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Queimaduras: como tratar e evitar que aconteçam

Quatro em cada dez acidentes do tipo acontecem com crianças. E uma nova cartilha traz os principais cuidados para apagar essa estatística

Por Juan Ortiz, Henrique Kantz e Sílvia Lisboa
Atualizado em 12 out 2019, 10h13 - Publicado em 1 ago 2018, 10h30

É muito comum na temporada das festas juninas, além das quadrilhas e quitutes, surgirem as queimaduras. “O maior problema é o uso do álcool líquido, que as pessoas jogam em fogueiras e churrasqueiras”, aponta a enfermeira Cristina Correa, do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, especializado no atendimento a queimados.

É que, dependendo da direção dos ventos, as chamas atingem quem está em volta. Situações do gênero não são incomuns e fazem muitas crianças de vítimas. Devemos, portanto, trazer à tona o novo manual de prevenção da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), uma cartilha assinada junto a ONGs do setor.

Falamos de um problema de saúde pública – e que não preocupa apenas nos meses frios. De acordo com a SBQ, pelo menos 1 milhão de acidentes acontecem por ano no país. Oito em cada dez ocorrem nas casas das pessoas e 40% atingem crianças. Se o álcool de cozinha é o vilão dos adultos, os menores sofrem com o escaldamento – ou seja, o derramamento de líquidos quentes.

“A criança é curiosa. Se o cabo da panela está virado para a frente no fogão, ela vai tentar pegar”, ilustra o cirurgião plástico Luiz Philipe Molina, presidente da SBQ. Até mesmo banho pode provocar danos em bebês. Nos anos 2000, as queimaduras já figuravam entre as cinco principais causas de morte infantil no Brasil.

Os pequenos também são os mais atingidos por queimaduras de segundo e terceiro graus, conforme indica uma revisão da Escola Superior da Amazônia, no Pará. Além da dor, as lesões podem deixar cicatrizes e contraturas que afetam a autoestima para o resto da vida.

Para conscientizar a população da importância da prevenção, a SBQ lançou, em 2017, o aplicativo Queimei, com informações sobre como evitar explosões, dicas do que fazer em caso de acidente e o endereço de hospitais próximos – o app está disponível gratuitamente para Android e iOS. Com base na cartilha da SBQ, mostramos, a seguir, as principais recomendações para proteger a família o ano inteiro.

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Cuidado com os fósforos e as velas

Primeiro ponto: crianças pequenas não devem manuseá-los. Ao acendê-los, faça isso longe do rosto para não queimar cílios ou cabelos – recado que também vale para isqueiros, cuja chama pode ser regulada. Nada de usá-los em postos de combustível ou para checar o motor do carro. Em relação às velas, nunca durma com elas acesas nem as deixe perto de tapetes, cortinas e lençóis.

O perigo da panela fervente

Ao cozinhar algo, use de preferência as bocas do fundo do fogão e deixe os cabos virados para dentro – assim as crianças não conseguem alcançá-los. No caso das frituras, cuide para o óleo não ferver e levantar labaredas. Se isso ocorrer, cubra a frigideira e espere esfriar – nada de jogar água em cima. E atenção especial à panela de pressão: mantenha a válvula limpa e fique de olho em seu funcionamento.

Distância do botijão

Eis um aparato que exige cautela pelo risco de explosão. Jamais o deixe próximo a uma fonte de calor. O ideal é que ele fique do lado de fora da casa, protegido. Sentiu cheiro de gás vazando? Desligue-o imediatamente. Para verificar se há vazamento mesmo, use espuma de sabão ou detergente no bico. Se formar bolhas, é porque o gás está escapando.

O que não combina com as pipas

Nunca solte papagaio perto de torres de energia, postes ou cabos de alta tensão. Se houver rede elétrica por perto, melhor deixar a pipa em casa. Prefira campos abertos, praias ou parques e jamais tente recuperar uma pipa presa em um poste ou um fio. Se estiver chovendo, mesmo que distante, nada de querer empinar: você pode virar um para-raios.

Atenção à churrasqueira

A prudência manda que as crianças não fiquem próximas ao fogo e à grelha. Tampouco se recomenda acender a churrasqueira com álcool. Sim, ele é até mais fácil de pegar, mas aumenta o risco de queimaduras em mãos, braços e mesmo rosto. Mais uma dica: mantenha tecidos, principalmente de náilon, longe do fogo. Isso também se aplica às lareiras. Falando nelas, sempre use uma grade de proteção para evitar que faíscas se soltem e atinjam o sofá ou uma brasa role para fora.

