Isotretinoína: mitos e verdades sobre o Roacutan
Não deixe que os mitos da internet te impeçam de tratar corretamente a acne
Chegou a hora de conversar sobre um dos medicamentos mais polêmicos da dermatologia: a isotretinoína, que tem como nome comercial Roacutan. Se você sofre com acne ou convive com alguém que lida com as espinhas, com certeza já se deparou com esse nome e muito provavelmente ficou cheio de dúvidas a respeito.
Vamos começar do começo. A isotretinoína é um medicamento oral, derivado da vitamina A, utilizado desde os anos 80. A grande indicação é a acne grave, mas ela também é uma excelente opção para casos que não responderam bem a outras terapias. Atualmente, é a única droga capaz de prevenir o surgimento de cicatrizes.
Esse remédio tem fama de ser “muito forte” e, mesmo com indicação médica, muitos pacientes ainda ficam receosos em iniciar o tratamento. Isso porque ele apresenta alguns efeitos colaterais importantes.
O primeiro deles — e o principal, na minha opinião — é a teratogenicidade: se uma mulher engravidar em uso de isotretinoína, existe um risco muito elevado de o feto apresentar malformações graves. Por isso, é imprescindível que mulheres em idade fértil estejam utilizando também um método anticoncepcional de alta eficácia.
Outro ponto relevante é o potencial de alterar os exames de colesterol e triglicérides. No geral, as alterações são discretas e não colocam a saúde do paciente em risco. Mas, em alguns casos, precisamos fazer ajustes na dieta — suspender a droga por um período é uma medida excepcional.
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O terceiro efeito colateral ocorre porque estamos falando de um remédio que é metabolizado no fígado e pode sobrecarregar esse órgão. E é por esse motivo que o paciente não deve ingerir bebidas alcoólicas durante todo o período de tratamento, que dura entre 6 a 9 meses.
Lendo tudo isso você pode estar assustado, achando que realmente estamos falando de um remédio “muito forte”, a ser indicado apenas em casos extremos. Mas a verdade é que, por conta de todas essas questões, o médico precisa fazer um seguimento de perto do paciente, o que deixa o processo muito mais seguro.
Antes de iniciar o tratamento, é preciso realizar uma bateria de exames de sangue para sabermos um pouco mais sobre a saúde do paciente, complementando o que foi conversado em consulta.
Com os resultadoso normais e sem contraindicações, é feito um acompanhamento mensal — com consultas, termos de consentimento e novos exames — ao longo de todo o tratamento.Assim, conseguimos agir rapidamente caso aconteça alguma complicação.
Na prática, vejo muitos pacientes que deixam de usufruir desse tratamento tão eficaz por medo e falta de informação adequada, e estão sofrendo com as sequelas de uma acne mal tratada.
A isotretinoína tem seus riscos sim, mas quando bem indicada e, mais importante ainda, bem acompanhada, se torna uma opção segura. Não deixe que os mitos da internet te impeçam de tratar corretamente a acne. Procure um dermatologista de confiança.
*Aline Erthal, dermatologista graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora médica da área de dermatologia da Omens, plataforma que trata da saúde masculina.