Tucumã: fruta da Amazônia é recordista em vitamina A
Ele serve para receitas doces ou salgadas, e sua semente pode ser usada para gerar biodiesel
Por vezes considerada uma invasora dos pastos, a espinhenta palmeira tucumazeira cresce em todo o leste da Amazônia, desde a Guiana Francesa até o Brasil. Por aqui, é nativa do Pará, do Amazonas e do Amapá. É esta palmeira que dá fruto ao tucumã, também conhecido como tucumã-do-Pará.
A polpa da frutinha é bastante oleosa, assim como a semente – cujo óleo serve, inclusive, para a produção de biodiesel. Mas o destaque do tucumã está nos betacarotenos, que lhe garantem a coloração alaranjada: a quantidade presente na fruta ultrapassa a da cenoura, da goiaba, do espinafre e da pupunha.
Apesar da mais conhecida ser o tucumã-do-Pará, outra espécie relevante da palmeira é o tucumã-do-Amazonas. O tucumã floresce entre março e julho, mas pode frutificar durante o ano inteiro.
Essa riqueza amazônica tem potencial de integrar várias formulações, das farmacêuticas às cosméticas. Saiba mais sobre os benefícios do tucumã à saúde e conheça formas de incluir a frutinha na sua dieta.
Benefícios do tucumã para a saúde
Grande parte dos efeitos positivos do consumo de tucumã se devem ao alto teor de betacaroteno contido na fruta. Esse tipo de pigmento existe naturalmente em uma variedade de frutas e legumes, como a cenoura, a laranja, o tomate ou o brócolis.
O betacaroteno funciona como uma pró-vitamina A, ou seja: ao ser ingerido, converte-se na vitamina A, essencial para o bom funcionamento do sistema imune e para a saúde dos olhos.
A estimativa é de que, em 100 gramas da polpa do tucumã, haja mais vitamina A do que a quantidade nutricional necessária diariamente, que é de 700 microgramas para mulheres e de 900 microgramas para homens.
A frutinha contém ainda vitaminas dos complexos C e E, fibras, potássio e cálcio. Por ser uma oleaginosa, há também muitos ácidos graxos na polpa e na semente. Assim, o tucumã é bastante calórico.
Na indústria farmacêutica e cosmética, os óleos extraídos do tucumã e da sua semente servem como ingrediente para sabonetes, cremes corporais e hidratantes. Estudos indicam que o óleo tem potencial de reduzir melasmas na pele.
Os flavonoides são as substâncias responsáveis pelo caráter antioxidante do tucumã. Esses compostos apresentam propriedades de proteção ao DNA contra os radicais livres, que causam envelhecimento e estão relacionados a uma porção de doenças crônicas.
Em pesquisas feitas em laboratório, o tucumã demonstrou boa atividade antifúngica e antibacteriana. Embora esses resultados não possam ser extrapolados para humanos por enquanto, em estudos com ratos, a fruta exibiu efeitos anti-inflamatórios e neuroprotetores.
Quando aplicada em camundongos com diabetes, ajudou a melhorar níveis de insulina e a diminuir a glicose. Também reduziu o colesterol e protegeu contra efeitos colaterais do diabetes.
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Tucumã no prato – mas muito além dele
Do tronco ao fruto, o tucumã faz parte da cultura tradicional de comunidades de agricultores, indígenas, quilombolas e ribeirinhos da região amazônica. Enquanto as frutas são usadas para compor pratos doces e salgados, o restante da palmeira ganha serventia da construção de casas ao artesanato.
As receitas com o tucumã podem ser doces: sorvetes, cremes, geleia ou sucos. Mas o tucumã também brilha como ingrediente salgado, como recheio de sanduíches, molho em sopas, e como acompanhamento para a farinha de mandioca.
O tucumã pode ser usado como corante natural, evitando ingredientes artificiais, e o óleo do tucumã também pode servir de substituto para o azeite de palma em receitas.
Já o caroço do tucumã se transforma em joias pelas mãos de artesãos locais. Anéis, colares, pulseiras e outros adereços são feitos da semente. As folhas da palmeira tornam-se redes de pesca, sacolas e cordas, e o tronco serve para construções.