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Anabolizantes podem matar e causar dependência, mas uso inadequado sobe

Consumo recorrente dessa substância pode levar à depressão, afetar o coração e provocar infertilidade, entre outros riscos. Entidade emite alerta

Por Fabiana Schiavon
4 nov 2022, 18h37

O uso de anabolizantes sem indicação médica cresce silenciosamente no país, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Recorrer a essas substâncias para fins estéticos e de desempenho esportivo é arriscado e pode causar até a morte. Por isso, a entidade decidiu emitir um posicionamento sobre o assunto.

A ideia é desincentivar a utilização dessas drogas, claro, mas também esclarecer que os usuários precisam de apoio médico. É que quem cai nessa cilada acaba se tornando dependente e fugindo ainda mais do consultório.

Entenda o que são os anabolizantes, por que seguem populares e o que podem deflagrar  no organismo.

O que são os esteroides anabolizantes e quem pode utilizá-los?

Os esteroides anabolizantes e similares foram criados através da modificação da molécula de testosterona. Esse hormônio atua no vigor físico e na potência sexual.

Após viajarem pela corrente sanguínea, as moléculas passam pelo fígado e, na sequência, são reencaminhadas ao coração e aos músculos de braços, troncos e pernas.

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Mas vale ressaltar que os anabolizantes não estimulam a produção de novas fibras musculares. Na verdade, eles incitam a entrada de mais água e proteínas para dentro das células já existentes, deixando-as bem maiores.

Só que o uso desses produtos para fins estéticos segue proibido e não recomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Por outro lado, determinadas condições de saúde podem demandar a reposição terapêutica de testosterona.

“Existem formulações na indústria farmacêutica de aplicação de testosterona para o tratamento de hipogonadismo no homem, que se caracteriza pela deficiência desse hormônio no corpo”, exemplifica o endocrinologista Paulo Augusto Carvalho Miranda, vice-presidente da entidade.

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Hoje, esse tipo de medicamento também é autorizado no cuidado à pessoa trans, apesar de ainda não constar na bula, completa o médico.

Há estudos em andamento para avaliar o efeito do hormônio contra a perda muscular em indivíduos com HIV, mas ainda não há evidências que garantam bons resultados e segurança nessas circunstâncias.

Quem está usando?

Não é fácil encontrar dados oficiais sobre o tema, já que os produtos vêm, geralmente, do mercado clandestino. Estima-se, no entanto, que 3,3% da população brasileira seja usuária ocasional ou frequente dessas substâncias, segundo a Sbem.

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Nesse grupo, 18,4% são esportistas recreacionais e cerca de 13,4%, atletas – importante destacar que esse tipo de substância é proibida pelo Comitê Olímpico Internacional desde a década de 1970.

Mas o erro não vem só de quem deseja vencer uma competição. Outro número preocupa: 2,3% dos usuários são jovens estudantes. Esse dado foi registrado em um levantamento feito em 2017 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cedris), ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Sem dose segura

Não existe uma dose considerada segura dessa substância entre usuários saudáveis, que só a empregam para incharem a musculatura.

“Quando utilizamos os anabolizantes para fins médicos, validados pela ciência, as doses chegam a ser dez vezes menores em comparação às ingeridas por aí”, informa o médico da Sbem.

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Como todo medicamento, a testosterona utilizada em tratamentos médicos pode ter efeitos colaterais. Mas nada parecido com aqueles observados quando a substância é ingerida sem controle. Os impactos, nesse caso, podem ser de curto, médio ou longo prazo. Há até perigo de morte.

“Há risco, por exemplo, de eventos tromboembólicos pelo corpo. São coágulos de sangue que se formam e podem provocar AVC, traumas pulmonares, tromboses nos membros inferiores etc”, cita o médico. Ainda há a possibilidade de encarar lesões hepáticas e renais, já que a substância tira o fôlego desses órgãos para ser metabolizada.

Com mais de três meses de uso, o perfil dos níveis de colesterol no sangue pode mudar, o que contribui para a formação de placas e entupimento de veias.

“Quando a ingestão se prolonga para mais de um ano, há o risco de hipertrofia cardíaca, quando o músculo cardíaco também cresce de maneira anormal”, relata Miranda.

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Tem mais: “Os homens correm risco de infertilidade, enquanto as mulheres têm o ciclo menstrual alterado”, continua o médico. A ala feminina passa a ter mais pelos, a voz engrossa, surgem acnes e o cabelo cai.

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Normalmente, a ingestão não ocorre por pouco tempo, já que os anabolizantes geram dependência química e física. “A pessoa fica apegada à sensação de vigor físico e de aumento de desempenho”, relata o médico.

É comum que o consumo desses produtos aconteça em ciclos, o que só contribui para o mecanismo da dependência. “Ao interromper o uso, a testosterona desce a níveis muito baixos. É quando o indivíduo enfrenta um estado semelhante ao da depressão, levando-o de volta ao consumo”, descreve Miranda.

Segundo a Sbem, para acabar com os perigos associados ao uso inadequado dos anabolizantes, é crucial garantir uma maior regulamentação e o controle da prescrição médica.

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