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Como prevenir os 5 acidentes que mais matam crianças no Brasil

Sociedades médicas lançam campanha que ensina pais a protegerem seus filhos desde a infância até a adolescência

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 15 jan 2020, 12h23 - Publicado em 12 out 2019, 08h15

De acordo com a ONG Criança Segura, acidentes são hoje a principal causa de morte de brasileiros de 1 a 14 anos, ficando na frente até mesmo de doenças e violência. Pensando nisso, a nova campanha promovida até o fim de outubro pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e pela Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP) ensina a proteger a molecada desse perigo.

Ainda segundo a ONG, cerca de 3,6 mil garotos e garotas morrem e outras 111 mil são hospitalizadas todo ano no país devido a quedas, afogamentos, queimaduras

“Uma das nossas preocupações é trabalhar com prevenção. Sabemos que é mais fácil e barato precaver que tratar”, comenta o ortopedista Sandro Reginaldo, presidente da Comissão de Campanhas Públicas da SBOT.

O especialista explica que o objetivo não é criar pânico na população. “A gente quer levar informação que ajude a evitar lesões ou reduzir a gravidades delas”, complementa.

SAÚDE conversou com o ortopedista para descobrir como prevenir os cinco tipos de acidentes que mais causaram óbitos infantis em 2017, ainda segundo levantamento da ONG Criança Segura, realizado através de informações do DataSUS:

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5º lugar: Quedas (181 óbitos)

Apesar de estar em quinto lugar no ranking de mortes, as quedas são campeãs em hospitalizações: foram 51 374 em 2018, representando quase a metade do total (46,1%).

Elas até são consideradas comuns na infância. Afinal, é difícil brincar sem nunca levar um tombo. “Algumas coisas são inevitáveis. Não estamos propondo colocar a criança numa bolha”, aponta Reginaldo.

Aqui, a recomendação da SBOT e da SBOP serve para minimizar estragos maiores. “Deve-se usar equipamentos de proteção ao andar de bicicleta, patinete e patins. É o caso de capacete, protetor de punho, joelheira e cotoveleira”, instrui o profissional.

Se porventura houver uma fratura (ou uma suspeita dela), Reginaldo sugere imobilizar o membro atingido até um profissional dar uma olhada na situação. “O que gera a dor é o movimento. Mesmo que o membro esteja torto e feio de olhar, se estiver paradinho, geralmente não ocorre repercussão”, tranquiliza o médico.

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4º lugar: Queimaduras (217 óbitos)

Responsáveis por 18,4% das internações em 2018 (20 605), as queimaduras são um problema grave. Existe até um dia instituído por lei dedicado à luta contra elas (6 de junho).

“Os pais precisam impedir o acesso a caixas de fósforo e ferro de passar roupa em casa. E as panelas no fogão sempre devem estar com os cabos voltados para dentro, nunca para fora”, ensina Reginaldo.

Os momentos críticos são os períodos de festa junina e fim de ano. “Tomem cuidado com o manuseio de fogos de artifício. Os pequenos têm que usar apenas as bombinhas de menor impacto que forem adequados à idade, além de não estourarem nada na mão”, orienta o membro da SBOT. Isso se você achar válido colocar a criança em contato com esses objetos.

Se um acidente acontecer, o ideal é colocar a queimadura em água corrente até conseguir suporte médico. Isso ajuda a deixar a pele hidratada. Também vale dar um analgésico para lidar com a dor.

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“Se você estiver em um lugar que o socorro demora para chegar, faça um curativo com gaze bem umedecida de soro para manter a hidratação. Não passe nenhuma pomada, borra de café ou pasta de dente”, afirma Reginaldo.

3º lugar: Sufocação (777 óbitos)

Apenas 0,4% das crianças (477) são internadas por sufocação. O chocante é que, entre as que perdem a vida, 89,6% são menores de 4 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o engasgamento é o tipo de ocorrência que deixa essa faixa etária mais vulnerável.

“Os mais novinhos correm perigo pelo engasgamento não só com comida, mas com objetos pequenos. Eles passam pela fase de colocar tudo na boca, então podem engolir qualquer coisa e obstruir as vias aéreas”, lembra o especialista.

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Evitar esse problema envolve prestar atenção nos acessórios das roupas e peças pequenas de brinquedos, nunca dar ou deixar que a criança se alimente deitada e não oferecer comida enquanto ela estiver falando, chorando ou se movimentando.

2º lugar: Afogamento (954 óbitos)

Das cinco situações listadas, o afogamento é a que menos leva a meninada para o hospital — somente 0,2% do total (217). No entanto, ocupa o segundo lugar na quantidade de falecimentos.

“Ao redor de piscinas, não dá para tirar o olho da criança nem por um minuto”, alerta Reginaldo. Ele orienta que, caso não esteja sendo utilizada, seja cercada e coberta.

“Há muitas notícias de morte por afogamento em que os adultos colocam a lona por cima da piscina sem prendê-la. Aí, o pequeno acha é seguro pisar ali e afunda embrulhado nela”, acrescenta o expert.

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Já nas praias, o importante é respeitar a sinalização dos salva-vidas e ser o mais precavido possível com a correnteza do mar.

“Nos rios, geralmente as mortes ocorrem por falhas na segurança. A pessoa está num barco superlotado e sem colete salva-vidas ou decide se aventurar em um local proibido. Se estiver cumprindo as regras, dificilmente vão ocorrer acidentes”, afirma Reginaldo.

1º lugar: Acidentes de trânsito (1 190 óbitos)

Por fim, chegamos ao responsável pelo maior número de mortes de meninos e meninas no Brasil. E, antes de pensar na segurança delas em si, é bom lembrar que trânsito seguro passa primeiramente por respeitar os códigos e leis que envolvem a direção de veículos.

“Partindo do pressuposto que o motorista segue todas as regras, é necessário o transporte adequado de acordo com a faixa etária”, completa o ortopedista. Funciona assim:

  • Menos 1 ano de vida: os bebês devem ser colocados no bebê-conforto.
  • De 1 a 4 anos: a cadeirinha entra em cena.
  • Dos 4 aos 7 e meio: hora de comprar um assento de elevação — também chamado de “booster” —, junto com o cinto de segurança de três pontos.
  • Dos 7 e meio aos 10: a molecada está liberada para usar apenas o cinto.
  • Dos 10 em diante: permissão para sentar no banco da frente.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, de 2010 — ano em que a obrigatoriedade da cadeirinha entrou em vigor — a 2017, a adoção do material para o transporte de crianças de até 7 anos e do cinto de segurança no banco de trás até os 9 anos diminuiu os óbitos infantis em 19%. As internações de menores machucados em estado grave caíram em um terço.

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