Contraceptivo ligado a menor risco de trombose é aprovado no Brasil
Medicamento é o primeiro a utilizar um tipo diferente de hormônio, mais de 50 anos depois do surgimento das pílulas anticoncepcionais
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a comercialização do Nextela, um contraceptivo de uso oral à base de estretol e drospirenona, substâncias que simulam a ação de hormônios femininos no corpo.
Sua principal vantagem seria reduzir o risco de formação de coágulos no sangue, um evento adverso conhecido da categoria que pode resultar em casos de trombose.
“Nos estudos de fase 3, que antecedem a aprovação, não houve incidentes do tipo, e os exames de sangue indicaram menos efeitos na coagulação sanguínea”, diz o ginecologista César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).
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Pesquisas de longo prazo e o acompanhamento do uso na vida real devem confirmar essas vantagens, mas a novidade já anima. “Nas últimas décadas, reduzimos significativamente o risco de trombos associados aos contraceptivos, mas ele ainda existe”, comenta Fernandes.
A nova pílula deve estar disponível no Brasil em 2024, depois de passar pela análise da câmara que determina o preço dos medicamentos.
Como funciona o Nextela
Ele tem a mesma função dos estrogênios já usados em outras pílulas: barrar a ovulação. Em estudos, teve a mesma eficácia das fórmulas clássicas.
É considerado inovador por alguns motivos. Além do impacto menor na coagulação sanguínea, as pesquisas demonstraram menos alterações de peso e efeito neutro sobre as mamas.
O hormônio estretol original é um tipo de estrogênio produzido pelo fígado do feto humano durante a gestação. Essa é uma versão sintética desenvolvida em laboratório.