6 mitos e verdades sobre a saúde bucal das gestantes
Ir ao dentista na gestação é importante para a saúde da mulher e a do bebê. Descubra por que você deve dar mais atenção à higiene da boca nesse período
Desde a descoberta da gravidez, a futura mamãe precisa tomar cuidados especiais e fazer um bom pré-natal. E, além dos exames tradicionais e do acompanhamento médico, as gestantes devem incluir nessa lista visitas periódicas ao dentista.
“O estado de saúde bucal da mãe afeta diretamente o bebê. Certos problemas podem levar a um parto prematuro, por exemplo”, alerta o ortodontista José Lúcio Souza, sócio-diretor da OESP PRIME, uma rede de clínicas odontológicas originária da Associação Odontológica de Ensino de São Paulo.
Souza recomenda que, em geral, as grávidas compareçam ao consultório uma vez a cada três meses. “O primeiro trimestre costuma ser o mais crítico. É aqui que se faz a orientação sobre aleitamento, higiene oral e hábitos alimentares saudáveis”, completa.
E você não precisa ser atendida por um dentista específico. “O ideal é passar com qualquer profissional inicialmente. Em último caso, é possível indicar um especialista”, aconselha Souza.
Mas, afinal, como problemas nos dentes das mães influenciam os bebês? A gravidez torna as mulheres mais propensas a terem complicações bucais? Com a ajuda de José Luiz Souza, SAÚDE desvenda mitos e verdades sobre o tema:
1) Os dentes da grávida ficam mais fracos porque ela divide o cálcio do organismo com o bebê – MITO
“Isso é uma grande fantasia popular”, desmente Souza. Não são nove meses que vão descalcificar a dentição da mulher.
Agora, a gestante deve manter uma dieta balanceada, com quantidades adequadas de cálcio para ela e a criança. Para isso, necessita de alimentos como leite, queijo, tofu, espinafre, iogurte, couve e grão de bico – um nutricionista pode ajudar nesse sentido.
“A importância desse mineral se dá na formação de ossos, dentes, coração, nervos, músculos etc”, enumera o profissional.
2) A gestação favorece o surgimento de cáries – VERDADE
Por causa das alterações hormonais, há diminuição do fluxo e da ação protetora da saliva. E as grávidas passam a comer um pouco mais. Essa combinação gera um aumento da acidez na boca, o que facilita a desmineralização dos dentes e a formação de cáries.
Atenção: não faça pouco caso disso. As cáries da mãe são um perigo para o filho. “As bactérias podem acessar o sistema circulatório e se fixar na placenta, provocando partos prematuros e perda de peso do feto”, aponta o ortodontista.
3) Grávidas não podem fazer radiografia da boca – MITO
O importante é saber a quantidade de radiação a qual elas estarão expostas. Nos exames odontológicos, esse nível é baixo. “Porém, sempre deve-se utilizar os coletes protetores de chumbo e ter o máximo de cautela – principalmente nas regiões próximas ao feto, como o abdômen”, recomenda o especialista.
4) Grávidas não podem tomar anestesia – MITO
Já existem opções especiais disponíveis para essas mulheres. “Os dentistas usam anestésicos sem vasoconstritores. Eles não contêm substâncias que comprimem os vasos sanguíneos”, relata Souza.
Ainda assim, os anestésicos são indicados apenas em situações emergenciais, pois eventualmente ultrapassam a barreira placentária e causam descolamento e alterações no feto. Embora não sejam proibidos, melhor evitá-los.
5) O aumento na produção de hormônios favorece a gengivite – VERDADE
“As variações hormonais promovem uma dilatação dos vasos sanguíneos. Isso provoca uma resposta exagerada dos tecidos gengivais, aumentando o risco de transtornos na região”, afirma o dentista.
Isso significa que as gengivas ficam menos protegidas e com menor capacidade de regeneração. Essa situação, junto com o maior consumo de alimentos, favorece o surgimento de inflamações. É a gengivite.
E as grávidas têm que se preocupar bastante com isso porque…
6) … problemas nas gengivas induzem o nascimento prematuro – VERDADE
A inflamação libera citocinas e prostaglandinas, substâncias que induzem o parto. “Assim como na cárie, as bactérias podem atingir a criança invadindo o sistema circulatório”, acrescenta Souza.