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A felicidade de hoje não é a mesma de antes

O que é alegria? Pesquisadora mostra como essa definição e o bem-estar em geral mudam com o tempo

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 30 mar 2018, 10h23 - Publicado em 30 mar 2018, 10h23

Lá em 1938, um jornal de Bolton, na Inglaterra, publicou um informe pedindo para que os leitores enviassem cartas sobre o que era mais importante na busca por felicidade. A mesma solicitação foi refeita em 2014 – dessa vez, as pessoas dedilharam suas opiniões nos teclados de computadores, nas telas de celulares…

Diante dessas informações, a psicóloga Sandie McHugh avaliou as diferenças entre os comentários de cada época. “Com base nas palavras mais usadas, percebemos que, atualmente, a felicidade é mais centrada no individualismo”, diz a cientista, que esteve por aqui para uma palestra sobre bem-estar. “Cada local tem suas particularidades, mas imagino que essa tendência individualista pode se aplicar ao Brasil”, conclui.

Compare as expressões mais escritas nos comentários de 1938 e 2014

1938: Paz de espírito, família, ajudar os outros (Noções mais coletivas)

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2014: Família, desenvolvimento pessoal, atividades como fazer esportes, ver TV, viajar… (Noções mais individuais)

Como anda a felicidade em território verde-amarelo

Entrevista Com Sandie McHugh

Psicologia positiva
(Foto: Divulgação/SAÚDE é Vital)

O que a senhora destacaria sobre sua passagem no Brasil?

Durante a minha apresentação no Rio de Janeiro, pedi para os 200 espectadores responderem a um questionário sobre felicidade. Quase 50 o preencheram até o fim. Ainda não dá pra tirar nenhuma conclusão certeira, mas, nesse grupo, o trabalho pareceu ser mais valorizado como forma de alcançar o bem-estar. A família também, porém isso é comum a outros locais.

Mas há algo da felicidade brasileira que se destaque?

O Brasil é o país com mais sorrisos em fotos no Instagram [rede social centrada em fotos e vídeos]. Nós, estrangeiros, notamos a gentileza do povo brasileiro.

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O samba também denota características da felicidade do país. Ele é animado, divertido. Compare esse estilo musical com o fado, emblemático em Portugal. Não quero ser antipática com os portugueses, mas a música típica deles é mais… pra baixo do que a de vocês [risos]. E os traços culturais nos ajudam a inferir tendências sobre a percepção de contentamento.

Sobre as suas pesquisas com o jornal de Bolton, o que mais surpreende nas mudanças entre 1938 e hoje?

Nós começamos sem julgamentos. Apenas extraímos palavras-chave das cartas e dos comentários dos voluntários dessas duas épocas. Aí reparamos que, com o tempo, a religião e a caridade perderam parte da relevância para a sensação de alegria.

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Já atividades menos coletivas, que vão de ver TV a ir à academia ou aproveitar as férias, foram bem mais citadas no presente como forma de atingir o bem-estar. Não estou fazendo uma crítica, mas a percepção de felicidade agora parece ser mais baseada em questões individuais.

E o que permaneceu igual apesar do avançar do tempo?

A família segue muito valiosa na construção da felicidade. Somos um animal social e, portanto, as relações íntimas continuam vitais.

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Há uma fórmula para a felicidade?

Isso depende da percepção de cada um. Antes de tudo, precisamos de comida, abrigo e um mínimo de estabilidade financeira. A partir daí, é bom ter algo que traga o sentimento de realização ou que dê sentido à vida, assim por dizer. Pode ser um trabalho, um serviço social ou um hobby.

E existe outra… para a tristeza?

A melancolia é natural e até importante para concebermos a felicidade. Mas é óbvio que traumas ou injustiças contribuem para esse sentimento. A sensação de igualdade parece ser bastante relevante para a felicidade.

Sandie McHugh é psicóloga e professora da Universidade de Bolton, na Inglaterra, onde pesquisa e leciona psicologia positiva

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