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Quais brasileiros poderiam ter levado o Prêmio Nobel de Medicina?

O Brasil já foi indicado cinco vezes. SAÚDE selecionou médicos e cientistas que poderiam ter levado o mais importante prêmio da medicina

Por André Bernardo
Atualizado em 21 out 2021, 12h02 - Publicado em 5 out 2018, 09h14

Ao menos 16 brasileiros já poderiam ter recebido o Prêmio Nobel de Medicina. Duvida? SAÚDE traz uma história resumida de cada um – alguns, inclusive, estão vivos. Confira:

Carlos Chagas (1879-1934)

Não satisfeito de ser o primeiro brasileiro a disputar o Nobel de Medicina, foi o único a ser indicado duas vezes, em 1913 e 1921. Foi o único cientista a identificar todo o ciclo (parasita, vetor, hospedeiros, sintomas e a epidemiologia) de duas das mais graves doenças tropicais: a malária e a doença de Chagas.

Em 1909, identificou o protozoário causador do mal que levou seu nome – que ele batizou como Trypanosoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. E também o inseto que transmite a doença, o barbeiro.

Vital Brazil (1865-1950)

Fundador dos institutos Butantan (em 1901, em São Paulo) e Vital Brazil (em 1919, em Niterói), é reconhecido mundialmente por ter criado soros específicos contra venenos de animais peçonhentos, como cobras, aranhas e escorpiões. As duas instituições que ajudou a fundar se tornaram referência tanto na formação de pesquisadores quanto na produção de soros e medicamentos.

No começo do século 20, combateu epidemias de cólera, varíola e peste bubônica. Apesar de ter contraído febre amarela duas vezes, morreu de alta concentração de ureia no sangue, causada por motivo desconhecido.

Antônio Cardoso Fontes (1879-1943)

Graças ao seu trabalho sobre o bacilo da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis), concorreu ao Nobel de Medicina em 1934. Depois de participar de congressos no Brasil e no exterior, foi nomeado diretor do Instituto Oswaldo Cruz, no lugar de Carlos Chagas, que acabara de falecer.

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Por coincidência, Oswaldo Cruz foi seu orientador no doutorado, com o tema “Vacinação e Soroterapia Antipestosas”. Como se fosse pouco, fundou a Sociedade Brasileira de Tuberculose, que depois virou a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Adolfo Lutz (1855-1940)

Terceiro brasileiro indicado ao Nobel de Medicina – em 1938, por seu estudo sobre doenças tropicais, como cólera, malária e tuberculose –, é considerado o pai da medicina tropical no Brasil.

Foi o primeiro latino-americano a estudar os mecanismos de transmissão da febre amarela pelo Aedes aegypti. Para comprovar sua tese, serviu ele mesmo de cobaia para o experimento (junto com outros dois médicos, entre os quais Emilio Ribas). É responsável pela identificação dos principais agentes transmissores da malária.

Osvaldo Cruz (1872-1917)

Sanitarista, revolucionou a saúde pública no Brasil. Ingressou na faculdade de medicina aos 15 anos. O interesse era tanto que, ainda garoto, improvisou um laboratório no porão de casa.

Coordenou as campanhas de erradicação da febre amarela, peste bubônica e varíola. Entre outras medidas, organizou batalhões de mata-mosquitos para percorrer as casas à procura de focos dos insetos transmissores e convenceu o então presidente do Brasil, Rodrigues Alves, a decretar a vacinação obrigatória contra a varíola. A campanha enfrentou resistência popular e ficou conhecida como a Revolta da Vacina.

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Manoel de Abreu (1891-1962)

Radiologista, inventou a abreugrafia, exame que permite o diagnóstico precoce da tuberculose. Por ser rápido e barato, possibilitou uma redução considerável no número de casos fatais da doença.

Abreu foi o quarto e último brasileiro indicado ao Nobel de Medicina, em 1946. O dia 4 de janeiro é considerado o Dia Nacional da Abreugrafia.

Nise da Silveira (1905-1999)

É a mulher que humanizou o tratamento psiquiátrico no Brasil. Assim que pode ser descrita, em uma frase, a psiquiatra que trocou correspondência com o suíço Carl Gustav Jung e teve sua vida contada no cinema, em 2016. Em 1944, começou a trabalhar no Hospital Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro.

Sua primeira atitude foi banir tratamentos desumanos, como camisa de força e choque elétrico. E estimular pacientes esquizofrênicos a se expressar através da arte e psicóticos, a conviver mais com cães e gatos.

Maurício Rocha e Silva (1910-1983) e Sérgio Henrique Ferreira (1934-2016)

Em 1949, Rocha e Silva descobriu que o veneno da cobra jararaca age sobre as proteínas do sangue e libera uma substância vasodilatadora chamada bradicinina. A partir de suas descobertas, Ferreira, seu doutorando em farmacologia, projetou o que seria o principal remédio para pressão alta no planeta, o captopril.

