Nova vacina contra dengue é aprovada no Brasil. E tem outra chegando
O imunizante tem indicação mais ampla do que o disponível atualmente, o que pode facilitar sua chegada ao SUS. E outra fórmula, nacional, avança nos testes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina contra dengue QDenga, criada pela farmacêutica Takeda.
O produto protege contra os quatro sorotipos do vírus e pode ser aplicado em pessoas que nunca tiveram a doença.
“Ele demonstrou uma eficácia que chegou a 90% na redução de hospitalizações e óbitos”, comenta o infectologista Alexandre Naime, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
A Anvisa estava analisando o pedido de registro feito pela empresa japonesa há mais de um ano.
A vacina disponível hoje, da Sanofi, exige três doses e só pode ser tomada por quem teve a infecção no passado, tanto que não foi incorporada ao SUS.
A nova fórmula pode resolver esse impasse.
À espera de mais um imunizante
O Instituto Butantan anunciou resultados do estudo de fase 3 (o último antes da aprovação) da sua vacina contra a dengue.
Mais de 15 mil voluntários participam da pesquisa. “Nos dados preliminares, que incluem dois anos de acompanhamento, a eficácia geral foi de 79,6%, tanto em quem já teve dengue quanto nos que nunca foram infectados”, conta Fernanda Boulos, diretora médica do Butantan.
Falta verificar se ela poderá ser utilizada mesmo em quem não teve dengue. Ainda não é possível saber isso porque os sorotipos 3 e 4 do vírus não circularam no Brasil no período avaliado, então não se sabe a eficácia e a segurança em relação a eles.
O estudo será concluído em julho de 2024, segundo o protocolo.
Devido à inovação e aos resultados alcançados até agora, o projeto do Butantan, liderado pela bióloga Neuza Frazatti, acaba de vencer a 21ª edição do Prêmio Péter Murányi, uma das principais iniciativas de reconhecimento e fomento à ciência no Brasil.
A promessa
Como funciona o imunizante nacional, do Instituto Butantan:
Os sorotipos: A fórmula contém todos os sorotipos do vírus da dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
A tecnologia: Por meio de substâncias químicas, o vírus é atenuado para não ser capaz de causar a doença.
Efeito: O corpo aprende a produzir anticorpos para quando houver contato com o patógeno real.