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Colesterol: as metas mudaram (de novo!)

Instituição diminui os valores considerados seguros do LDL. Atualização foi motivada pela chegada de remédios mais poderosos ao mercado

Por André Biernath
Atualizado em 14 fev 2020, 18h24 - Publicado em 9 ago 2017, 16h24
colesterol
Os índices de colesterol estão mais rígidos (Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)
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A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) acaba de publicar uma nova versão das “Diretrizes de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose”, documento que reúne as recomendações sobre colesterol e triglicérides. A grande mudança está no LDL, o colesterol ruim: os limites ficaram mais restritos em algumas situações. A alteração segue a tendência dos consensos realizados nos Estados Unidos e na Europa, locais que também apertaram bastante as rédeas dos valores considerados seguros.

Agora, indivíduos com risco cardíaco muito alto devem manter o LDL abaixo de 50 miligramas por decilitro (mg/dl) de sangue. Se encaixam nessa categoria aqueles que apresentam grandes placas de gordura na parede das artérias. O bloqueio de parte da circulação representa um perigo iminente de infarto ou de acidente vascular cerebral.

Já as pessoas com risco cardíaco alto precisam segurar o colesterol ruim em níveis menores do que 70 mg/dl. Aqui estão os portadores de uma placa de gordura em exames de imagem, de aneurisma da aorta abdominal, de doença renal crônica e de diabetes tipo 1 ou tipo 2 com algumas características específicas. Aliás, por curiosidade, também entram nesse grupo sujeitos com LDL acima dos 190 mg/dl.

Na turma do risco intermediário, calculado por meio de uma conta feita pelo médico que considera diversas características do paciente, o objetivo é ficar com menos de 100 mg/dl. Quando o risco é baixo, admite-se um colesterol de até 130 mg/dl.

Veja abaixo um resumo das metas — há novidades também no colesterol total, no HDL (o colesterol bom) e nos triglicérides:

LDL

Como ficou:

Indivíduos com risco baixo: abaixo de 130 mg/dl
Indivíduos com risco intermediário: abaixo de 100 mg/dl
Indivíduos com risco alto: abaixo de 70 mg/dl

Indivíduos com risco muito alto: abaixo de 50 mg/dl

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Como era:

Ótimo: abaixo de 100 mg/dl
Desejável: entre 100 e 129 mg/dl
Limítrofe: entre 130 e 159 mg/dl
Alto: entre 160 e 189 mg/dl
Muito alto: acima de 190 mg/dl

Indivíduos com risco alto: abaixo de 70 mg/dl
Indivíduos com risco intermediário: abaixo de 100 mg/dl

Colesterol total

Como ficou:

Desejável: abaixo de 190 mg/dl

Como era:

Desejável: abaixo de 200 mg/dl
Limítrofe: entre 200 e 239 mg/dl
Alto: maior que 240 mg/dl

HDL

Como ficou:

Desejável: acima de 40 mg/dl

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Como era:

Desejável: acima de 60 mg/dl
Baixo: abaixo de 40 mg/dl

Triglicérides

Como ficou:

Desejável: abaixo de 150 mg/dl (com exame em jejum)

Como era:

Desejável: abaixo de 150 mg/dl
Limítrofe: entre 150 e 200 mg/dl
Alto: entre 200 e 499 mg/dl
Muito alto: acima de 500 mg/dl

Boas-novas na farmácia

O aperto nas metas foi possível graças à estreia em terras brasileiras de uma nova classe de remédios que permite baixar o LDL a valores nunca antes imaginados. Chamados de inibidores de PCSK9, esses fármacos protegem receptores no fígado que são responsáveis por retirar o colesterol da circulação. Com um maior número disponível dessas estruturas, o próprio organismo faz uma limpeza no sangue para capturar as moléculas de gordura excedentes e, assim, evitar a formação de trombos que patrocinam futuros ataques cardíacos ou derrames.

No Brasil, dois medicamentos desse tipo já estão disponíveis: o evolocumabe, da farmacêutica americana Amgen, e o alirocumabe, do laboratório francês Sanofi. Os dois são aplicados por meio de uma injeção quinzenal ou mensal, a depender da dose e da orientação do médico.

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Nos estudos que serviram de base para a aprovação, essas drogas foram capazes de derrubar o LDL em mais de 60% quando comparados a soluções placebo, sem nenhum efeito terapêutico evidente. O evolocumabe ainda reduziu as mortes por problemas cardiovasculares em 15%. A pesquisa para saber os efeitos do alirocumabe em longo prazo ainda está em andamento. Os resultados devem sair em 2018.

É o fim das estatinas?

Apesar de representarem um baita avanço na cardiologia, os inibidores de PCSK9 não estão indicados para todo mundo — até porque o preço, na casa de mil reais a dose, não é lá muito convidativo. Segundo a nova diretriz brasileira, eles devem ser utilizados somente quando o paciente apresenta um risco cardiovascular elevado ou não obteve um bom resultado com as estatinas, comprimidos que seguem como a primeira linha de tratamento para a maioria dos casos. Esses novos remédios ainda devem ajudar bastante os portadores de hipercolesterolemia familiar, quando o colesterol aos borbotões está relacionado a uma herança genética.

Além de pílulas e injeções, o documento da SBC reforça o papel de outras estratégias no ajuste do colesterol, como a alimentação equilibrada, o emagrecimento, a cessação do tabagismo e a prática de atividade física. Sem essas mudanças no estilo de vida, remédio nenhum fará milagre.

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