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A obesidade precisa ser enfrentada com políticas públicas

Campanha defende que ações individuais não bastam para resolver o problema. Plano de ação passa por aumentar imposto em alimentos não saudáveis

Por Maria Edna Melo, endocrinologista, e Paula Johns, socióloga*
Atualizado em 29 set 2021, 11h36 - Publicado em 28 set 2021, 10h17

Quantas campanhas você já viu sugerindo que perder peso é uma simples questão de mudança de hábito? Mesmo assim, ano a ano, observamos o aumento dos casos de obesidade, diabetes e outras doenças associadas a dietas ricas em calorias e pobres em nutrientes.

O fracasso das estratégias apresentadas até o momento deixa evidente que se tem um hábito que precisa ser mudado com urgência é a mania de imaginar que bastam motivações pessoais para enfrentar o problema.

Qualquer ação para encarar a situação deve levar em conta o fato de estarmos inseridos em um sistema alimentar que determina nossas escolhas. Vivemos num ambiente que dificulta o acesso à comida saudável e facilita o consumo de ultraprocessados – alimentos com alto teor de açúcar, sal e gordura, que comprovadamente fazem mal à saúde.

Para tornar essa relação menos desigual para a sociedade, defendemos o aumento dos impostos como medida para reduzir o consumo e gerar recursos para o SUS. É o que propõe a campanha Tributo Saudável: Bom para Economia, Melhor Ainda para a Saúde, promovida pela ACT.

Funciona assim em qualquer orçamento doméstico: se o preço de determinado produto aumenta, procuramos outro mais acessível. A experiência vem dando certo em países como Inglaterra, França, África do Sul, Chile, Noruega, Finlândia, Portugal e México, e tem recomendação da própria Organização Mundial de Saúde (OMS).

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+ LEIA TAMBÉM: Novos rumos para a perda de peso

Quando pensamos nas ações de marketing dos fabricantes, chega a ser ingenuidade acreditar que, diante da prateleira do supermercado, o consumidor consiga exercer plenamente o direito de escolha. Definitivamente, ele vai levar para dentro de casa o que a indústria oferece e é tantas vezes mais em conta, caso dos ultraprocessados.

Além das facilidades de custo e acesso, as fórmulas desses produtos trazem ingredientes que estimulam a palatabilidade e ativam nosso sistema de recompensa cerebral. Nossa capacidade de se satisfazer com o sabor doce é nata, basta lembrar que o leite materno tem gosto adocicado. Explorando isso, vemos por aí latinhas de refrigerante que possuem, em sua receita, o equivalente a sete colheres e meia de açúcar

As bebidas adoçadas, que encontramos por toda a parte com preços artificialmente baixos, atuam sobre nossos mecanismos de prazer. Por isso, mesmo sabendo de todo mal associado ao consumo excessivo de açúcar, fica difícil resistir. Precisamos, portanto, de políticas públicas que tornem os ultraprocessados menos atraentes e ajudem o cidadão a fazer melhores escolhas.

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Aqui mesmo no Brasil, o aumento dos impostos foi decisivo para reduzir o consumo de tabaco. Devemos seguir o mesmo caminho em relação a alimentos associados a doenças crônicas. Uma situação dramática que vem piorando desde o início da pandemia. Diversos estudos apontam a obesidade com um dos principais fatores responsáveis pelo agravamento dos casos de uma doença que já matou mais de meio milhão de brasileiros.

Tanto a Covid-19 quanto a obesidade são questões de saúde pública. Um único caso pode gerar impacto em toda a sociedade e não deve ser visto como fenômeno isolado. Imaginar que seja possível reduzir o número de pessoas com obesidade promovendo apenas ações pessoais equivale a supor que a minha decisão entre tomar ou não a vacina não compromete a saúde de todos.

* Maria Edna Melo é endocrinologista, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem);

Paula Johns é socióloga e diretora-geral da ACT Promoção da Saúde, organização não governamental que atua na promoção e defesa de políticas de saúde pública

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