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O guia de exercícios para os diabéticos

Tomando as devidas precauções, esse pessoal não só pode como deve se mexer. Conheça as modalidades e os cuidados que garantem maior controle do problema

Por Thaís Manarini
Atualizado em 14 nov 2019, 12h07 - Publicado em 7 abr 2016, 12h35
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  • Pode soar exagerado, mas é a mais pura realidade: para o diabético, atividade física funciona como remédio. “Tenho vários pacientes que pararam de tomar insulina depois que começaram a se exercitar”, conta o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Quer outra prova de que sair do sofá tem função terapêutica? Uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista, em Presidente Prudente, revela que diabéticos sedentários têm um gasto financeiro 63% maior com consultas médicas em comparação com os ativos. Os paradões também botam mais a mão no bolso para comprar medicamentos.

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    Que fique claro: no trabalho, realizado com 121 pacientes das unidades básicas de saúde, não havia nenhum esportista profissional. Muito pelo contrário. Para identificar os participantes mais, digamos, atléticos, os pesquisadores levaram em conta qualquer atividade: desde a caminhada em direção ao ponto de ônibus até o grau de movimentação no trabalho. “Se as pessoas fizessem um programa estruturado de exercícios, acredito que a economia seria ainda mais expressiva”, diz uma das autoras da análise, a professora de educação física Jamile Codogno.

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    É simples entender o porquê. Dar tchau ao sedentarismo minimiza o principal tormento na vida do diabético: a sobra de açúcar pelo sangue. Isso porque a prática de exercícios estimula a produção de GLUT-4, uma proteína que recolhe a glicose excedente na circulação para finalmente jogá-la dentro da célula. “Logo, o paciente precisa de menos insulina para absorver o açúcar”, conclui Couri. As benesses não ficam restritas à baixa glicêmica. Suar a camisa diminui a pressão arterial, facilita o emagrecimento e reduz o colesterol – mudanças essenciais especialmente para os diabéticos do tipo 2, que são mais propensos a também apresentar esses problemas de saúde.

    E, mesmo que a balança não acuse perda de peso, não há motivo para desânimo. Em uma pesquisa sueca com 15 462 diabéticos, cientistas viram, em cinco anos, um menor risco cardíaco entre as pessoas ativas — e, nesse período, ninguém emagreceu. O que não dá é para investir na malhação em intervalos de 15 dias. “Atividade física tem que ser medida de tratamento”, reforça o endocrinologista Rodrigo Lamounier, do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. Ou seja, se você relaxar, a glicemia não perdoa: vai voltar a subir.

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    Protocolo de segurança

    Nem adianta citar possíveis crises de hipo ou hiperglicemia (quando o açúcar baixa ou sobe demais, causando sintomas desagradáveis) como a principal razão para permanecer imóvel feito um poste. “O protocolo e as recomendações de exercícios para diabéticos estão bem estabelecidos. Não há motivo para ficar inseguro”, afirma Jamile. Então, para não passar perrengue, tem que seguir certas orientações. A primeira é marcar uma consulta com o médico para checar se está tudo em ordem. Depois do aval dele, é importante encontrar um profissional de educação física com experiência no trato com diabéticos.

    O treino também terá particularidades. Para começar, quem faz uso de insulina e sulfonilureias – fármacos que induzem a queda do açúcar – não pode iniciar a ginástica antes de medir a glicemia. O ideal é que ela marque acima de 100 mg/dl. Se estiver abaixo disso, a tendência é que caia ainda mais com os exercícios. Aí está armado o cenário para a tal da hipoglicemia, que pode causar tontura, confusão mental, desmaio… Então, se a glicemia antes do treino for baixa, basta comer alguma coisa, esperar um tempinho e fazer uma nova medição. O açúcar no sangue subiu? Ótimo. Mas os cuidados não acabam aí. “Durante os exercícios, é bom medir a glicemia mais uma vez para garantir que ela não volte a cair demais”, orienta William Komatsu, educador físico da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. A situação inversa também demanda cuidados. Quem inicia a malhação com a glicemia elevada tem que reservar um momento do treino para verificá-la a fim de confirmar que esse valor está no trajeto da descida. “Mas, caso ela já esteja acima de 300 mg/dl, melhor nem se exercitar nesse dia”, alerta Couri.

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    Ufa, quando a sessão de treinamento finalmente acaba, dá para relaxar, certo? Na verdade, só depois de – adivinhe – avaliar novamente a danada da glicose! “Se no final da atividade ela estiver baixa, pode continuar caindo. Isso é muito arriscado. Imagine se a pessoa sofre uma hipoglicemia enquanto dirige para casa”, exemplifica o especialista da Unifesp. Há mais uma regra de ouro para frear a queda brusca do açúcar: evite malhar na hora do pico de ação da insulina. É que, nesse momento, a glicose ficará necessariamente lá embaixo. Considerando que o exercício também tem esse efeito, já viu: a combinação pode ser desastrosa.

    Mas o aparelhinho para denunciar os níveis glicêmicos não é o único parceiro do diabético. Ele também precisa ter apreço especial por seu tênis e suas meias, que devem ser o mais confortável possível. Tudo para evitar a formação de bolhas e machucados. “Nunca se sabe quando o paciente vai desenvolver neuropatia periférica”, justifica Komatsu. Neuropatia periférica? Trata-se de um problema a que diabéticos estão mais suscetíveis devido ao excesso de açúcar que se acumula nos nervos. “Quanto menores eles são, como os dos pés, maior o prejuízo”, alerta Jamile. Prejuízo quer dizer menos sensibilidade ali. O dilema é que, se houver um mínimo arranhão e ele passar despercebido, pode evoluir para algo grave. Lembre-se de que, na presença do diabetes, a cicatrização não é das melhores. Por isso, além de buscar acessórios adequados, é fundamental analisar os pés antes e depois dos exercícios. “Quem convive com neuropatia deve dar preferência a atividades de baixo impacto, como natação e bicicleta”, acrescenta Couri.

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    Outra parte do corpo que requer zelo são os olhos. Caso a alta do açúcar já tenha lesado seus vasinhos – a retinopatia -, o educador físico precisa estar atento à respiração do aluno. É que, se ele prender demais o fôlego, a pressão aumenta e os vasos podem se romper. Como todo remédio, a atividade física também cobra cuidados em sua bula.

    O exercício tem que ser de leve?
    Não senhor. Quem tem diabetes definitivamente não está fadado a fazer caminhadas vagarosas para sempre. Essa pessoa tem tanto potencial para evoluir no treino quanto qualquer outra. E pode até virar esportista profissional! Inclusive, o educador físico William Komatsu, da Universidade Federal de São Paulo, comparou atletas diabéticos e não diabéticos em sua tese de doutorado e chegou à seguinte conclusão: eles competiam de igual para igual.

    Os efeitos dos aeróbicos…
    Atividades como correr, nadar, pedalar e jogar futebol tendem a baixar a glicose na corrente sanguínea de forma mais imediata. Isso porque demandam energia rápida. Elas também são indicadas porque trabalham o sistema cardiovascular com mais ênfase.

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    …e dos anaeróbicos
    Os exercícios de resistência, como a musculação, são essenciais para o diabético. É que mantêm a glicemia baixa por um tempo prolongado. Fora que desenvolver massa magra faz um bem danado, já que os músculos são exímios consumidores de açúcar.

    O passo a passo de um treino seguro e saudável

    Há recomendações para todas as etapas que envolvem a malhação

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    Antes de começar um programa de exercícios…

    Ao sair de casa para se exercitar…

    Durante e depois do exercício…

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