Fosfatidilserina: suplemento não tem eficácia comprovada
Estudos sugerem benefícios cognitivos e físicos da substância, que pode ser encontrada naturalmente em alguns alimentos
Substância química importante para várias funções corporais, a fosfatidilserina é essencial para a estruturação das células e a comunicação celular. O corpo produz esse fosfolipídio, mas a quantidade diminui com o envelhecimento.
Com a redução, as células nervosas ficariam mais suscetíveis a lesões. Por isso, a suplementação de fosfatidilserina seria uma forma de reforçar funções cognitivas, como a habilidade de criar memórias e de recuperar informações, bem como a capacidade de comunicação e concentração.
Entretanto, ainda faltam evidências científicas consolidadas para recomendar a ingestão de suplementos de fosfatidilserina. A alternativa mais saudável é buscar aumentar a quantidade de alimentos que contêm a substância na dieta.
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Para que serve a fosfatidilserina?
Desde os anos 1980, testes clínicos investigam o papel da fosfatidilserina em casos de doença de Alzheimer e declínio cognitivo. Há sugestão de alguns benefícios do uso do suplemento em pacientes com declínio cognitivo leve.
A fosfatidilserina poderia ajudar a melhorar capacidades de memória, aprendizado e fluência verbal. Outros estudos sugeriram que a fosfatidilserina atua nos sintomas do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) em crianças.
As pesquisas indicam também que a substância atua reforçando habilidades de aprendizado visual, atenção, comunicação e socialização, bem como reduzindo a apatia.
Outras hipóteses são de que a fosfatidilserina ajudaria atletas de alto rendimento, já que induz a resposta anti-inflamatória do corpo e pode melhorar a resposta endócrina ao estresse. A eficácia ainda é estudada nesses casos.
Evidências limitadas e cuidados no uso da fosfatidilserina
De forma geral, por ora, os resultados científicos ainda não permitem afirmar com certeza que a fosfatidilserina serve de tratamento ou prevenção para a demência e outros transtornos cognitivos.
Por mais que a substância seja considerada segura, as pesquisas envolvendo a fosfatidilserina ainda são esparsas e, em geral, são conduzidas com poucos participantes.
Por isso, a evidência da eficácia da suplementação da substância ainda é bastante limitada. Em todo caso, a regra é consultar o médico antes de incluir o suplemento na rotina.
Grávidas ou lactantes devem evitar o consumo da fosfatidilserina. Pessoas com alergia a frutos do mar também precisam ter cuidado, já que algumas marcas do suplemento podem conter derivados de peixes. Medicamentos anticolinérgicos podem interagir com a fosfatidilserina.
Quais alimentos contém fosfatidilserina?
A fosfatidilserina pode ser encontrada naturalmente em alguns alimentos. Como ainda são necessárias mais evidências dos efeitos da suplementação da substância isolada, aumentar a quantidade desses ingredientes na dieta é uma opção mais segura e econômica.
Alimentos que contém fosfatidilserina incluem:
- Peixes;
- Carne vermelha – principalmente nas vísceras, como fígado, rins, coração e baço;
- Gema de ovo;
- Soja;
- Leite.
Inicialmente, os suplementos de fosfatidilserina eram produzidos a partir do cérebro de bovinos. Pelo risco de doenças infecciosas, a indústria passou a produzir a substância principalmente com lecitina de soja.