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A saúde dos idosos é uma pauta urgente para o Brasil

Membro do Coletivo Velhices Cidadãs expõe a necessidade de melhora na assistência aos idosos como ponto inescapável no debate e nas políticas públicas

Por Gilberto Natalini, médico e ambientalista*
27 Maio 2022, 09h18
foto de mão de idoso com mãe de jovem juntas
Parcela de idosos na população brasileira cresce, mas orçamento destinado a dar suporte a eles, não.  (Foto: Hunt Han/ Unsplash/Divulgação)
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Há 50 anos, quando me formei na Escola Paulista de Medicina, a atual Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a principal causa de mortes entre os brasileiros eram as doenças infectocontagiosas. Elas atingiam principalmente as crianças, mas também os idosos.

As mais prevalentes eram as infecções intestinais e as broncopneumonias nos mais novos e as infecções pulmonares nas pessoas mais velhas.

Esse perfil epidemiológico de mortalidade mudou no decorrer do tempo, com o desenvolvimento e a popularização das vacinas, o avanço no tratamento da água e do esgoto e a descoberta de novos medicamentos.

Calcula-se que o país tenha hoje 37,7 milhões de pessoas com mais de 60 anos, segundo pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A pirâmide etária vem se alterando com rapidez e, de acordo com estimativas elaboradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos deverá aumentar ainda mais. Por volta de 2050, haverá, no Brasil, 73 idosos para cada 100 crianças, numa população de aproximadamente 215 milhões de habitantes.

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As doenças infecciosas não saíram de cena, mas a principal causa de adoecimento e morte hoje no Brasil são o que chamamos de doenças crônicas e degenerativas, frequentemente associadas ao envelhecimento.

+ LEIA TAMBÉM: Primeiro exame de sangue para Alzheimer chega ao país 

No topo da lista estão as doenças cardiovasculares, entre elas a hipertensão, a aterosclerose, o infarto e o AVC, tantas vezes também atreladas ao diabetes e aos problemas renais. Como segunda causa, temos os tumores malignos. E, em terceiro lugar, as mortes violentas (homicídios e acidentes de trânsito), que atingem sobretudo os mais jovens.

Fora as enfermidades citadas, outras patologias estão à espreita dos idosos, e destaco as doenças respiratórias, os reumatismos e as causas de demência, como o Alzheimer.

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Diante desse quadro epidemiológico, o sistema de saúde brasileiro, público e privado, teve que ir se adaptando para atender a uma enorme demanda, que exige estrutura mais complexa, prolongada e custosa a fim de contemplar assistência médica ambulatorial, hospitalar e especializada, oferta de medicamentos e programas de orientação do estilo de vida.

Nosso sistema de saúde, em especial o SUS, que atende 75% dos brasileiros, avançou bastante, só que ainda está bem longe de garantir uma assistência integral e de qualidade aos idosos. As causas são muitas, mas as principais são: o desfinanciamento do sistema e os problemas graves de gestão que geram desperdício e desvio dos poucos recursos.

Por isso, o Coletivo Velhices Cidadãs lançou um Manifesto à Nação direcionado ao povo brasileiro e uma Carta de  Compromisso aos candidatos a cargos no Executivo e no Legislativo neste ano. Nossa pauta é o envelhecimento ativo e saudável no Brasil.

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O bem-estar do idoso, que é um direito do cidadão, está na ordem do dia na política do país.

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* Gilberto Natalini é médico e ambientalista e membro do Coletivo Velhices Cidadãs

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