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A exposição ao sol das 10h às 16h ainda é a mais perigosa para a saúde?

Deve-se tomar cuidado especial com o sol nesse horário pelo maior risco de queimaduras e surgimento do câncer da pele - mas há uns detalhes nessa história

Por Lucas Rocha
Atualizado em 22 fev 2024, 10h26 - Publicado em 22 fev 2024, 10h23
ilustração de mulher tomando sol de biquini
Exposição ao sol e ao calor exige cuidados para prevenir de câncer de pele a desequilíbrios na pressão arterial (Ilustração: O. Silva/Veja Saúde)
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O aumento global das temperaturas e as ondas de calor registradas nos últimos tempos ampliaram as preocupações com os impactos nocivos da exposição ao sol para a saúde.

Desde cedo, somos orientados a evitar a luz solar em excesso, principalmente em uma faixa de horário específica: de 10 horas da manhã às 4 horas da tarde.

Mas… Se estamos diante de um planeta cada vez mais quente, teria essa recomendação ficado antiga? Não seria necessário revisá-la?

Especialistas consultados por VEJA SAÚDE afirmam que não, mas há uns detalhes. Entenda o porquê.

+ Leia também: Saiba como se proteger contra o câncer de pele

O que os raios ultravioleta causam na pele

O sol tem um papel essencial para a manutenção da vida no planeta Terra. A luz que chega por aqui permite a realização do processo de fotossíntese pelas plantas e a produção de vitamina D a partir da pele, por exemplo.

Contudo, o excesso de radiação ultravioleta pode ser perigoso para a saúde humana. Esses raios são classificados em diferentes categorias, como os UVA, UVB e UVC, que atingem a Terra em maior ou menor intensidade.

Enquanto os raios UVC são absorvidos pela camada de ozônio, os outros dois tipos podem chegar ao nosso encontro e causar problemas de saúde, que vão de quadros leves a graves.

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Os efeitos dos raios UVA geralmente não são sentidos de maneira imediata. No entanto, eles são capazes de penetrar as camadas mais profundas da pele, ocasionando danos estruturais.

Entre as consequências, estão o envelhecimento precoce, o aumento de rugas e linhas de expressão e manchas. A longo prazo, esse tipo de radiação eleva o risco de câncer de pele e de melasma.

Já os raios UVB atingem as partes mais superficiais pele, provocando queimaduras e sintomas como dor, vermelhidão, inchaço e até mesmo bolhas. E, sim, o UVB também provoca câncer de pele.

+ Leia também: Para além da pele: exposição prolongada ao sol traz riscos ao cérebro

Por que evitar o sol entre 10h e 16h?

“Este é o horário no qual, em geral, se concentram os raios ultravioleta B, mais associados às queimaduras solares e ao câncer da pele”, enfatiza o médico dermatologista Juliano Peruzzo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção Rio Grande do Sul (SBD-RS).

Ou seja, embora haja variações – e já chegaremos nelas -, esse intervalo costuma realmente ser o de maior incidência de radiação ultravioleta. Apenas uma ressalva é feita, especialmente para alguns estados da região Nordeste.

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É que, em algumas localidades, o sol pode nascer um pouco mais cedo. Nesse caso, a precaução pode ser adiantada em cerca de uma hora, para as 9.

“Em média, mantêm-se essa recomendação das 10 às 16, com variação de acordo com a época do ano, a latitude e altitude”, reforça a dermatologista Patricia Karla de Souza, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Uma boa regrinha é a sombra: se, ao ficar em pé, ela estiver menor que você, deve evitar a exposição”, completa.

Os especialistas destacam que essa janela de maior cuidado não depende da temperatura por si só. “Mas a radiação ultravioleta não muda por fatores como sensação térmica. Uma forma interessante de saber o quão nocivo é o sol naquele momento é através do índice ultravioleta”, explica o médico Carlos Barcaui, vice-presidente da SBD.

O índice ultravioleta (IUV) é uma medida da intensidade da radiação UV ao chegar naquele local, o que permite mensurar os seus efeitos sobre a pele. O dado pode ser encontrado na internet, em aplicativos ou na previsão do tempo.

