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Dislexia ou TDAH: entenda as semelhanças e diferenças entre os transtornos

As duas condições se manifestam com baixo desempenho escolar, fator que gera confusão no diagnóstico. Mas há diferenças marcantes nos sintomas

Por Lucas Rocha Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 8 mar 2024, 10h05 - Publicado em 6 mar 2024, 18h19
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Dislexia e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são considerados as causas mais comuns de baixo desempenho escolar (Foto: Drazen Zigic/Freepik)
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Transtornos do neurodesenvolvimento podem impactar a formação da criança e comprometer o aprendizado. O problema é potencializado especialmente quando ocorrem diagnósticos incorretos.

A dislexia e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), por exemplo, são consideradas as causas mais comuns de baixo desempenho escolar – e muitas vezes são confundidas na hora do diagnóstico.

“No início do acompanhamento, é comum que os sintomas se confundam, até por serem dois transtornos do neurodesenvolvimento. E também porque, às vezes, a criança ou adolescente apresenta os dois”, pontua o médico psiquiatra João Pedro Wanderley, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

+ Leia também: TDAH: o que é, como diagnosticar, e quais são os tratamentos

Mas, claro, há diferenças marcantes. A começar pelo fato de que a dislexia é mais específica de linguagem, enquanto o TDAH compromete diretamente diferentes campos da vida.

“Embora essas condições possam coexistir, é fundamental uma avaliação precisa por parte de profissionais qualificados para determinar os diagnósticos corretos e implementar planos de intervenção personalizados”, acrescenta a fonoaudióloga Juliana Amorina, diretora-presidente do Instituto ABCD.

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Características da dislexia

Reconhecida como um transtorno específico de aprendizagem, a dislexia se manifesta principalmente na queda do desempenho escolar. “É importante notar que tais dificuldades não são atribuíveis a outras condições neurológicas, sensoriais ou motoras”, pontua Juliana.

Indivíduos diagnosticados com dislexia demonstram uma configuração cerebral distinta no que diz respeito aos processamentos linguísticos ligados à leitura.

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“É uma dificuldade em associar as letras com os sons que elas representam e de organizar esses elementos em uma sequência temporal coerente”, explica a fonoaudióloga.

De acordo com a Associação Internacional de Dislexia (IDA, em inglês), a dislexia afeta 10% da população mundial. A associação calcula que haja mais de 700 milhões de pessoas disléxicas no mundo – 8 milhões só no Brasil.

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Dislexia pode levar a uma associação de sons com letras, o que afeta a habilidade de ler e escrever (Foto: Claudio Vieira/PMSJC/Divulgação)

Sintomas da dislexia

Eles variam, mas há pontos frequentes. “A leitura oral é geralmente lenta e imprecisa, com falta de fluência, ritmo inadequado e entonação aquém do esperado para a idade e escolaridade. Isso resulta em prejuízo na compreensão de textos e vocabulário limitado”, detalha Juliana

Já na escrita, a criança com dislexia apresenta erros frequentes de soletração e ortografia. Há também substituições e inversões de letras e sílabas.

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“Além disso, surgem problemas de pronúncia e dificuldade em nomear letras, números e cores. Atividades que envolvem rima também são desafiadoras”, frisa a fonoaudióloga.

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Manifestações do TDAH

Diferentemente da dislexia, as características do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade geralmente afetam o indivíduo de maneira mais ampla.

“Ele apresenta um atraso geral por causa da desatenção, da inquietação e da impulsividade”, afirma o psiquiatra Ênio Roberto de Andrade, diretor do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O campo da desatenção inclui cometer erros por descuido, ser facilmente distraído e mostrar esquecimento em atividades diárias. No âmbito da hiperatividade, nota-se inquietação, falar excessivamente, fazer ações sem pensar e não conseguir realizar atividades tranquilas.

Wanderley segue com os exemplos: “É uma criança muito inquieta, que esquece objetos pela casa, não fica sentada na cadeira, interrompe sempre o professor, não deixa o colega terminar de falar”.

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Segundo ele, se manifestações como essas forem frequentes e intensas (em casa ou na escola), vale consultar um profissional.

Tratamentos distintos

Não medicamentos usados para a dislexia em si. Nesse caso, são implementadas adaptações pedagógicas aliadas ao atendimento especializado de profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e professores de educação especial. O processo de intervenção varia de acordo com a dificuldade e as necessidades do indivíduo.

“Como o maior desafio da dislexia é aprender a ler, o trabalho deve se basear em métodos de alfabetização considerados eficientes para alunos com dificuldades de leitura”, diz Juliana.

A dislexia não tem cura. Crianças que apresentam níveis mais baixos de leitura geralmente continuam a experienciar dificuldades ao longo da vida, principalmente se não receberem uma intervenção precoce e de alta qualidade.

“Quando se trata de criança ou adolescente, é importante que a escola também receba um relatório contemplando estratégias de ensino e outras recomendações para atender às necessidades do aluno”, orienta a fonoaudióloga.

O tratamento do TDAH também envolve uma equipe multidisciplinar, de preferência com a participação de psicólogos, psiquiatras e educadores. Diferentemente da dislexia, estão disponíveis remédios para o transtorno.

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“Geralmente, os estimulantes que temos no Brasil são dois: metilfenidato e a lisdexanfetamina. Acabaram de lançar um novo remédio, que é um antidepressivo com ação para tratar esse quadro, a atomoxetina. Ele deve ser escolhido caso haja algum fator que impeça o uso de estimulantes ou se o tratamento com eles não tiver sido bem sucedido”, afirma Andrade.

A terapia medicamentosa do TDAH é de longo prazo, mas não para a vida toda, uma vez que os pacientes podem desenvolver estratégias para o controle efetivo dos sintomas.

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