Preocupação excessiva e tensão intensa costumam marcar a ansiedade. “A pessoa nunca está no presente”, resume Ana Paula Carvalho, coordenadora da Liga de Depressão do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
Mas a verdade é que a ansiedade pode se manifestar de outras maneiras, que às vezes demoram a ser percebidas. Abaixo, listamos sinais menos conhecidos do quadro.
Procrastinação
Muitos indivíduos com ansiedade são perfeccionistas. Se uma tarefa não sai como esperado, eles se frustram ou ficam irritados. “Essas pessoas têm uma necessidade de mostrar o melhor delas, de se autoafirmarem”, pontua a psicóloga Marilene Kehdi, especialista em atendimento clínico e pós-graduada em psicossomática e psicopatologia.
Justamente por desejarem controlar todo o processo e por não aceitarem qualquer erro, elas acabam evitando ou procrastinando certas atividades. “Se o ansioso não vai fazer algo perfeito, ele nem começa”, reforça Ana Paula. O problema é que adiar as tarefas diárias gera ainda mais ansiedade.
Uma opção eficiente para quebrar esse círculo vicioso é registrar as tarefas diárias em uma agenda. Tente, de maneira saudável, incorporar uma rotina organizada e mais tolerante com eventuais falhas.
Baixa autoestima
A cobrança exagerada sobre si mesmo é constante diante da ansiedade. Há inclusive uma dificuldade em acreditar nos elogios recebidos. Essa autossabotagem chega a ser confundida com a síndrome do impostor, caracterizada pela crença de que a maioria de suas realizações diárias não é boa o suficiente.
A recomendação é valorizar as próprias conquistas e trabalhar o perfeccionismo exagerado, com ajuda da psicoterapia.
Pessimismo
Pensamentos negativos tendem a tomar conta de pessoas com ansiedade. Um exemplo relacionado ao trabalho: quando demoram para receber uma resposta sobre determinada tarefa que realizaram, indivíduos mais ansiosos já começam a imaginar que o seu superior não gostou do resultado.
Uma saída para amenizar essa sensação é racionalizar situações como a descrita acima, contemplando outros cenários possíveis e menos pessimistas. Muitas vezes, o chefe só não teve tempo de responder por causa de outras demandas.
Falta de concentração
Preocupações excessivas e pessimistas sobre o futuro tiram a atenção do presente. Isso, além de gerar estresse, dificulta a assimilação de informações novas.
O apoio de profissionais ajuda a contornar a situação. Registrar os compromissos diários em uma agenda é outra boa estratégia, porque organiza o dia e permite ao indivíduo fazer uma atividade de cada vez. “Também realize práticas que reduzem o estresse”, diz Kehdi.
Sintomas físicos da ansiedade
● Falta de ar (respiração curta)
● Sudorese
● Tremor nas mãos e lábios
● Taquicardia
● Distúrbios do sono
● Dor e queimação no estômago
Qual o melhor tratamento?
Embora a linha de tratamento dependa do tipo de ansiedade, a psicoterapia é comumente recomendada. As sessões podem perdurar por meses ou anos.
Em paralelo, o paciente pode receber remédios para amenizar as crises de ansiedade e torná-las menos frequentes. Só um médico consegue definir quando é necessário investir nos medicamentos, e em que momento abandoná-los. Nunca inicie ou suspenda esse tipo de tratamento por conta própria.
E repensar o estilo de vida é importante. Exercícios físicos, boas noites de sono, alimentação equilibrada e valorização de práticas relaxantes são medidas valiosas.
*Esse conteúdo foi publicado originalmente na Agência Einstein.