departamento de nutrição da UFSC e autora do trabalho.

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Além disso, indivíduos com colesterol alto viram as taxas de LDL, a fração mais perigosa da molécula, cair. Ambos os efeitos são cruciais para evitar a formação de placas que entopem as artérias. Mas vai um recado: se você é mais chegado no chimarrão, saiba que a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer alerta que a ingestão de qualquer bebida acima de 65 °C é fator de risco para tumor de esôfago. Por isso, convém aguardar uns minutinhos antes de dar os primeiros goles.

3- Chá de hibisco doma a pressão

Existem mais de 200 espécies de plantas que pertencem à família Hibiscus L. Entre elas, a mais utilizada é a Hibiscus sabdariffa, cujas flores são a matéria-prima para o chá. A habilidade de acelerar o gasto calórico – o tal efeito termogênico – sempre foi seu maior trunfo. Mas ele é capaz de muito mais.

Uma pesquisa publicada no Journal of Hypertension concluiu que essa planta reduz tanto a pressão sistólica como a diastólica. “Isso por causa das antocianidinas, que possuem um efeito vasodilatador periférico”, conta a nutricionista Maria Angélica Fiut, presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia. Em outras palavras, elas deixam as artérias mais relaxadas. “Três xícaras de chá de hibisco ao dia já conferem esse efeito cardioprotetor”, garante.

4- Chá de hortelã preserva a memória

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A Mentha, matéria-prima desse chá, era usada na Idade Média principalmente para limpar e perfumar a casa – um símbolo de hospitalidade. Hoje, o cheiro refrescante está longe de ser a principal virtude da erva. Para início de conversa, seu chá é parceirão do sistema digestivo.

E estudiosos da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, descobriram, após analisar 180 voluntários, que a bebida deixa o cérebro mais afiado. “Uma substância chamada mentol parece estimular a produção de dopamina, neurotransmissor ligado à memória e a outras funções cognitivas”, explica o nutricionista Erick Prado de Oliveira, da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais. “Mas ainda são necessários mais estudos com seres humanos para confirmar isso”, pondera.

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5- Chá-verde é bom para diabéticos

Ele se tornou popular entre os que desejam emagrecer devido ao bendito efeito termogênico. Mas parece ter muitos outros dotes. Um estudo do Instituto de Pesquisa Lee Moffitt, nos Estados Unidos, mostrou que ele contribui para a prevenção e até o tratamento do câncer de próstata. Isso ocorreria pela ação das catequinas, poderosas antioxidantes. “Elas têm potencial para matar células cancerosas e reduzir a extensão do tumor, impedindo novas lesões no órgão”, afirma a oncologista Nagi Kumar, autora da investigação.

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Não acaba aí: a bebida preferida dos orientais resguarda os vasos sanguíneos. Uma revisão do Instituto de Pesquisa Saitama, no Japão, identificou que três xícaras de chá-verde por dia reduzem em 11% o risco de males cardíacos.

Mas quem é mais sensível à cafeína, substância presente na erva, precisa tomar cuidado: “Por causa dela, altas doses da bebida podem causar palpitação, dor de cabeça e ansiedade”, alerta Carla Schwanke, geriatra da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Acha que acabou? Nada disso. Experts da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, revelaram, em estudo com 42 diabéticos, que o chá-verde melhora o quadro de nefropatia – uma complicação renal decorrente da doença.

6- Chá-preto protege o coração

Trata-se da infusão mais ingerida mundo afora. E a planta que dá origem a ela é a mesma do chá-verde e do chá-branco: a Camellia sinensis. A diferença entre os três tem a ver com a produção. No preto, as folhas não passam pelo cozimento a vapor, como ocorre com o verde. Mas a fermentação é mais intensa e, por isso, boa parte das moléculas de catequina vai embora. Assim, em relação a seus parentes, o chá-preto exibe menos propriedades antioxidantes.

“Talvez por isso seja menos estudado que o verde”, especula a nutricionista Márcia Nishiyama, da Universidade Federal da Fronteira Sul, no Paraná. Mas a fórmula meio desfalcada não significa poucos benefícios à saúde – nem de perto. Na Universidade de Áquila, na Itália, cientistas notaram que o chá-preto baixa a pressão e, assim, soma pontos à defesa do coração.

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7- Chá-branco pode prevenir tumores

Para prepará-lo, são usados os botões das flores de Camellia sinensis, colhidos antes de desabrocharem e submetidos a um processamento mínimo. Isso mantém intacta a alta carga de compostos fenólicos, o que faz desse chá um baita guarda-costas para as células do corpo.

“Essas substâncias minimizam a inflamação, ajudando na prevenção e até no tratamento de doenças crônicas, como o câncer”, diz a nutricionista Gabriela Cilla, da Estima Nutrição, em São Paulo. Aliás, existem estudos aos montes a esse respeito. A maioria, é verdade, feita com animais. Mas os achados animam. Em uma experiência de laboratório, pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, notaram que o chá-branco é mais eficiente que o verde para barrar mutações genéticas ligadas ao surgimento do câncer.

Efeito a jato ou a prazo?

Não há um prazo certo para notar o impacto do chá no organismo. Até porque isso depende do tipo de planta usado. No caso da erva-mate, a nutricionista Brunna Boaventura viu uma melhora no perfil antioxidante apenas uma hora após o consumo. Mas o colesterolsó caiu depois de 20 dias. “O importante é tomar com regularidade e por tempo prolongado”, aconselha Maria das Graças, da UFMG.

Preparo perfeito
Com exceção do chá de camomila, que deve ser feito por decocção, os outros podem ser obtidos por infusão. Aprenda:

A erva

Os experts dizem que o ideal é adquiri-la em farmácias de manipulação ou lojas especializadas para garantir boa procedência.

Temperatura

Como várias substâncias importantes são sensíveis a altas temperaturas, o conselho é não deixar a água ferver. Pode chegar a 80 ou 90 °C.

Tempo

Deixe a erva em contato com a água por 10 ou 15 minutos. Depois disso, tem que beber. Se guardar na geladeira, muitos compostos bons vão embora.

Para adoçar

Tente tomar o chá ao natural. Se não conseguir, recomenda-se a adição de mel, frutas ou suas cascas, agave, açúcar mascavo ou demerara.

Pronto para beber
Será que os chás de latinha são uma boa?

Se o objetivo é tirar vantagem das propriedades das ervas, tudo indica que não. “Em geral, chás encontrados em garrafas e latas passam por um processamento industrial e recebem aditivos e conservantes”, explica Brunna Boaventura, da UFSC. No meio do caminho, ocorre a oxidação de fitoquímicos, as substâncias bem-vindas. Com isso, a bebida perde a melhor parte de seus atrativos à saúde.

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