Piolhos: conheça os mitos e verdades e saiba como proteger as crianças
Dermatologistas orientam sobre a importância de evitar a automedicação. Pais devem ficar atentos e avisar a escola caso a criança tenha piolhos ou lêndeas
Com a volta às aulas, a preocupação dos pais não é só com o material escolar e o preparo das lancheiras, mas com o risco de as crianças pegarem piolho.
A infestação acontece com mais frequência no início do ano letivo porque a temperatura elevada acelera o desenvolvimento desses insetos dentro do ovo, aumentando sua incidência. Segundo especialistas, o piolho é mais comum em crianças pequenas porque elas ficam bem próximas fisicamente, criando o ambiente ideal para a proliferação.
O principal sintoma da pediculose – o nome científico da doença – é a coceira intensa no couro cabeludo, principalmente atrás das orelhas e na nuca. É preciso cuidado para não provocar feridas ao coçar a cabeça.
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Vale ressaltar que, enquanto houver piolhos vivos na pessoa infectada, a transmissão ocorre, assim como a presença de lêndeas (os ovos do piolho). O piolho pode sobreviver por até dez dias em objetos, como pentes e escovas, por isso é recomendado lavar com água quente tais itens, além de roupas e lençóis.
Por causa da facilidade de transmissão, é muito importante que a escola seja informada em caso de sintomas característicos da pediculose e verificar se há piolhos e lêndeas no cabelo dos familiares que têm contato com a criança, inclusive os pais e os irmãos.
Dermatologistas tiram as dúvidas mais comuns sobre o assunto. Confira:
1 – Os piolhos passam voando de uma cabeça para a outra?
Eles não têm asas e, por isso, não voam e não pulam. “Eles passam de um a outro pelo contato próximo da cabeça de uma pessoa com a de outra ou pelo compartilhamento de objetos”, explica Rita Cortez, dermatologista do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologista (SBD).
2 – Eles podem ser transmitidos pelo travesseiro? Pelo pente?
Sim! A transmissão acontece também com a troca de objetos de uso pessoal. Isso vale para pentes, escovas, travesseiros, roupas, chapéus, presilhas e até fones de ouvido, entre outros.
3 – Os piolhos conseguem sobreviver fora do hospedeiro? Por quanto tempo?
No meio ambiente, os piolhos permanecem vivos por no máximo 24 horas. “Já os ovos conseguem sobreviver fora do hospedeiro por até dez dias, em condições de alta umidade e temperatura acima de 28 ℃”, diz Selma Hélène, dermatologista pediátrica do Hospital Israelita Albert Einstein.
4 – Os adultos pegam piolho?
O inseto não diferencia idade, raça ou nível socioeconômico. Ou seja, todas as pessoas podem pegar piolho em algum momento. As crianças em idade escolar, no entanto, estão mais propensas por causa do contato mais próximo. As meninas também têm mais chances, pois costumam trocar escovas, pentes e acessórios de cabelo.
5 – Pessoas com tinta nos cabelos têm menos risco de pegar piolho?
Não há diferença entre pessoas que têm tinta ou não, principalmente em relação às lêndeas.
6 – Quem lava mais os cabelos têm menos chance de se contaminar?
Não. O piolho também gosta dos fios limpos. Porém a falta de higiene pode facilitar a disseminação da doença.
7 – Passar vinagre nos fios ajuda a matar as lêndeas?
“O vinagre ajuda a retirar a aderência das lêndeas ao fio, contribuindo para a sua remoção ao passar um pente fino”, diz Cortez, dermatologista da SBD.
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8 – Prender o cabelo ajuda a evitar a contaminação?
Sim. Os fios presos dificultam a transmissão do piolho, por isso é interessante enviar à escola as crianças com os cabelos compridos presos.
9 – Os animais de estimação podem se infestar?
Os cães e gatos podem ter piolhos, mas estes são de espécies diferentes da que contamina os humanos. Por isso, não há a transmissão entre animais domésticos e humanos.
10 – Qual é a forma correta de tratar a infestação?
Além de usar um pente fino, o ideal é procurar um médico, que indicará quais são os medicamentos recomendados, incluindo xampus e remédios de uso oral.
“É de extrema importância que as pessoas não se mediquem por conta própria, pois essas substâncias têm grande absorção pelo couro cabeludo, que é ricamente vascularizado, podendo causar problemas”, alerta a médica do Einstein.
*Conteúdo publicado originalmente na Agência Einstein.