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Na Inglaterra, Ferreira fez pós-doutorado sob a orientação do britânico John Vane. Juntos, os dois pesquisaram o mecanismo de ação de anti-inflamatórios, mas, em 1982, só Vane levou o Nobel. Na hora da premiação, agradeceu a colaboração do amigo.

Euryclides Zerbini (1912-1993)

Há 50 anos, no dia 26 de maio, entrou para a história ao realizar o primeiro transplante de coração da América Latina e o quinto do mundo. Por ter sido operado sem a droga que evita a rejeição do órgão transplantado, o paciente, um lavrador conhecido como João Boiadeiro, viveu apenas 28 dias.

Zerbini fundou o Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca, rebatizado, em 1975, de Instituto do Coração (o InCor, de São Paulo). Estima-se que, ao longo da carreira, tenha realizado, sozinho ou com sua equipe, mais de 40 mil cirurgias. E pensar que, no tempo da faculdade, quase caiu para trás ao assistir a uma operação.

Ivo Pitanguy (1926-2016)

Embora tenha ficado mundialmente conhecido por atender estrelas internacionais como Sônia Braga e Sophia Loren, destacou-se como especialista em cirurgias reparadoras, principalmente em casos de deformidades congênitas e de ferimentos por queimaduras.

Um de seus casos famosos foi o de Niki Lauda. Em 1976, durante o GP da Alemanha, o piloto austríaco sofreu um grave acidente que deixou seu rosto desfigurado.

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Entre outras unidades, Pitanguy trabalhou no Hospital Souza Aguiar e na Santa Casa da Misericórdia, no Rio de Janeiro, onde atendia a população de baixa renda.

Ruth Nussenzweig (1928-2018)

Nasceu na Áustria, mas chegou ao Brasil com 11 anos. Durante a ditadura militar, ela e o marido, Victor, se mudaram para Nova Iorque (EUA). Lá, demonstrou, em artigo publicado na revista Nature de 1967, que o nosso corpo cria imunidade contra o protozoário causador da malária. Abriu, portanto, as portas para uma vacina contra essa doença.

Em 2013, tornou-se a primeira brasileira eleita membro da Academia de Ciências dos Estados Unidos. Morreu em 1º de abril, aos 89 anos, vítima de uma embolia pulmonar.

José Eduardo Sousa (1934)

Precursor da cardiologia intervencionista, foi o primeiro médico a realizar, em 1966, um cateterismo no Brasil. Com um cateter introduzido pela perna ou no braço do paciente, era possível chegar ao coração e ver o grau de obstrução das artérias coronárias.

Em 2001, desenvolveu a técnica do stent farmacológico, dispositivo que, além de desobstruir artérias entupidas, libera um fármaco no organismo do paciente que sofre de doença coronariana. A técnica já foi usada, entre outros, em Bill Clinton, ex-presidente americano.

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Ivan Izquierdo (1937)

Argentino naturalizado brasileiro, mora em Porto Alegre (RS) há 45 anos. Ao longo de 60 anos de carreira, colecionou mais de 22,7 mil citações em periódicos, 60 premiações e 710 artigos científicos publicados. À frente do Centro de Memória do Instituto do Cérebro da PUC-RS, foi pioneiro no estudo da neurobiologia da memória e do aprendizado.

Costuma dizer que o esquecimento é importante para adquirir novas memórias. E que o melhor exercício para estimular o cérebro é a leitura.

Cesar Victora (1952)

É a maior autoridade do mundo quando o tema é o impacto do aleitamento materno exclusivo sobre a mortalidade infantil e os efeitos da nutrição nos primeiros anos de vida.

O epidemiologista ganhou, em 2017, o Gairdner, o mais importante prêmio científico do Canadá, na categoria Saúde Global. Até hoje, entre os vencedores do prêmio Gairdner, 84 receberam, depois, o Nobel de Medicina ou de Fisiologia. Seus estudos ajudaram a definir políticas e campanhas relacionadas à amamentação e nutrição infantil.

Celina Turchi (1952)

Reconhecida internacionalmente pela pesquisa que ligou o vírus da zika à microcefalia, foi incluída pela revista Nature na lista dos dez cientistas mais importantes de 2016 e eleita pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes de 2017.

Tudo começou em 2015, quando a pesquisadora da Fiocruz de Pernambuco chefiou uma força-tarefa e, em apenas três meses, conseguiu estabelecer a associação que norteou o trabalho de prevenção no mundo todo.

Miguel Nicolelis (1961)

O primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da revista Science coordena uma equipe de neurocientistas na Universidade Duke, nos Estados Unidos, que investiga como integrar o cérebro humano às máquinas.

Entre outras proezas, já conseguiu fazer um macaco controlar um braço mecânico com a força do pensamento. No futuro, essa técnica pode devolver os movimentos para pacientes paralíticos. Em 2010, foi premiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês).

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