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A incrível conexão entre o intestino e a saúde da pele

Desequilíbrios no órgão e na microbiota intestinal se refletem em mais problemas de pele. Lista inclui acne, rosácea, dermatite e psoríase

Por Daniel Cassiano, dermatologista*
2 jun 2022, 08h56
ilustração de intestino povoado com pessoas pequenas
População de bactérias do intestino influencia aparecimento e agravamento de doenças na pele.  (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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É curioso, e muita gente não sabe, mas a nossa pele é o espelho externo da nossa saúde intestinal. Muitas doenças dermatológicas inflamatórias podem ter íntima relação com o desequilíbrio da microbiota, o conjunto de micro-organismos benéficos que vive em nosso aparelho digestivo.

Nosso corpo está todo conectado, e isso começa a ficar ainda mais claro à medida em que envelhecemos. Quando seu intestino está desequilibrado, muitas outras funções fisiológicas seguem o exemplo.

O funcionamento da microbiota é um dos principais reguladores do eixo intestino-pele. Ele influencia a regulação da renovação das células cutâneas, o reparo diante da radiação ultravioleta, a hidratação da pele e a cicatrização de feridas.

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Um intestino não saudável costuma deixar o organismo em estado de inflamação, exacerbando condições dermatológicas como eczema e rosácea. Dermatite atópica, psoríase e até alguns casos de câncer de pele podem se agravar em decorrência disso.

E mesmo a acne e a caspa podem surgir devido a um bioma intestinal insalubre.

A ciência já sabe explicar por que isso acontece. A má saúde intestinal estimula a produção de substâncias pró-inflamatórias e células que suprimem o sistema imunológico, o que cria uma situação de inflamação sistêmica e crônica.

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A microbiota intestinal também desempenha um papel essencial na absorção de nutrientes. Quando esse processo é prejudicado, o corpo inteiro se ressente. A carência de aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e minerais atrapalha a produção de colágeno, a desintoxicação da pele e a manutenção da camada de gordura que a protege. Em última instância, o reparo e a renovação desse tecido ficam comprometidos.

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Mas o que favorece a disbiose intestinal, isto é, o desequilíbrio na flora e no órgão? Estresse, consumo excessivo de açúcar, álcool e alimentos ultraprocessados, uso de antibióticos etc. Tudo isso diminui a população de bactérias boas ali.

As escolhas de dieta e estilo de vida têm um enorme impacto no intestino, que também está conectado com o nosso cérebro. Por isso recomendamos incorporar práticas de gerenciamento do estresse na rotina, como meditação, ioga e exercícios de respiração.

Com relação à alimentação, sabemos que limitar a ingestão de fontes de carboidratos simples e outros alimentos e bebidas com alto índice glicêmico, além dos industrializados em geral, faz bem para o intestino e, por extensão, para a pele.

Estudos mostram que alguns aminoácidos (pedacinhos de proteínas) resguardam o revestimento interno do intestino e o microbioma. São moléculas como arginina, glicina, glutamato de cisteína e glutamina, fornecidas por uma dieta equilibrada e, a critério médico, por suplementos.

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Outro grupo alimentar que não pode ficar de fora são os vegetais: frutas, verduras, legumes e grãos integrais ofertam componentes antioxidantes e anti-inflamatórios.

Por fim, vale realizar exercícios físicos no dia a dia e, se for o caso, parar de fumar e evitar tomar antibióticos sem necessidade. Seu intestino vai ficar bem melhor com esses hábitos. E sua pele, ainda mais!

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* Daniel Cassiano é dermatologista, professor do Centro Universitário São Camilo (SP) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica

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