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Por que a obesidade não para de crescer no Brasil?

Profissionais examinam cenário de escalada do sobrepeso e da obesidade no país e listam caminhos para reverter números atuais

Por Andrea Levy, Andrea Pereira e Carlos Schiavon, da ONG Obesidade Brasil*
23 Maio 2022, 17h46
ilustração em massinha de pés de pessoa se pesando em balança
Mais da metade da população brasileira se encontra acima do peso.  (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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A obesidade é uma pandemia. Um problema de saúde pública associado ao desenvolvimento de outras doenças, como hipertensão, diabetes, câncer, entre outras. Apesar de haver consenso científico de que seja uma doença crônica, ainda falta muito conhecimento e sobra preconceito em relação ao seu tratamento.

Isso contribui para a culpabilização das pessoas acima do peso, a redução em pedidos de exames preventivos, o descaso com o tratamento da condição e mesmo maus tratos dirigidos a esses pacientes. Tudo que os distancia da ajuda necessária.

O tratamento da obesidade não é baseado apenas em mudanças no estilo de vida e melhora da saúde mental, mas esses componentes são parte importante da estratégia terapêutica, ao lado de recursos como medicamentos e cirurgia bariátrica.

Sabemos que a piora da alimentação, o sedentarismo e os prejuízos ao estado emocional estão entre as razões para o aumento do sobrepeso e da obesidade pelo planeta. E o Brasil está longe de ser exceção.

Os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que nosso país é o mais sedentário da América Latina e o quinto no globo. A atividade física diária leva ao gasto de calorias, melhora o metabolismo, reduz o estresse e a ansiedade e, por tudo isso, ajuda a prevenir e combater o excesso de peso. A prática regular de exercícios faz parte do tratamento da obesidade.

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+ LEIA TAMBÉM: O que a ciência prescreve para a perda de peso

A população não só está mais parada como consome menos frutas, verduras, legumes e outras fontes de fibras no dia a dia. Por outro lado, ingere mais alimentos industrializados processados e ultraprocessados, como documentam as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Comer de forma saudável e equilibrada, como sabemos, faz parte da prevenção e do controle da obesidade e de outras doenças crônicas. O Guia Alimentar da População Brasileira, do Ministério da Saúde, reúne muita informação sobre como tornar nossas refeições mais balanceadas, com ingredientes acessíveis e de acordo com a nossa cultura.

E ainda tem o aspecto mental. Estima-se que 60% das pessoas com obesidade sejam acometidas por transtornos psicológicos e psiquiátricos, sendo os mais comuns a depressão, a ansiedade e a compulsão alimentar.

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A sobrecarga emocional ocasionada pelo estigma afeta a autoestima e leva ao isolamento social desses indivíduos, com perda de relacionamentos pessoais e do prazer em realizar atividades corriqueiras. Dessa forma, o acompanhamento psicológico também faz parte do tratamento da condição.

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Quanto maior o índice de massa corporal (IMC), maior a probabilidade de sofrer com problemas de saúde mental, menos anos de estudos, menores salários e menor qualidade de vida. E, num círculo vicioso, o estresse, a má qualidade do sono e os transtornos psíquicos não tratados adequadamente contribuem para o ganho de peso e a piora do estado de saúde.

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A complexidade da obesidade exige da sociedade medidas criativas e ousadas para chegarmos a 2030 com números menores do que os previstos.

Políticas públicas para incentivo de uma alimentação saudável e prática de exercícios, assim como campanhas visando à redução do estigma e do preconceito, programas de cuidado com o bem-estar mental e a restrição de propagandas de alimentos não saudáveis para crianças, compõem um passo fundamental para o controle dessa pandemia.

Precisamos atuar no plano individual e no coletivo. Só assim iremos mudar esse preocupante cenário.

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* Andrea Levy é psicóloga especializada em obesidade e transtornos alimentares, cofundadora e presidente da ONG Obesidade Brasil; Andrea Pereira é nutróloga, médica do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e cofundadora e coordenadora da ONG Obesidade Brasil; Carlos Schiavon é cirurgião bariátrico, coordenador de Ensino e Pesquisa do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e cofundador da ONG Obesidade Brasil

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