O uso do chá verde para fins medicinais é tão antigo que foi registrado pela primeira vez na China há quase 2 mil anos, ainda no século 3 depois de Cristo. Ele é considerado o chá “verdadeiro” ou “original”. Isso porque, no início dessa história, a palavra “chá” se referia apenas à bebida produzida com as folhas da planta Camellia sinensis.
De acordo com a forma de colher e o processo de fermentação das folhas, a Camellia sinensis dá origem a três principais tipos de chá: o verde, o preto e o oolong. Séculos depois, começamos a usar a palavra “chá” para denominar de maneira geral a mistura de ervas e água quente – mas se você encontrar um aficionado por chá por aí, ele pode explicar que seu “chá de camomila” é apenas uma “infusão”.
Hoje, parte da popularidade do consumo do chá verde se deve aos supostos benefícios à saúde que ele proporciona. Os chás “tradicionais”, além de conterem cafeína, são ricos em polifenóis. Essas substâncias desempenham várias funções no corpo, tendo um papel antioxidante, antiviral e anti-inflamatório.
Daí vem a ideia de que o chá verde traria benefícios como a prevenção de doenças cardíacas, o controle do colesterol LDL e diminuiria o risco de doenças crônicas. Ah, e ele ajudaria a emagrecer. Mas será que faz tudo isso mesmo?
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Quais os reais benefícios do chá verde?
Embora tomar chá verde seja benéfico para a digestão e acelere o metabolismo, muitas das conclusões “milagrosas” sobre ele vêm de estudos conduzidos com animais.
No caso da prevenção de doenças cardiovasculares, por exemplo, os polifenóis de fato estão associados a um menor risco de doenças cardíacas, porque ajudam a manter a saúde dos vasos sanguíneos.
Como, entre os chás tradicionais, o verde é aquele que têm maior quantidade de polifenóis, surgiu a hipótese de que seu consumo poderia ajudar a driblar problemas cardiovasculares como hipertensão.
Só que a grande maioria dos estudos sobre chá verde conduzidos em humanos são do tipo observacional. Nessas pesquisas, o ambiente não é controlado: pessoas que bebem chá são acompanhadas e depois, os cientistas avaliam os desfechos na saúde da pessoa e tentam relacionar com o consumo do chá.
O problema é que podem haver falhas humanas nos registros, variações no tipo de chá consumido e infinitas interações com o restante do estilo de vida daquelas pessoas. Assim, ainda não dá para cravar associações certeiras entre o chá verde e o afastamento de doenças.
A mesma coisa acontece com as pesquisas sobre a relação entre chá verde e prevenção do câncer: os resultados de estudos em humanos são limitados e ainda inconsistentes.
Resumindo essa história, já existem boas indicações de que o chá verde possa trazer benefícios à saúde no dia a dia, mas as evidências científicas sólidas ainda são muito escassas para afirmarmos com certeza o efeito do chá no longo prazo.
Vale tomar chá verde para emagrecer?
Outra promessa do chá verde está relacionada à perda de peso. Uma pesquisa norte-americana mostrou como o chá verde ajuda a aumentar a porcentagem de queima de gordura corporal.
No entanto, não existe milagre: o chá verde até pode dar uma mãozinha, mas não vai trazer grandes resultados por si só. Se associado a uma dieta saudável e balanceada e a uma rotina de exercícios físicos, ele pode ajudar, principalmente por ser uma bebida bem pouco calórica, que dá um saborzinho sem agregar calorias.
Mas, nessa onda de acha que o chá verde chapa a barriga, surgiram suplementos em cápsulas contendo seu extrato, que supostamente queimariam vários quilos.
Esse tipo de suplemento é, inclusive, proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e traz vários riscos para o fígado.
Vale lembrar que outros diversos alimentos, como frutas, verduras e especiarias também são termogênicos – ou seja, também aceleram o metabolismo. E cabe destacar que esse efeito, na prática, é pequeno. O que importa mesmo é consumir menos calorias do que você gasta.
No mais, beber chá extremamente quente também pode aumentar o risco de câncer no sistema digestivo. Além disso, quem sofre com insônia, úlcera, gastrite ou doença no fígado deve ser cauteloso com o consumo de chá verde. Grávidas também precisam evitar o chá.