Estresse pode levar à queda do cabelo. Entenda por que e o que fazer
A tensão constante impacta o organismo de diversas formas, inclusive na saúde das madeixas
Em todo lugar que eu vou, deixo um pouquinho de mim… 500 fios de cabelo! Você já se identificou com esse meme em algum momento da sua vida?
Todos os dias, atendo pacientes com queixa de queda de cabelo no consultório. Muitos deles, quando lhes peço para me explicar melhor o que estão passando, associam a queda dos fios a certos eventos estressores, como trabalho excessivo ou algum problema familiar.
Mas será que isso é cientificamente comprovado? Estresse pode mesmo causar queda de cabelo?
Antes de tudo, é bom dizer que a queda dos fios nada mais é do que um sintoma, que pode estar presente em diversas condições de saúde. Ela, por si só, não é um diagnóstico. O mesmo acontece quando um paciente sente coceira na pele: coceira é um sintoma, que pode estar presente em diferentes doenças, desde uma dermatite atópica até um linfoma, por exemplo.
E cabe ao médico investigar esse sinal no contexto de cada paciente para chegar a um diagnóstico.
Com a queda de cabelo é a mesma coisa. Existem muitas doenças e situações ligadas ao fenômeno. Dentre as mais diversas possibilidades, duas estão diretamente ligadas ao estresse: o eflúvio telógeno e a alopecia areata.
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Eflúvio telógeno
O eflúvio telógeno se caracteriza pelo aumento da queda diária de fios de cabelo. Isso é percebido principalmente durante o banho ou ao se pentear, e ocorre cerca de três meses após um evento desencadeante.
Quando passamos por uma doença, uma internação, uma cirurgia, um parto ou um pico de estresse emocional, é como se nosso corpo entrasse em estado de alerta, poupando energia com funções que não são essenciais.
É nesse momento que os cabelos sofrem, e se preparam para entrar na fase de queda, o que leva três meses para acontecer. A partir daí, notamos mais fios caindo que o habitual. Mas a boa notícia é que essa é uma condição transitória, com duração de dois a quatro meses.
Após esse período, as madeixas que caíram voltam a crescer e o ciclo capilar se estabelece novamente, sem necessidade de intervenções na maioria dos casos.
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Alopecia areata
Já a alopecia areata é uma condição autoimune, mas que também tende a acontecer após alguns gatilhos, sendo o estresse emocional o principal deles.
Nesse caso, o corpo deixa de reconhecer os folículos capilares como estruturas normais e passa a atacá-las, o que leva ao surgimento repentino de áreas arredondadas sem nenhum fio de cabelo.
Isso pode ocorrer em pequena escala, com apenas uma área de alopecia ou chegar a casos extremos, que é o caso da alopecia areata universal, em que o paciente perde todos os pelos do corpo. Quando localizada, a alopecia areata pode se resolver espontaneamente mas, na maioria dos casos, precisa de tratamento com corticoides.
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Essas duas condições são diagnósticos médicos que podem ter como desencadeante direto o estresse emocional. E isso é extremamente importante quando pensamos no tratamento, bem como na prevenção.
Já que excluir o estresse é uma possibilidade muito remota nos tempos atuais, precisamos encontrar maneiras de gerenciá-lo, de forma a termos menos repercussões na nossa saúde.
É nesse momento que entram em cena atividade física, terapia, meditação e práticas de relaxamento, que podem ser mais valiosas do que um simples medicamento. E que trarão benefícios que vão muito além de um cabelo bonito.
*Aline Erthal, dermatologista graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora médica da área de dermatologia da Omens, plataforma que trata da saúde masculina.
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