Um levantamento encomendado pelos Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil evidenciou que 22% da comida que vai para o lixo em nosso país é representada por arroz, enquanto o feijão chega a 16% do montante.
“Esses dados só confirmaram o que outras pesquisas menores já haviam apontado”, diz Gustavo Porpino, especialista em comportamento do consumidor e analista da Embrapa, entidade que liderou o projeto com apoio da Fundação Getúlio Vargas.
Após ouvir 1 764 pessoas de todo o território brasileiro, o que surpreendeu mesmo foi a alta taxa de perda de carne (20%) e frango (15%). “São alimentos caros”, justifica Porpino. “Esse padrão de desperdício é observado em todas as classes sociais e regiões do país”, comenta.
Acabar com a cultura da fartura e planejar compras e refeições estão entre as medidas cruciais para reverter a situação. “Além de aprender a usar as sobras para novos pratos”, indica o expert.
Feios, porém nutritivos
Algumas iniciativas para barrar o desperdício vêm chamando a atenção no Brasil. Uma delas é o Fruta Imperfeita. Disponibilizado por enquanto só em determinadas regiões da capital paulista, o serviço faz uma ponte entre pequenos produtores e o consumidor.
Detalhe: as frutas e os legumes que chegam à casa das pessoas em cestas seriam rejeitados em supermercados porque estão fora do padrão estético comum. “O alimento às vezes é meio torto ou tem um tamanho diferente do esperado”, exemplifica Hugo Nomoto, integrante do movimento.
Do ponto de vista de sabor e nutrientes, porém, eles são perfeitos. De acordo com Nomoto, mais de 500 toneladas de alimentos já foram salvas. A intenção é expandir o serviço para outras áreas. Para saber mais, vá até o site do projeto.