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4 em cada 10 médicos sofrem com algum transtorno mental

Pesquisa mostra ainda que um em cada cinco membros da classe médica mudaria de profissão se pudesse voltar no tempo

Por Larissa Beani
4 set 2024, 11h32
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Ansiedade, depressão e esgotamento são os transtornos mentais mais comuns entre os médicos brasileiros (Freepik/Reprodução)
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Cerca de 4 em cada dez médicos convivem com algum problema de saúde mental — seja ansiedade, depressão ou burnout. O dado é fruto da pesquisa “Qualidade de Vida do Médico”, lançada pela Afya na última semana.

Líder em educação médica na América Latina, a empresa ouviu 2.005 profissionais de medicina sobre seus maiores desafios ao equilibrar a elevada carga de trabalho com o próprio bem-estar.

“A proposta da pesquisa é manter um panorama vivo e dinâmico sobre a qualidade de vida dos médicos e, a partir disso, incentivar a comunidade a criar soluções que deem suporte e acolhimento a este público”, justifica Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa da Afya, em comunicado à imprensa.

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Foram ouvidos médicos e médicas de todas as regiões do Brasil e de todas as faixas etárias. As mulheres foram maioria, representando 56% dos respondentes. Metade dos participantes trabalham na região Sudeste, seguidos pelo Sul (20%), Nordeste (17%), Centro-Oeste (7%) e Norte (5,5%).

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A maior parte são profissionais jovens, de 26 a 35 anos (52%). Apenas 13% dos entrevistados tinham 56 anos ou mais.

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Estresse elevado nos consultórios

Praticamente metade dos médicos (49%) concordam que o principal fator que contribui para o estresse da profissão é a extensa carga horária. No Brasil, os médicos trabalham, em média, 50,9 horas semanais. Homens tendem a passar 54,3 horas em consultório, enquanto mulheres dedicam 48,1 horas ao ofício.

Outros pontos que geram estresse na classe médica é o descontentamento com o sistema de saúde e as condições de trabalho (43%), poucas recompensas profissionais (36%), dificuldades financeiras (26%) e problemas pessoais sem relação com a carreira (18%).

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Metade dos entrevistados dizem se sentir inseguros em relação ao futuro profissional e um em cada cinco afirma que mudaria de profissão se pudesse voltar no tempo. Por outro lado, três em cada cinco não se arrependem de terem escolhido fazer medicina. Os 29% restantes dizem que mudariam apenas de especialidade.

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Transtornos mais prevalente na classe médica

Segundo a pesquisa, as condições mentais que mais afetam os médicos e médicas brasileiros são a ansiedade, a depressão e o burnout.

Um terço dos participantes apresenta ansiedade, sendo que 27% acompanham e controlam a questão com especialista e 6,4% têm o diagnóstico, mas não tratam.

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Além disso, 22% receberam diagnóstico de depressão — 20% tratam o problema corretamente e 2% não acompanham.

Por fim, 6,7% têm síndrome de burnout — 4,7% contam com ajuda profissional e 2% dos diagnosticados não foram atrás de tratamento. Ainda, um quinto dos médicos dizem já ter passado por um quadro de burnout.

Entre os que estão esgotados e não se cuidam, os principais desafios são a falta de tempo para aderir ao tratamento (48%), falta de motivação (40%), medo do impacto na atuação profissional (17%), dificuldade de acesso a serviço de apoio (10%), descrença no serviço de saúde mental (10%) e estigma (5%).

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“Precisamos quebrar tabus das doenças mentais e humanizar a figura do médico como um ser humano que também enfrenta adversidades e indecisões ao longo da jornada”, defende Moura. 

Os médicos com burnout diagnosticado trabalham, em média, 57,2 horas por semana e 80% se sentem inseguros em relação ao mercado de trabalho. Além disso, 94% afirmam que o estresse atrapalha suas relações foram do trabalho, 82% concordam que a situação prejudica a própria prática profissional e 48% afirmam que já cometeram erros médicos por causa do esgotamento.

As mulheres são as que mais sofrem com tudo isso. A prevalência de ansiedade, depresão e burnout no sexo feminino (40%, 25%, e 8%, respectivamente) é maior do que a observada entre os homens (de 25%, 18% e 5%).

Tratamento e autocuidado

Por conta de transtornos mentais, 7% dos profissionais foram afastados do trabalho nos últimos 12 meses — e 0,8% chegaram a ser internados.

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As médicas foram as que mais sofreram afastamento (8,5%, contra 4,7% dos homens), mas os médicos ficam longe do trabalho por mais tempo (5,4 semanas para eles se recuperarem, contra 4,8 semanas para elas).

De acordo com a pesquisa, 58% dos respondentes não usam drogas psicoativas. Já entre aqueles que usam, as mais comuns são antidepressivos (33,5%), benzodiazepínicos (12,3%), smart drugs (10,9%), anfetaminas e psicoestimulantes (1,8%), opioides (0,7%) e barbitúricos (0,2%).

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Cerca de dois terços fazem o uso sob prescrição médica, enquanto o restante se automedica.

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Entre outras substâncias frequentemente consumidas pela classe médica estão o álcool (48%), tabaco (7,8%), maconha (7%), cigarro eletrônico (6,8%), inalantes (1,3%) e psicoestimulantes (0,7%).

E, quando o assunto é autocuidado, 56% têm por rotina o consumo de alimentos frescos, 42% praticam atividade física regularmente e 37% dizem atingir suas expectativas em relação ao desenvolvimento profissional. Um a cada 10 médicos também participa de ações de voluntariado.

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