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Apendicite: dá mesmo para resolver sem cirurgia, com antibióticos?

Na maioria dos casos, tratamento à base de remédios não é resolutivo e, mais cedo ou mais tarde, pacientes precisam ser operados

Por Sidney Klajner
22 out 2024, 16h43
dor-apendicite
Dor do lado direito do ventre é um dos principais sinais de apendicite (Freepik/Reprodução)
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Em outubro de 2014, quando se preparava para disputar o Masters 1.000 de Xangai, na China, o tenista espanhol Rafael Nadal deparou-se com um adversário inesperado: o diagnóstico de apendicite. Para poder competir, optou pelo tratamento com antibióticos.

Um mês depois, submeteu-se à cirurgia para retirada do apêndice. Conto essa história porque há cerca de uma década, começaram a aparecer estudos sobre a regressão da apendicite com o uso de antimicrobianos, administrados por via endovenosa. Seria o caminho para evitar a cirurgia?

Evidências científicas posteriores apontam para uma resposta negativa. Eles mostram que, na maioria dos casos, a abordagem clínica é apenas protelatória: até 70% dos pacientes que só tomam medicamentos voltam a ter o problema em até cinco anos e acabam tendo de se submeter à operação.

Portanto, não faz sentido adiar um procedimento que, diagnosticado precocemente e realizado por laparoscopia, leva cerca de 30 minutos, com alta do paciente em menos de 24 horas e rápida recuperação.

+Leia também: Mortes por apendicite aguda crescem 14% em meio à pandemia

Para que serve o apêndice?

O apêndice tem formato de tubo e é um prolongamento da região onde o intestino delgado desemboca no grosso. É considerado um órgão vestigial, ou seja, é um resquício evolutivo, atualmente sem função.

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Embora não desempenhe nenhum papel no organismo, o apêndice pode gerar problemas. Uma obstrução desse pequeno tubo pode bloquear a passagem do líquido entérico, que passa por ali, desencadeando uma proliferação das bactérias presentes no local e um processo inflamatório.

Nos adultos, a obstrução geralmente é provocada por uma pequena “pedra” de fezes endurecidas (apendiculito). Nas crianças, ocorre mais comumente uma hipertrofia do tecido linfático da mucosa do apêndice, originada por uma reação do sistema imunológico a uma inflamação, como uma amigdalite.

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Evolução da apendicite

A apendicite começa com um inchaço da mucosa do apêndice. Na fase inicial, os sintomas são bastante inespecíficos – náuseas, perda de apetite, sensação de que algo que comeu não fez bem.

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Depois, num período de até 12 horas, aproximadamente, evolui para ulceração (inflamação com pus). Nesse ponto, surgirá um sinal mais específico: dor perto do umbigo que se move para o lado direito do abdome e piora com o movimento de pressionar/soltar essa região.

Se o incômodo não melhorar com um analgésico comum, é hora de buscar atendimento médico. Além do histórico do paciente e exame físico, pode ser solicitada uma ultrassonografia ou uma tomografia para confirmar o diagnóstico.

Sem tratamento, o processo pode culminar com uma perfuração do órgão, quadro popularmente chamado de apêndice supurado, com contaminação da cavidade abdominal e risco de infecção generalizada. Apendicites agudas exigem cirurgia de emergência, evitando complicações e evolução para quadros mais graves.

Após o procedimento, é importante encaminhar o apêndice extraído para mais estudos, a fim de verificar se existem outras causas para a obstrução do órgão, como tumores, enfermidades inflamatórias como a doença de Crohn e, no caso das mulheres, endometriose.

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Mas e os remédios?

Eles ficam reservado para situações especiais ou para pacientes com comorbidades, que contraindiquem qualquer tipo de cirurgia.

Fora disso, a tacada acertada, como acabou fazendo Rafael Nadal em novembro de 2014, é submeter-se à mesa de operações para extrair o apêndice e viver em paz sem ele.

Elimina-se de vez o risco de complicações. E, como não tem função, o organismo não se ressentirá de sua falta.

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