Dá para minimizar os efeitos do álcool no organismo?
Endocrinologista aponta os impactos da bebida no corpo e ensina estratégias para um consumo mais consciente
O consumo de álcool é uma prática social comum, mas seus efeitos no organismo variam entre indivíduos e podem ser potencialmente prejudiciais, especialmente quando há exagero.
As diferenças entre homens e mulheres, o impacto de beber com ou sem alimentos no estômago e estratégias para prevenir e tratar a ressaca são aspectos importantes para um consumo mais consciente. Vamos explorar essas questões com mais profundidade.
Impactos entre homens e mulheres
O álcool afeta os sexos de forma distinta devido a questões fisiológicas, metabólicas e hormonais:
Composição corporal:
As mulheres possuem uma menor porcentagem de água corporal (50-55%) em comparação aos homens (60-65%). Como o álcool é diluído na água, as mulheres acabam com uma maior concentração de álcool no sangue após beberem a mesma quantidade.
Metabolismo do álcool:
As mulheres têm menor atividade da enzima responsável por metabolizar o álcool no estômago e fígado, resultando em maior absorção do álcool na corrente sanguínea.
Influência hormonal:
Durante o ciclo menstrual, especialmente na fase lútea, e com o uso de anticoncepcionais, o metabolismo do álcool pode ser mais lento devido ao aumento de estrogênio e progesterona.
Riscos a longo prazo:
As mulheres são mais suscetíveis a complicações relacionadas ao álcool, como danos hepáticos (esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose), problemas cardiovasculares e neurotoxicidade.
Implicação prática:
Devido a essas diferenças, os limites de consumo recomendados são mais baixos para mulheres. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere até uma dose padrão por dia para mulheres (14 g de álcool puro) e até duas doses para homens.
E, mais recentemente, se introduziu o conceito de que não existe dose segura: qualquer consumo pode trazer risco.
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Beber de estômago vazio: um erro comum
Quando o estômago está vazio, o álcool passa rapidamente para o intestino delgado, onde é absorvido mais eficientemente, resultando em um aumento mais rápido dos níveis de álcool no sangue. Ou seja, seus efeitos são intensificados.
Confira alguns impactos de beber sem comer:
- Maior irritação da mucosa gástrica, causando náuseas e dor abdominal.
- Queda mais pronunciada dos níveis de glicose no sangue, agravando sintomas como tontura e fadiga.
- Risco maior de embriaguez e ressaca severa.
E os alimentos que ajudam a reduzir os impactos do álcool:
- Proteínas e gorduras saudáveis: ovos, abacate e nozes formam uma barreira no estômago, retardando a absorção do álcool.
- Carboidratos complexos: batata-doce e pão integral fornecem energia sustentada e estabilizam os níveis de glicose.
- Frutas ricas em potássio: bananas e laranjas ajudam a reidratar e equilibrar os eletrólitos.
Coma uma refeição balanceada pelo menos 30 minutos antes de beber e evite alimentos gordurosos em excesso, que podem sobrecarregar o fígado.
Dicas para aliviar os efeitos da ressaca
A ressaca é causada por desidratação, perda de eletrólitos, hipoglicemia e acúmulo de subprodutos tóxicos do álcool, como o acetaldeído.
Algumas estratégias podem aliviar os sintomas e acelerar a recuperação:
- Reequilibre os níveis de glicose: consuma carboidratos simples e complexos, como frutas (banana, maçã) e torradas integrais. O mel é uma fonte rápida de glicose e frutose e pode ser adicionado a chás.
- Reponha eletrólitos e vitaminas: água de coco e isotônicos ajudam na reidratação.
- Consuma alimentos ricos em potássio (banana, abacate) e magnésio (espinafre, castanhas).
- Hidrate-se bem: beba 1-2 copos de água em jejum ao acordar e mantenha a hidratação ao longo do dia.
- Chás como gengibre (para reduzir náuseas) ou camomila (para relaxamento) também ajudam.
- Priorize o descanso: o álcool prejudica a qualidade do sono, especialmente o sono REM, essencial para a recuperação. Durma em um ambiente tranquilo e evite cafeína, que pode piorar a insônia.
Suplementos que podem ajudar:
- Silimarina: protege o fígado e auxilia na regeneração hepática.
- N-Acetilcisteína (NAC): estimula a produção de glutationa, ajudando na desintoxicação do fígado.
- Magnésio e potássio: reequilibram eletrólitos perdidos.
- Gengibre em cápsulas: alivia náuseas e melhora a digestão.
Em suma, o álcool de formas diferentes em homens e mulheres, sendo mais prejudicial quando consumido de estômago vazio. Para minimizar os impactos, é fundamental consumir alimentos adequados antes e durante o consumo de álcool, manter a hidratação e adotar estratégias de recuperação.
Mais importante, beber com moderação é a chave para proteger a saúde e evitar os desconfortos da ressaca.
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)