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Entenda a relação entre saúde mental e doenças autoimunes

Psiquiatra analisa como estresse e outras questões podem impactar evolução de doenças autoimunes, que prejudicam articulações e causam dor crônica

Por Larissa Beani Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
9 out 2023, 17h35
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Transtornos mentais podem influenciar curso de doenças reumáticas. Entenda essa relação (Ben Blennerhassett/Unsplash/Reprodução)
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Pouco se sabe sobre as causas de doenças reumáticas, mas há um consenso entre os médicos e pesquisadores de que o estresse pode ser um gatilho para o aparecimento dos sintomas em pessoas que já são geneticamente predispostas.

Não raro, aqueles que convivem com males como lúpus, artrite reumatoide e fibromialgia também lidam com quadros de depressão e ansiedade.

“Tratar a pessoa com problemas reumáticos adequadamente é muito importante do ponto de vista psiquiátrico”, afirma Murilo Ferreira Caetano, psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG).

+ Leia mais: Como o brasileiro cuida da saúde mental?

O especialista esteve presente no 40º Congresso Brasileiro de Reumatologia para discutir a interseção entre saúde física e mental. À VEJA SAÚDE, ele fala sobre a importância da saúde mental no controle destas condições. 

VEJA SAÚDE: Como a saúde mental afeta e é afetada por condições reumáticas?

Murilo Caetano: Qualquer situação de estresse crônica pode provocar modificações neurobiológicas.

Isso porque, quando o organismo se sente ameaçado, ele produz altos níveis de cortisol [popularmente conhecido como “hormônio do estresse”] a fim de se preparar para enfrentar a adversidade.

Em quantidades adequadas, esse hormônio tem efeito anti-inflamatório. Mas, quando é liberado em  excesso, ele pode contribuir justamente para o contrário: torna o indivíduo mais susceptível a inflamações.

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Então, ao passar por uma fase de muito estresse, podemos literalmente nos inflamar. E essa atividade inflamatória aumentada contribui para o desenvolvimento de uma série de condições reumáticas.

Da mesma forma, estas doenças também aumentam o nosso estresse, elevando o risco de desenvolvimento de quadros depressivos e ansiosos.

Quais doenças estão mais fortemente associadas a condições psiquiátricas?

A maioria dos estudos publicados são sobre a saúde mental de pacientes com lúpus, artrite reumatoide, espondilite anquilosante e fibromialgia.

+ Leia mais: O labirinto de quem convive com uma doença rara e autoimune

Não há tantas informações sobre doenças mais raras. Mas, quanto mais sistêmica for a condição (ou seja, quanto mais partes do corpo ela afetar), maior será a probabilidade da pessoa que a tem conviver com problemas neuropsiquiátricos.

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Quais sintomas psiquiátricos estão mais associados a doenças reumáticas?

Os mais comuns são os sintomas depressivos e ansiosos, além de fadiga e insônia.

A psicose também pode aparecer em algumas doenças, como o lúpus, podendo acometer até 10% dos portadores.

Essas queixas têm relação com o risco de suicídio?

Sim. Além da depressão, dores intratáveis e crônicas também são um fator de risco para o suicídio — uma das principais causas de morte no mundo, especialmente entre jovens.

Por isso, tratar a pessoa com problemas reumáticos adequadamente é muito importante do ponto de vista psiquiátrico.

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+ Leia mais: Antes do suicídio: o que dizer e o não dizer para alguém em risco

É preciso envolver os familiares e amigos nesse tratamento, contribuindo para uma melhor integração social do indivíduo, que muitas vezes pode se sentir isolado pela doença.

Melhorar a qualidade de vida é fundamental para que nós, profissionais da saúde, possamos fazer o que fazemos: salvar vidas.

E como as pessoas podem lidar melhor com suas doenças — tanto no manejo dos sintomas como na aceitação das condições?

Não há um caminho simples e fácil que valha para todos, porque cada pessoa carrega uma bagagem própria da sua vida.

Às vezes, a mãe ou o pai sofreram muito com uma determinada doença e, quando o indivíduo adoece da mesma enfermidade, já há toda uma carga emocional que pode influenciar na forma como ele vai enfrentá-la.

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Então, temos que conhecer bem o nosso paciente, antes de tudo. A partir da história de vida e das dificuldades que ele tem no presente, conseguimos direcionar cada um para uma melhora da saúde mental.

Quais medidas podem ajudar a tratar a saúde física e mental dessas pessoas?

Estimular o sono de qualidade, praticar exercícios físicos, formar vínculos, exercer a espiritualidade individual… É importante cuidar de si.

Existem algumas condições específicas em que os cuidados medicamentosos psiquiátricos se fazem totalmente necessários. Para isso, é preciso que a pessoa seja corretamente encaminhada para o tratamento.

Rever laços, rotina e propósitos para viver acaba sendo uma experiência transformadora.

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