Cerca de 20% dos acidentes de trânsito que ocorrem em todo o país estão relacionados a cansaço e distúrbios do sono, estima a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). Para dar um novo rumo às estatísticas, a instituição uniu forças com a Academia Brasileira de Neurologia no lançamento da campanha Não Dê Carona ao Sono.
Como parte da iniciativa, 495 pessoas foram entrevistadas para caracterizar o comportamento e as condições dos motoristas do Brasil. No começo, tudo parecia estar na direção certa: aproximadamente 70% dos voluntários afirmaram que tentam dormir entre sete e oito horas por noite, o recomendado pelos experts no assunto.
Porém, mais algumas perguntas e o problema se tornou evidente. Hoje, 60% dessa turma só consegue ficar na cama de quatro a seis horas diárias, o que prejudica a atenção e os reflexos necessários para pegar no volante.
E não para por aí, viu? De cada dez participantes, sete sentem que não dormiram o suficiente mais de uma vez na semana — quase 40% deles conhecem alguém que já se acidentou na estrada por estar sonolento.
Aliás, passar a madrugada em claro foi apontado como um fator corriqueiro em 60% dos questionários respondidos. Não à toa, insônia e sonolência excessiva diurna (SED) foram os distúrbios do sono mais citados.
A pesquisa também revela algumas das estratégias mais empregadas pela população para driblar a fadiga durante o percurso: cantar, ouvir música alta e mascar chiclete, além do tradicional pit-stop para um cafézinho (35%). Mas que fique claro: se o cansaço bate forte, nenhuma dessas táticas é segura. O ideal é parar o veículo para repousar ou, melhor ainda, optar pelo transporte coletivo — e dormir bem à noite, claro.