Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

O papel da atividade física e da fisioterapia contra a pressão alta

Mudanças no estilo de vida e orientação profissional voltada aos exercícios ajudam a controlar o problema que afeta milhões de brasileiros

Por Márcio Renzo, fisioterapeuta*
8 dez 2020, 18h25
exercício pressão alta
Exercícios aeróbicos orientados fazem parte do tratamento da pressão alta.  (Ilustração: Niege Borges/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

A sétima Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial define a doença como uma condição multifatorial caracterizada por níveis de pressão maiores ou iguais a 140 mmHg para o primeiro valor da medição (pressão sistólica) e/ou 90 mmHg para o segundo valor (pressão diastólica). É o popular 14 por 9. O documento ainda pontua que a hipertensão pode causar ou agravar problemas como doença renal crônica, infarto e acidente vascular cerebral, o AVC.

Embora não tenha cura, a doença é controlável, o que requer atenção contínua a vida toda. A hipertensão costuma se desenvolver ao longo dos anos sem ocasionar sintomas. Muitos só a descobrem após complicações graves. Falamos de uma condição bem comum: sua prevalência gira em torno de 35% da população, com predominância em homens.

Boa parte dos hipertensos desconhece ter o problema e pouco mais de 20% está com a pressão realmente controlada. No Brasil, calcula-se que 36 milhões de pessoas convivam com a pressão alta e metade nem saiba disso, tantas vezes devido à ausência de sintomas ou à falta de acompanhamento médico.

É difícil estabelecer um único causador para a hipertensão, mas se sabe que idade, gênero, hereditariedade, raça (há maior prevalência entre negros), obesidade, diabetes, estresse, sedentarismo e dieta rica em sódio e gordura, entre outros fatores, estão por trás do quadro, também batizado de “assassino silencioso”. Entre os raros sintomas observados, podemos destacar dor de cabeça, vertigem, visão borrada etc.

A única maneira de diagnosticar a doença é aferindo periodicamente a pressão. A ideia é detectar quanto antes para evitar suas consequências aos vasos e aos órgãos. Por isso falamos tanto na conscientização sobre a importância dessa avaliação com um profissional de saúde, principalmente se houver história familiar.

O tratamento da hipertensão é individualizado e leva em conta fatores como idade, perfil do paciente e lesões em órgãos. Baseia-se em mudanças no estilo de vida e, se o médico julgar adequado, no uso de remédios. O ajuste de alguns hábitos, como atividade física e alimentação, também tem o intuito de diminuir a necessidade de medicamentos, especialmente aos idosos, que já convivem com o que chamamos de polifarmácia e recorrem a medicações para outras finalidades.

Continua após a publicidade

Mitos e verdades no estilo de vida

O controle da pressão arterial passa por medidas como a redução na ingestão de sódio e de bebida alcoólica, diminuição do peso corporal, cuidado com o uso de outros remédios que elevam a pressão e a prática regular de exercícios físicos. Nesse contexto, é bom esclarecer alguns mitos.

Um deles é o de que a pessoa com hipertensão não pode ingerir nada de sal. Ela até pode, o problema é o exagero, algo comum se pensarmos que não só o sal de cozinha mas uma série de produtos possui sódio. Conservas, embutidos, carne salgada, queijos amarelos e até bebidas zero estão entre eles. O álcool pede extrema cautela, pois o consumo em demasia eleva a pressão. O limite é o equivalente a 30 miligramas por dia (ou duas doses) para homens e metade para as mulheres — isso se o médico autorizar, claro.

Também é importante cuidar do bem-estar mental. Sabemos que o estresse, ocasionado por problemas em casa, no trabalho ou com as finanças, pode aumentar os níveis de pressão, além de ser um empecilho à adesão aos novos hábitos e ao tratamento.

Chamo atenção para outro mito que circula por aí: o de que sempre a pressão alta pode ser controlada com alimentação e exercício. Não há dúvidas de que eles ajudam a prevenir o problema, mas, em muitos casos, quando já temos o diagnóstico, essas atitudes isoladas não são o suficiente e, aí, os medicamentos são necessários. O acompanhamento profissional se presta justamente a checar e orientar em cada situação.

Continua após a publicidade

O que já está bem consolidado como parte do tratamento da hipertensão é um programa supervisionado de exercícios físicos. Ele busca não só melhorar a saúde dos vasos como lidar com a redução da capacidade funcional, sobretudo em idosos. Pessoas mais velhas com hipertensão têm um risco quatro vezes maior de desenvolver limitações do tipo e quase 40% acabam sendo dependentes dos outros em algumas atividades do dia a dia.

A prática regular de atividade física aumenta a resistência e a força muscular, dá mais flexibilidade articular e capacidade aeróbica, além de aprimorar o equilíbrio e auxiliar na perda de peso. Isso tem impacto direto e indireto no controle da pressão e de outras doenças crônicas, prevenindo e revertendo situações de fragilidade, que repercutem na qualidade e expectativa de vida.

A fisioterapia pode ajudar?

O fisioterapeuta possui atribuições específicas para atender pacientes em diversas fases da vida e com doenças crônicas. E pode orientar a prática de exercícios e outros cuidados para quem tem hipertensão, ajudando na prevenção de complicações cardiovasculares.

A falta de atividade física na rotina muda o grau de risco de um indivíduo para as doenças arteriais coronarianas, que levam ao entupimento dos vasos que irrigam o coração. Assim, o fisioterapeuta pode prescrever e orientar o treino e exercícios específicos, que irão compor o plano terapêutico junto aos remédios e outros hábitos.

Continua após a publicidade

As modalidades mais indicadas aos hipertensos são exercícios aeróbicos, como caminhar, correr, nadar, dançar e andar de bicicleta, sempre de maneira moderada e numa frequência ideal de três vezes por semana, com pelo menos 30 minutos de atividade.

É preciso ter cuidado e evitar alguns exercícios, como os isométricos, aqueles que, durante a execução, exigem que se faça força e se prenda a respiração. Eles podem promover picos de pressão alta. Tudo isso reforça a importância de um acompanhamento profissional qualificado.

Para finalizar, segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, todo os dias morrem no Brasil 388 pessoas devido à hipertensão arterial sistêmica. A prevenção é o melhor remédio para esta e outras doenças. Quanto antes ela for detectada, melhor será o tratamento. Lembre-se: ter amor próprio é se cuidar em todos os sentidos.

* Márcio Renzo é fisioterapeuta e capitão do Corpo de Bombeiros de São Paulo

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.