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Meta de garantir bem-estar de galinhas ainda caminha a passos lentos

Apesar de avanços, migração para sistemas de criação mais dignos enfrenta barreiras no país

Por Lucas Rocha
9 out 2024, 09h28
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Redes falham em fornecer atualizações sobre seus progressos rumo a sistemas livres de gaiolas (Fotos: DenisMArt/Getty Images e Alex Silva/Veja Saúde)
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A preocupação com a origem e as condições de produção dos alimentos, cada vez mais prioritária para os consumidores, é indissociável do bem-estar dos animais.

Desde 2015, cerca de 200 empresas nacionais dos setores alimentício e de hotelaria assumiram o compromisso de utilizar e vender apenas ovos de galinhas criadas em sistemas livres de gaiolas.

Contudo, um levantamento da ONG de proteção animal Alianima revela que ao menos sete em cada dez redes ainda falham em fornecer informações a respeito ou atualizações sobre seus progressos.

“Incentivar o varejo impulsiona os produtores a adotarem sistemas que considerem esses aspectos, além de tornar o processo mais justo, uma vez que responsabiliza toda a cadeia, e não apenas o produtor rural”, destaca Patrycia Sato, diretora técnica da Alianima.

A mudança é lenta, mas parece ser irrefreável.

“Com a geração de ciência, tecnologia, inovação, adequada comunicação e amparo legal e técnico, esse processo de transição poderá ser um sucesso”, projeta o doutor em zootecnia João Dionísio Henn, analista de transferência de tecnologia da Embrapa.

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Clique para ampliar (Foto: Editoria de Arte/Veja Saúde)

Evolução

Há décadas atrás, a avicultura era bem diferente.

“A partir dos anos 1940 a 1960, com os sistemas extensivos, animais soltos e misturados com outros animais domésticos e silvestres, e de baixa produtividade, com 70 a 80 ovos por ano por galinha e mortalidade alta de 20% a 40%”, pontua Henn.

Um marco tecnológico importante neste período foi a intensificação da produção, com adoção do confinamento em gaiolas e automatização de diversas operações, como recolha dos ovos, fornecimento de ração e água, além da retirada de dejetos.

Neste modelo, foi possível reduzir a demanda de trabalho, obter uma produção mais higiênica e diminuir a incidência de doenças e a mortalidade. Este sistema seguiu evoluindo, com grandes contribuições da genética, nutrição, instalações e ambiência e outras áreas.

“Atualmente, as poedeiras produzem até 500 ovos por ciclo produtivo, com mortalidade de 6% a 8% até os dois anos de idade, quando acaba ciclo produtivo”, explica o analista.

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Assim, a produção no Brasil atingiu 54 bilhões de ovos por ano, com um consumo médio de 242 ovos por brasileiro por ano.

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Com a evolução da sociedade e a preocupação com a origem dos alimentos, especialmente com o bem-estar animal, alguns países passaram a reavaliar os sistemas de produção de ovos.

No Brasil, a discussão ganhou força a partir do pacto firmado pelas empresas que prevê que, a partir de 2025, elas compre apenas ovos livres de gaiolas.

“Então, as galinhas foram para as gaiolas e agora estão saindo das gaiolas, para sistemas com maior bem-estar animal, atendendo as demandas atuais. Também já se observa o movimento de grandes produtores de ovos neste sentido. Estes assumem importante papel pedagógico de estimular aos demais, pela visibilidade que obtém e das vantagens comerciais”, pontua Henn.

O analista da Embrapa enfatiza que essas transformações se estendem aos demais alimentos, produtos e serviços da agropecuária brasileira. Há uma busca por produção sustentável e por atender questões sociais e ambientais (ESG) e objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS).

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Clique para ampliar (Foto: Editoria de Arte/Veja Saúde)

Desafios

No Brasil, a produção de ovos para consumo é praticada por grande número de produtores, nas cinco regiões geográficas, com diferentes escalas, clima, níveis tecnológicos e acesso aos mercados.

Nesse cenário, um caminho possível para uma transição saudável seria um esforço da cadeia produtiva do ovo, aproveitando a experiência já produzida por alguns países, observando erros e acertos, adaptada às diferentes realidades nacionais.

“O desafio é fazer uma transição, que se mostra necessária, para que seja bom para animais, produtores, consumidores e demais elos da cadeia”, elenca.

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A mudança gera incertezas de mercado, demanda investimentos e conhecimento técnico, além de poder levar a alterações em preços e possível redução de plantéis de poedeiras.

“Promover estudos de impactos desta transição são outro desafio a ser superado, com avaliação dos impactos e benefícios. Para ser bem executada, essa mudança tem que ser gradual”, afirma Henn.

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Novas exigências virão e demandarão esforços para a melhoria dos processos de produção de ovos. Contudo, é preciso começar.

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