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Compulsão alimentar pode piorar com remédios para emagrecer

A terapia psicológica deve vir antes da farmacoterapia para garantir resultados sustentáveis e evitar riscos

Por Bacy Fleiltich-Bilyk, psiquiatra, via Brazil Health*
Atualizado em 31 jul 2025, 10h53 - Publicado em 31 jul 2025, 10h52
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A compulsão alimentar tira a paz na hora de comer (Ilustração: Veja Saúde/Veja Saúde)
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Nas últimas décadas, os avanços na farmacoterapia para obesidade e transtornos alimentares trouxeram novas possibilidades de tratamento — mas também novos riscos.

Medicamentos como os agonistas do receptor GLP-1 (semaglutida, liraglutida e tirzepatida) e estimulantes como a lisdexamfetamina ganharam notoriedade por sua capacidade de induzir perda de peso ou reduzir episódios de compulsão alimentar.

No entanto, quando falamos de transtornos alimentares — como o Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), a bulimia nervosa e a anorexia nervosa — a introdução precoce de medicamentos, sem tratamento psicoterapêutico adequado, pode agravar o quadro clínico em vez de melhorá-lo.

A psicoterapia como primeira linha de tratamento

Estudos recentes reforçam que a primeira linha de tratamento para o TCAP não é medicamentosa, mas sim baseada em abordagens psicológicas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), intervenções psicoeducativas e programas estruturados de autoajuda.

Essas estratégias abordam as causas emocionais da compulsão alimentar — muitas vezes relacionadas a traumas, baixa autoestima ou dificuldades de regulação emocional — e promovem mudanças sustentáveis no comportamento alimentar.

Somente quando essas abordagens se mostram insuficientes é que a introdução de medicamentos, como a lisdexamfetamina (única aprovada especificamente para TCAP nos EUA e no Brasil), pode ser considerada.

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+Leia também: Transtornos alimentares: quando há emoção na alimentação

Risco do uso precoce de medicamentos

O uso direto de medicamentos com potencial anorexígeno — incluindo os injetáveis para emagrecimento — gera preocupações, especialmente quando o paciente apresenta distorções de imagem corporal ou histórico de transtorno alimentar.

Um indivíduo com sinais iniciais de anorexia ou bulimia pode recorrer a esses fármacos por conta própria, experimentar uma perda de peso rápida e, a partir disso, desencadear um transtorno alimentar em sua forma plena.

Da mesma forma, pacientes com TCAP que utilizam medicamentos antes de compreender as causas de sua compulsão podem apenas mascarar os sintomas temporariamente, sem modificar os fatores psicológicos subjacentes.

Isso aumenta o risco de recaídas ou de substituição do comportamento, como uso abusivo de laxantes, vômitos induzidos ou dietas restritivas extremas.

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Foco no emagrecimento pode reforçar distorções

Para pacientes com anorexia ou bulimia, o foco no emagrecimento reforça justamente a lógica distorcida que sustenta o transtorno.

Muitos desses indivíduos não precisam perder peso — ao contrário, já apresentam índice de massa corporal (IMC) perigosamente baixo. Nesses casos, é essencial trabalhar a percepção corporal, o medo de engordar e os comportamentos compensatórios antes de considerar qualquer intervenção farmacológica.

Cuidado integral

Tratar primeiro — compreender o quadro clínico, acompanhar a evolução e oferecer escuta qualificada — é o que permite resultados mais duradouros e a prevenção de riscos iatrogênicos, aqueles induzidos pelo próprio tratamento.

Nos transtornos alimentares, o medicamento pode ter papel coadjuvante, mas nunca deve substituir o processo terapêutico baseado no cuidado, na escuta e na abordagem multidisciplinar que cada paciente merece.

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*Bacy Fleiltich-Bilyk é psiquiatra, especialista em transtornos alimentares, mestre e doutora (PhD) em Psiquiatria da Infância e Adolescência pelo King’s College London

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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