O indicador representa o valor máximo diário desse tipo de radiação, em geral de acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE).

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Os valores variam de zero para cima: quanto mais alto o IUV, maior o potencial de danos à pele e aos olhos e menor o tempo necessário para que os os problemas se desenvolvam.

A escala é classificada em faixas de risco:

  • Baixo: níveis 1 e 2
  • Moderado: de 3 a 5
  • Alto: 6 e 7
  • Muito alto: 8 a 10
  • Extremo: acima de 11

Veja recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre como interpretar o índice:

  • 0 a 2: você pode permanecer ao ar livre com segurança.
  • 3 a 7: procure sombra ao meio-dia. Mantenha-se vestido, passe protetor solar e coloque um chapéu.
  • 8 e acima: evite ficar ao ar livre e certifique-se de procurar sombra se precisar sair. Roupas, filtro solar e chapéu são ainda mais necessários.
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No Brasil, dificilmente o valor fica abaixo do 8.

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Protetor solar: aliado indispensável no verão… e no resto do ano (Foto: GI/Getty Images)

Moderação e cuidados

Vale destacar que, em pequenas doses, a luz solar traz benefícios. A produção de vitamina D é estimulada no organismo pelos raios UVB, como mencionamos acima. Ainda assim, a recomendação é de que toda exposição seja feita com algum tipo de proteção.

“Sabe-se que as exposições habituais que temos e pela forma como os fotoprotetores são utilizados – em geral, uma quantidade inferior à recomendada, já seriam suficientes para a produção de vitamina D. E, no caso de deficiência, é possível recorrer à suplementação”, diz Peruzzo.

A exposição ao sol é mais perigosa para as pessoas que possuem fator de risco para câncer de pele.

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“A lista inclui aquelas com olhos e pele clara, imunossupressão, histórico pessoal e familiar de câncer de pele, exposição prolongada e repetida ao sol e queimaduras solares”, pontua Barcaui.

+ Leia também: É possível obter níveis adequados de vitamina D só com alimentação?

O cuidado também deve ser redobrado com crianças, principalmente as mais pequenas.

“Bebês de até 6 meses não devem se expor diretamente ao sol. Acima dessa idade, só com proteção, lembrando que, até os 2 anos, a preferência é para os filtros físicos. Alternativas incluem outros meios, como roupas e chapéu”, orienta Peruzzo.

Veja algumas orientações básicas:

  • Usar protetor solar de maneira correta
  • Evitar se expor ao sol no período de maior risco, entre 10 e 16 horas
  • Usar barreiras físicas, como roupas, chapéus, óculos de sol, e sombras naturais ou artificiais (guarda-sóis, tendas e coberturas de edifícios)
  • Adotar equipamentos de proteção individual (EPI’s), se for um profissional que se expõe ao sol durante o trabalho
  • Observar alterações na pele e ser acompanhado por um dermatologista

Filtro solar

A escolha do protetor solar deve considerar fatores como o fototipo de pele (entenda aqui), grau de ressecamento, a área corporal exposta, idade, contato com água ou suor, preço e fatores de risco para câncer de pele.

“A primeira aplicação do filtro solar é fundamental e deve ser feita metodicamente, pelo menos 15 minutos antes da exposição à radiação. A reaplicação periódica garante uma melhor fotoproteção. O tempo de reaplicação depende do protetor solar utilizado, do tipo e intensidade de exposição, do contato com água e suor e da área exposta”, detalha Barcaui.

De maneira geral, é recomendada a reaplicação do protetor solar a cada duas horas ou após longos períodos de imersão na água. Além disso, tenha atenção ao volume.

“A quantidade recomendada do produto a ser empregada deve ser de 30 mL do produto por aplicação”, diz Barcaui.

A SBD orienta a adoção de uma das seguintes estratégias:

  1. Aplicação em duas camadas (a aplicação do protetor solar da forma que o usuário está habituado e uma imediata reaplicação)
  2. Utilização da “regra da colher de chá”, na qual se considera a aplicação de 1 colher de chá para o rosto/cabeça/pescoço, 1 para cada braço/antebraço, 2 colheres de chá para o tronco e outras 2 para cada uma das pernas.
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