O cabelo é a moldura do rosto, já diria o ditado. Mas, de uns anos para cá, cresceu o interesse não apenas pela saúde dos fios, mas também do couro cabeludo. Com esse crescimento de demanda, aumentou a dúvida sobre os tricologistas, profissionais que cuidam da saúde dessa parte do corpo.
“A procura por cuidados nesse sentido aumentou de uns dez anos pra cá. Antes, muita gente achava que o tratamento do cabelo ficava apenas nas mãos dos profissionais do salão, não que era algo médico”, afirma a médica dermatologista Juliana Annunciato, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Oficialmente, a tricologia nasceu como algo médico, mas não é uma especialidade oficial, e sim uma subespecialidade da dermatologia.
Portanto, profissionais com outras formações podem, em teoria, ser tricologistas, mas isso não significa que eles estão aptos a tratar problemas do couro cabeludo.
Entenda mais sobre a polêmica a seguir.
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Tricoses e o surgimento do termo tricologia
Tricologia vem de tricoses, que são doenças que atingem o couro cabeludo e a fibra capilar.
“O couro também é pele. Ele tem dermatites, doenças inflamatórias, dentre outras condições. O bulbo, que é a parte viva do fio, está no couro cabeludo, então é preciso que ele esteja saudável para que o fio fique bonito”, explica Annunciato, que também é especialista em cuidados com os cabelos.
“Dentre todos os médicos especialistas, quem tem competência para cuidar dessa região é o dermatologista”, completa a dermato Fabiane Brenner, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
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A popularização dos tricologistas
A alta demanda explica por que há tantos tricologistas não médicos. Um fator que contribuiu muito para o crescimento desse cuidado, por exemplo, foi a Covid-19. Uma sequela comum da infecção é a queda de cabelo ocasionada pelo eflúvio telógeno, que é uma perda difusa dos fios.
E não é só o coronavírus. Diversos fatores desencadeiam essa reação, como infecções virais, cirurgias, parto e até perda de peso significativa.
Como cuidar de cabelo não era algo popularmente ligado à medicina, foram surgindo cursos técnicos, pós-graduações e até formações de fim de semana sobre tricologia.
Devido essa popularização, é preciso ter bastante atenção ao buscar um tricologista:
“Muitas vezes o paciente chega no consultório dizendo que tratou algum problema capilar com um tricologista achando que ele era médico, mas não era”, conta Fabiane.
“É preciso ficar claro para a população que, o ideal é que se procure um dermatologista para questões no couro cabeludo, não um tricologista, por que esse título por si só não explica muita coisa”, completa.
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Quando procurar um tricologista médico e um não médico?
Dividindo as funções e tarefas, quem ganha são os pacientes. O médico é o especialista em saúde dos fios e do couro cabeludo, mas muitas vezes não vai ser ele que irá realizar um tratamento de hidratação capilar ou outras demandas relacionadas a aparência do fio.
“A doença, diagnóstico e prescrição de medicamentos ou intervenção são responsabilidades do tricologista médico, de preferência um dermatologista. Mas o tricologista não médico pode realizar cuidados tópicos e outros tratamentos capilares”, explica Annunciato.
Ou seja, casos como queda de cabelo, fios quebradiços, caspa e outros merecem atenção médica. Já questões pontuais relacionadas à estética poderiam ser resolvidas com outros especialistas. Se eles trabalharem em conjunto, melhor ainda.
“Aqui na clínica temos eu, dermatologista responsável, e a minha terapeuta capilar, que é tricologista não médica e se encarrega de realizar os tratamentos nos fios das pacientes”, completa a especialista, dona do ID Spa, clínica especializada em cabelos que fica em São Paulo.
Com ciência em sem falsos milagres (como soroterapia ou gominha para o cabelo), todo cuidado é bem-vindo.