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Entrevista: os motivos que fazem as pessoas não se vacinarem

Para especialista, mensagens simples são a melhor estratégia para que o povo se preocupe mais com a carteirinha de vacinação

Por André Biernath
Atualizado em 23 jul 2018, 13h21 - Publicado em 23 jul 2018, 10h10
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  • A vacina é a estratégia primordial de qualquer programa de prevenção de saúde. Ao tomar as doses, ficamos protegidos contra diversos agentes infecciosos e ainda reduzimos o risco de complicações após a doença inicial. Apesar terem salvado milhões de vida ao longo de várias décadas, nos últimos anos elas foram alvo de duas injustiças: enquanto alguns se esqueceram de sua importância, outros passaram a acusar os imunizantes de provocarem efeitos colaterais gravíssimos.

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    Para debater essas questões, conversamos com o infectologista Michael Decker, professor de medicina preventiva da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Ele veio para o Brasil a convite do laboratório Sanofi Pasteur para participar do evento de lançamento de uma nova vacina contra a meningite. Confira a seguir a entrevista completa:

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    O Ministério da Saúde do Brasil divulgou recentemente um alerta mostrando que 312 cidades do país estão com menos de 50% da cobertura vacinal contra a poliomielite, quando o ideal era que estivessem acima de 95%. Existe uma situação parecida nos Estados Unidos ou em algum outro lugar?

    Veja bem, a cobertura varia muito de país para país. Pelo que tenho acompanhado de fora, as estatísticas estão realmente abaixo do recomendado no Brasil. Essa queda importante aumenta o risco de que ocorra no futuro próximo uma epidemia de poliomielite, doença que está controlada há uns bons anos.

    Com o mundo conectado que temos hoje, as pessoas viajam para todos os lugares com muita frequência, o que permite a circulação de vírus e outros agentes infecciosos com muita facilidade. O mesmo alerta vale para outras doenças, como o sarampo. As pessoas se esquecem que, num passado não tão distante, uma a cada quatro crianças que tinham essa enfermidade morriam. Esses números recentemente divulgados no Brasil devem ser encarados como um incentivo para tomar atitudes e mudar as coisas. 

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    Por que as pessoas estão deixando de se vacinar?

    Em primeiro lugar, precisamos entender os motivos que levam a sociedade como um todo a adotar essa postura. Será que o problema é a disponibilidade dessa vacina? Ou o povo simplesmente decidiu não tomar mais as doses recomendadas? É preciso entender qual o peso de cada fator para, a partir daí, iniciar as ações que revertam esse cenário.

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    E como podemos combater grupos anti-vacina ou as notícias falsas que circulam na internet?

    Esse é um fenômeno recente que devemos encarar com toda a seriedade. Trata-se de um comportamento bizarro, pois os movimentos contra a vacinação são mais fortes nas regiões ricas e bem instruídas dos Estados Unidos e de alguns países da Europa.

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    Ora, essas pessoas estudaram e tiveram a oportunidade de saber quanto as vacinas foram e são essenciais para se proteger das doenças. No Brasil, acredito que esse padrão se repita: enquanto em grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo esses grupos podem ter mais influência, nas regiões remotas da Amazônia talvez a dificuldade seja justamente o acesso aos programas de imunização mesmo.

    E como convencer novamente essas pessoas de que as vacinas são importantes não apenas para a saúde delas, mas para toda a comunidade?

    Sabemos que nessa área de imunização, nosso trabalho nunca vai terminar. Tem sempre uma nova criança prestes a nascer que vai precisar tomar as vacinas. Como professor, preciso reforçar com meus alunos a importância disso a todo momento.

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    Por outro lado, é natural que as pessoas tenham dúvidas em relação às vacinas. Quantas doses? Qual idade? Posso tomar todas uma única vez? É responsabilidade das autoridades em saúde passar essas informações de forma simples e clara. 

    Um conceito comum que encontramos aqui no Brasil é o de que as vacina se restringem às crianças. Como fazer adolescentes, adultos e idosos entenderem a importância de também se protegerem?

    O primeiro passo é justamente dizer isso. “Existem vacinas disponíveis para todas as idades”. Precisamos de campanhas que reforcem o recado por meio desta simples mensagem. Não é tão difícil assim comunicar esse conceito.

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    Agora, a parte dura é conseguir motivar indivíduos de todas as faixas etárias a tomarem as doses indicadas. O governo precisa tornar esse processo mais fácil e conveniente possível para todos os cidadãos.

    Tenho uma experiência com isso nos Estados Unidos para compartilhar. A vacina contra gripe ficou disponível para alguns grupos específicos por muitos anos, mas eles nunca iam aos postos de saúde a contento. Junto com as agências e os legisladores, decidimos disponibilizar esse imunizante nos mais variados lugares, como farmácias e supermercados.

    Hoje você só não toma esse imunizante no posto de gasolina! Basta mudar um documento para receber sua dose. Fica conveniente para todo mundo e aumenta as taxas de adesão.

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