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Hábito de tomar café pode reduzir risco de arritmia, diz estudo

A bebida sempre gerou desconfiança quando o assunto é o impacto no coração. Mas está cada vez mais claro que o consumo moderado é protetor

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 29 jul 2021, 19h15 - Publicado em 29 jul 2021, 15h45
xícara de café com grãos da bebida ao redor dela
Consumo da bebida foi associado a redução do risco de desenvolver arritmia cardíaca. (Foto: Dercilio/SAÚDE é Vital)
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Vira e mexe o café é ligado a benfeitorias à saúde – desde que apreciado com moderação. No ano passado, um estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e do Instituto Norueguês de Saúde Pública, encontrou uma relação entre tomar a bebida e uma maior expectativa da vida – com vantagens para o tipo filtrado. Agora, dados publicados no periódico Jama Internal Medicine sugerem que o café teria um efeito protetor quando o assunto é arritmia cardíaca.

Apesar de algumas limitações, trata-se de uma pesquisa robusta. Os quase 400 mil participantes foram selecionados a partir de um banco de dados genético britânico, o UK Biobank, o que colabora para uma diversidade de pessoas envolvidas.

“Eles buscaram homens e mulheres com idade média de 56 anos e com diferentes variações genéticas. Isso porque há organismos que metabolizam melhor a bebida, outros menos”, avalia Olga Ferreira de Souza, cardiologista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj). “Em algumas pessoas, o café pode aumentar o automatismo das células do coração, elevando a frequência cardíaca”, exemplifica a médica.

Em aproximadamente três anos, 16 979 dos participantes desenvolveram a arritmia. Mas, ao cruzar os dados, os cientistas notaram que, para cada xícara adicional de café consumida, o risco de o problema dar as caras caía 3%.

Na prática, esses dados podem mudar o comportamento do médico ao abordar doenças cardíacas. “Sempre se recomendou aos pacientes com algum grau de arritmia que deixassem de tomar café, mas nunca houve uma evidência robusta sobre o assunto. Uma pesquisa antiga americana chegou a apontar que 79% dos cardiologistas sugeriam interromper ou reduzir o consumo da bebida”, conta a expert da Socerj.

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Não é de hoje que o café fica cada vez mais distante da lista de vilões para o peito. Alguns estudos menores já indicavam que sua influência poderia ser neutra ao coração. “Esse estudo dá o primeiro sinal de que não é preciso proibi-lo quando se investiga uma arritmia, a não ser que o indivíduo relate que sente palpitação após consumir a bebida. Ou seja, não é preciso generalizar tanto”, afirma Olga.

+ LEIA TAMBÉM: O melhor café para a sua saúde

A máxima de que todo abuso pode prejudicar o organismo deve ser levada em conta antes de encher a próxima caneca. “O ideal é consumir de três a cinco xícaras por dia. É uma bebida com potencial antioxidante, que promove bem-estar. O problema é tomar 10 ou até 15 doses por dia. Com certeza o exagero vai gerar desconforto e alterações na saúde”, pontua a cardiologista.

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Limitações

Esse estudo avaliou apenas o consumo de café, o que não inclui produtos que possuem cafeína em sua composição, como energéticos, chocolate e refrigerantes à base de cola. A pesquisa também não indicou qual o melhor tipo da bebida (coado ou expresso, por exemplo) e dependeu apenas do relato dos entrevistados.

Quais os riscos da arritmia?

A arritmia é quando o coração bate de forma descompassada. Há aquelas de menor risco e as que podem provocar uma morte súbita. “Elas se diferenciam pela origem no coração, nos átrios ou ventrículos, pela gravidade e pelo mecanismo de ação”, explica Olga. As mais frequentes são as que ocorrem nos átrios, como a fibrilação atrial, que é vista como uma epidemia no mundo, segundo a cardiologista.

“A vida moderna e os fatores de risco que carregamos, como hipertensão, diabetes, tabagismo e exagero na bebida, estão relacionados à doença”, relata Olga. “É como uma atividade elétrica desordenada do coração, capaz de levar a um acúmulo de sangue no átrio e a formação de um coágulo. Este pode chegar ao cérebro e causar um AVC [acidente vascular cerebral]”, completa a médica.

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Há tratamento, mas o problema é que, em 30% dos casos, a condição não dá sintomas. Assim, muita gente nem chega a saber que tem a doença. Daí a importância de realizar um checkup cardiológico, que contempla avaliações do ritmo cardíaco e da anatomia do coração.

“É fundamental que as pessoas aprendam a verificar o pulso e procurem um especialista sobretudo se tiverem histórico familiar. Os portadores da doença devem fazer checkups constantes”, reforça Olga, que inclusive falará sobre fibrilação atrial no 38º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), que ocorrerá entre 9 e 12 de agosto.

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