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Olho vivo em fios e tomadas

Se notar alguma tomada, fio ou qualquer aparelho soltando faísca, desligue-o da tomada e chame um eletricista. Não se distraia ao passar roupas e deixe sempre o ferro em pé. Se possível, mantenha os aparelhos fora da tomada. Além da economia, evita que crianças ou animais se queimem caso mordam os fios. Por falar nos pequenos, nunca deixe tomadas abertas e fios desencapados pela casa. Eles são um convite a acidentes.

Nada de álcool pela casa

Evite usar o produto na limpeza da residência. Substitua-o por limpa-vidros ou por álcool gel, menos inflamável. Se for utilizar, certifique-se de que não haja nada com fogo por perto. O vapor do álcool pode sair da garrafa plástica, ir em direção às chamas e causar uma explosão – qualquer faísca já é suficiente para provocar um acidente. Outro conselho: nunca deixe o produto dando sopa pela casa por causa das crianças.

A temperatura do chuveiro

Especialmente para crianças menores, o recado é testar a água antes de deixá-las entrar no banho. Queimaduras causadas por chuveiro pelando ainda são comuns por aqui. Isso acontece quando a água está acima dos 40 °C, situação que pode provocar lesões de primeiro e segundo graus. O ideal é deixar o chuveiro com no máximo 37 °C. A água morna é uma boa porque, além de evitar riscos, não resseca a pele.

A escala de gravidade

Primeiro grau: Atinge apenas a camada mais superficial da pele, a epiderme, causando vermelhidão e calor local, ardência, inchaço e dor.

Segundo grau: Impacta a camada mais profunda da pele, a derme, e provoca bolhas, inchaço e dor intensa, com perda excessiva de água.

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Terceiro grau: Afeta epiderme, derme e até a musculatura. Não causa dor por lesar os nervos. No lugar da pele, surge uma placa esbranquiçada ou enegrecida.

Os tipos de queimadura

Térmica: Mais comuns, essas queimaduras são causadas pelas chamas do fogo em si ou por objetos muito quentes, como água ou óleo fervendo.

Elétrica: Acidentes do tipo são provocados por descargas de eletrodomésticos, fios desencapados e raios. Estão por trás das queimaduras mais agressivas.

Química: Queimaduras causadas por ácidos e outros produtos químicos. Além do dano na pele, nos olhos e na boca, bagunçam funções básicas do organismo.

O que fazer se você se queimar

Se a queimadura for grave, procure o hospital na hora.

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1. Retire acessórios, como pulseiras e anéis, pois o corpo incha naturalmente após uma queimadura, e esses objetos podem ficar presos.

2. Lave o local atingido com água corrente em temperatura ambiente, de preferência até que a área queimada seja resfriada.

3. Seque com cuidado, sem esfregar para não irritar ainda mais a região lesada. No final, é possível cobrir a lesão com uma gaze.

4. Nada de usar pomadas, pasta de dente, pó de café… Também não estoure bolhas nem cubra o ferimento com algodão ou remova a roupa da vítima.

Em caso de incêndio…

Acione os bombeiros e saia de perto do fogaréu. Nos prédios, prefira sempre as escadas, pois a energia é cortada em casos de grandes incêndios. Num local com bastante fumaça, cubra o nariz e a boca com um pano úmido que funciona como um filtro de ar. E deixe tudo para trás – nada é mais essencial que sua vida.

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Se não conseguir escapar com segurança, fique em um cômodo que não foi afetado. É importante manter as portas fechadas, por causa do fogo e da fumaça. Mas não tranque nada: a ajuda pode entrar por ali. Vede as frestas com cobertores ou roupas umedecidas para não pegarem fogo e deixe as janelas abertas.

Fontes: Manual de Prevenção de Queimaduras da Sociedade Brasileira de Queimaduras; A segurança contra incêndio no Brasil, da PM de São Paulo; Cartilha de Orientações Básicas do Corpo de Bombeiros de São Paulo; Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; What to Do in Case of a Fire, da Universidade de Little Rock (EUA)

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