Depressão não é tudo igual: estudo traça 6 perfis da doença
Eles afetam de maneira diferente nosso cérebro
Após perder seu parceiro para a depressão, a psiquiatra americana Leanne Williams mergulhou no tema para entender como poderia ajudar os 300 milhões de pessoas que lidam com a doença no mundo.
Em artigo publicado na respeitada Nature Medicine, ela e sua equipe propõem uma nova forma de classificar a condição. Com base em exames de ressonância magnética de 801 pacientes, foram identificados seis padrões de atividade cerebral distintos ligados ao transtorno.
“É a primeira vez que demonstramos que a depressão pode ser explicada por diferentes perturbações no funcionamento do cérebro”, destaca a médica, professora da Universidade Stanford, nos EUA. Os autores esperam que, ao reconhecer essas distinções, seja possível orientar tratamentos mais eficazes a cada perfil.
Para Marcos Gebara, presidente da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio de Janeiro (Aperj), a investigação de Williams traz grandes contribuições à conectômica, o ramo da neurociência que estuda as conexões da complexa rede do nosso sistema nervoso.
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“Nosso cérebro possui uma rede de comunicação muito intricada, mas que pode ser mapeada de forma muito satisfatória por meio de técnicas de neuroimagem“, explica Gebara, que não participou da pesquisa. “Hoje, conseguimos distinguir quais áreas cerebrais estão conectadas umas às outras para executarmos determinadas tarefas”.
A técnica de identificação e os próprios padrões detalhados pelo estudo, no entanto, ainda precisarão passar por diversas etapas até chegar ao atendimento nos consultórios. “Os achados precisam ser reproduzidos em larga escala para que os biotipos sejam validados”, ressalta o psiquiatra brasileiro.
A seguir, conheça as principais características dos perfis definidos pelos pesquisadores americanos.
Seis perfis
Biotipos foram definidos a partir de alterações cerebrais
Biotipo A
O indivíduo está mais suscetível a falhas em atividades que exigem atenção — e sua central de comando é mais lenta.
Biotipo B
Foco também não é o forte desse perfil, que não responde bem à psicoterapia comportamental.
Biotipo C
A ruminação e a perda de prazer derivam de um estado de hiperatividade no campo emocional.
Biotipo D
Aqui, as regiões do cérebro mais ativas são as cognitivas, levando a um comportamento mais ansioso.
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Biotipo E
Menor tendência ao pensamento ruminante e capacidade cognitiva reduzida são as marcas desse perfil.
Biotipo F
As mudanças cerebrais são mais difusas. Novos estudos estão sendo feitos para caracterizá-las com profundidade.