Faz pouco tempo que as Olimpíadas de Paris terminaram e, agora, as Paralimpíadas começaram. Com o espírito esportivo em mente, gostaria de contar a história de duas mulheres, para inspirar vocês, que lêem a minha coluna, a repensarem a forma de ver os desafios e como superá-los.
Talvez você tenha visto a abertura dos Jogos e a repercussão sobre a atleta escolhida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para ser a porta-bandeira da delegação brasileira na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Mesmo sendo jovem, a jogadora de rugby Raquel Kochhann recebeu o diagnóstico de câncer de mama e precisou realizar todo o tratamento antes de pensar em retornar ao seu esporte favorito.
Coincidência no nome, a nadadora Raquel Viel também enfrentou a doença em 2016, a atleta esteve presente em duas Paralimpíadas (Londres – 2012 e Rio de Janeiro – 2016) e é medalhista em várias competições Pan-americanas.
As duas atletas são exemplos de vida real de uma situação que acompanho diariamente nas consultas em meu dia a dia: mulheres que estão além do diagnóstico de câncer.
São profissionais, atletas, mães e figuras importantes para si mesma, suas famílias e sociedade e que, por um momento, precisam priorizar a saúde, viram pacientes, mas não deixam de ser quem são. Descobrir um câncer de mama não é uma sentença de morte. Como disse uma paciente uma vez: “é uma vírgula, e não um ponto final”.
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Talvez estejam se perguntando aonde quero chegar com esses relatos, certo?
Bom, meus dois últimos textos foram sobre a importância da atividade física para a saúde. Para estas duas mulheres, cuja vida é o esporte, a manutenção deste cuidado é ainda mais importante e desafiador. E vejam que mesmo atletas podem ter câncer! Nada nesta vida é blindagem para qualquer doença (fica a dica).
Até muito pouco tempo, recomendavam repouso e quase nenhuma atividade física para pessoas em tratamento oncológico, e hoje, fico muito feliz em poder compartilhar com vocês que isso mudou e ainda não é amplamente discutido.
Hoje, durante as consultas médicas, estimulamos as pacientes a praticar exercícios e principalmente os programas de reabilitação com muita fisioterapia e fortalecimento muscular.
Inclusive, uma publicação recente na revista (Journal of Clinical Oncology (JCO), mostra que os tipos de câncer mais agressivos para as mulheres, chamados triplo negativo e HER positivo, tiveram seu risco de retorno reduzido nas mulheres que praticavam mais exercícios. Isso não é incrível?
Quando tive câncer de mama, em 2018, precisei de uma cirurgia para retirada de toda a mama com a colocação de uma prótese. Sou cirurgiã, parte do meu dia é operar pacientes e tive medo de não conseguir ter a mesma habilidade para manter minha profissão. Foi preciso muita fisioterapia para que eu conseguisse driblar as dores do final do dia… aliás, continuo as sessões até hoje.
Por isso, neste momento, após as Olimpíadas e com as Paralimpíadas, prestes a chegarmos no Outubro Rosa, meu convite para você nesta sexta-feira é para que se olhem, observem suas mamas no espelho, se toquem com carinho e dêem aquela checada na data de sua última mamografia. Não tenham medo de descobrir algo, até porque, se descobrirem, é porque já estava lá…
“Se você acha que não tem tempo para cuidar ou pensar em ações de prevenção, quando tiver um diagnóstico, terá que encontrar tempo para fazer o tratamento”.
Cuidem-se e ótima sexta-feira para vocês. Até a próxima!