Dá para transmitir o novo coronavírus pelo sexo?
É possível manter as relações sexuais na pandemia com segurança? Posso transar com quem não mora comigo? Tire suas dúvidas sobre sexo e Covid-19
Em meio a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), as demonstrações de afeto precisaram mudar pela nossa segurança. Para evitar a Covid-19, abdicamos de abraços e beijos em quem não vive na mesma residência. Mas e o sexo? É possível transmitir o vírus na hora H? Existe um jeito seguro de transar ou isso também está fora de cogitação?
Antes de tudo, cabe ressaltar que a Covid-19 não é encarada como uma infecção sexualmente transmissível (IST). “Até o presente momento, vemos que a transmissão ocorre primordialmente via contato com gotículas respiratórias”, afirma o urologista Giuliano Aita, do Departamento de Sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
No entanto, um estudo realizado na China com 38 pacientes identificou o vírus no sêmen, tanto na fase aguda da doença como no período de recuperação. “Só que a gente não sabe se isso é uma forma potencial de infecção”, pondera Aita. Ou seja, mesmo que ele esteja presente nesse líquido, é possível que não consiga usar essa via para infectar outras pessoas de maneira efetiva.
Outros experimentos encontraram o Sars-CoV-2 nas fezes de certas pessoas — o que teria implicações para o sexo anal, por exemplo. Por outro lado, ele ainda não foi encontrado no fluido vaginal.
A transmissão ato sexual, portanto, não está totalmente esclarecida. Mas é bom lembrar que o sexo não se resume à penetração ou ao contato com os genitais.
“O risco está muito mais nos beijos na boca e na grande proximidade entre as pessoas durante a relação”, pontua o urologista Henrique Rodrigues, membro da SBU no Rio de Janeiro.
Dá para fazer sexo de maneira segura durante a pandemia de coronavírus?
A possibilidade de infectar alguém entre quatro paredes não é sinônimo de abstenção. Seguindo certas recomendações, dá para manter a vida sexual ativa na quarentena.
O departamento de saúde da prefeitura de Nova York, nos Estados Unidos, até publicou um guia sobre o tema. O principal recado do documento é de que o seu parceiro mais seguro é você mesmo. Sim, estamos falando da masturbação.
Aliás, o mercado de brinquedos sexuais está em ascensão. “A recomendação é higienizá-los com álcool isopropílico ou água e sabão antes do uso e lavar as mãos por pelo menos 20 segundos antes e depois”, orienta Aita.
O sexo virtual é outra opção. “Temos observado nos comentários das redes sociais e na própria mídia que o número de adeptos aumentou”, comenta Aita.
Nesse cenário, não deixe de desinfetar os teclados e telas sensíveis ao toque antes e depois de utilizá-los, principalmente se você compartilha os aparelhos eletrônicos com outros indivíduos.
Já a prática a dois só está liberada entre quem vive debaixo do mesmo teto, obedece as regras do distanciamento social e adota os hábitos de higiene adequados. “Um casal que mora junto e não está com suspeita ou não foi diagnosticado com a Covid-19 pode continuar fazendo sexo normalmente”, tranquiliza Rodrigues.
De acordo com aquele documento de Nova York, a higienização após a relação é ainda mais importante. As mãos não são exceção nem nessa hora.
Se começar a sentir sintomas suspeitos, melhor deixar o prazer sexual para depois, além de, dentro do possível, buscar um isolamento dos outros moradores da casa.
No mais, se o seu parceiro está trabalhando em locais com contato direto a pacientes com coronavírus, o ideal é dar uma pausa. Hospitais e farmácias são dois grandes exemplos.
E claro: o uso de preservativo e métodos anticoncepcionais continuam sendo cruciais para evitar ISTs e gravidez não planejada.