PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Síndrome ASIA: entenda a doença associada ao silicone

Médica explica o que se sabe até o momento sobre problema que tem feito mulheres retirarem próteses de silicone

Por Emilia Inoue Sato, reumatologista*
Atualizado em 7 Maio 2021, 16h00 - Publicado em 7 Maio 2021, 09h26
foto de seios com tarja rosa por cima
Especialistas reportam aumento na procura de mulheres interessadas em retirar próteses de silicone. (Foto: GI/Getty Images)
Continua após publicidade

Você já ouviu falar na ASIA? Trata-se da abreviatura de Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants — em português, Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvante. Criado em 2011, o termo engloba diferentes síndromes previamente descritas na literatura médica, tais como siliconose, síndrome da Guerra do Golfo, síndrome da miofascite macrofágica e fenômenos pós-vacinação.

O que une esses quadros é o fato de que, em pessoas geneticamente suscetíveis, alguns estímulos ambientais podem funcionar como um adjuvante, aumentando a resposta inflamatória e desencadeando uma reação imunológica.

A ASIA ficou em evidência nos últimos meses por uma associação com implantes de silicone. Isso tem preocupado mulheres, levando algumas a retirar as próteses. Mas será que o silicone pode mesmo resultar numa doença autoimune como essa?

Na realidade, a possibilidade de o silicone desencadear doenças autoimunes reumáticas vem sendo descrita desde a década de 1980. Entretanto, a associação causal ainda é motivo de debates. Em modelos experimentais, há demonstração de que a injeção de silicone causa alterações inflamatórias e imunológicas apenas em camundongos geneticamente predispostos à doença autoimune.

Não há critérios diagnósticos aceitos mundialmente para a ASIA provocada por silicone. Como os sintomas mais frequentemente descritos associados ao silicone são queixas vagas e inespecíficas — fadiga, dor muscular, dor articular, alteração do sono, boca seca, alteração de memória e atenção, entre outras —, fica difícil estabelecer um diagnóstico tendo em vista apenas a relação temporal entre a doença e a prótese.

Continua após a publicidade

Doenças autoimunes reumáticas são doenças raras na população em geral e ainda mais raras associadas à ASIA. Para conseguirmos estabelecer a ligação com o silicone, precisaríamos de um estudo complexo que ainda não foi realizado: teríamos de avaliar um número considerável de pacientes antes do implante e segui-las por muitos anos, comparando a frequência das queixas entre pacientes e um grupo controle pareado por idade e sexo sem a prótese.

Por outro lado, um estudo realizado nos Estados Unidos com seguimento de dezenas de milhares de pacientes após a colocação da prótese mamária constatou maior frequência de esclerose sistêmica, síndrome de Sjogren, artrite reumatoide, miosites e sarcoidose em mulheres com silicone do que a esperada para a população geral. Outro trabalho, este de Israel, também descreveu maior frequência dessas doenças em mulheres com implante quando comparadas àquelas submetidas à cirurgia mamária sem implante.

Então paira a dúvida: deve-se retirar a prótese pensando na prevenção ou no controle dos sintomas? O explante, ou seja, a retirada do silicone, não garante que as queixas relatadas irão desaparecer. Mas uma estudo com revisão da literatura disponível constatou que, em cerca de 75% das pacientes, houve melhora nas queixas inespecíficas após a extração da prótese. Cabe ressaltar que, nas pacientes que tinham doença reumática autoimune definida, o benefício só ocorreu após o explante e o uso de remédios imunossupressores.

Continua após a publicidade

Tudo isso nos faz crer que uma boa avaliação especializada faz diferença na hora de se decidir por retirar ou não uma prótese mamária. É importante alertar que pacientes com doença autoimune ou histórico familiar do problema têm maior risco de desenvolver a ASIA.

É nessas pessoas que particularmente o silicone poderia atuar como um gatilho para uma resposta inflamatória. Assim, é prudente que elas também sejam bem avaliadas e informadas a respeito antes de se submeter a esse procedimento.

* Emilia Inoue Sato é médica associada da Sociedade Paulista de Reumatologia e professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.