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Tratamento no alvo: os avanços da radiologia intervencionista

Conheça uma das áreas mais inovadoras da medicina, que pode ajudar a combater de forma mais segura e eficaz uma série de doenças

Por Felipe Roth Vargas, médico radiologista*
12 set 2024, 15h57
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Tomografias e ressonâncias computadorizadas ajudam a tratar com precisão doenças como tumores (Freepik/Freepik)
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A radiologia intervencionista (RI) é uma das áreas mais inovadoras e promissoras da medicina moderna. Ela combina tecnologias de diagnóstico e técnicas minimamente invasivas para realizar tratamentos.

Seu avanço tem proporcionado não apenas melhorias significativas no diagnóstico e manejo de diversas condições médicas, mas também contribuído para a otimização dos recursos em saúde pública, com potencial inexplorado para reduzir o tempo de internação e os custos hospitalares.

O que é radiologia intervencionista?

O conceito comporta o uso de tecnologias de imagem, como raios-X, tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassom, para guiar procedimentos médicos minimamente invasivos, contemplando uma longa lista de possibilidades, como por exemplo biópsias, embolizações, drenagem de abscessos e ablação tumoral.

Ao contrário de cirurgias tradicionais, a RI envolve pequenas incisões ou até mesmo nenhuma incisão, reduzindo dramaticamente qualquer risco operatório e reduzindo o tempo de recuperação do paciente.

Grande parte dos casos são realizados com anestesia local ou sedação leve, não sendo necessário evoluir para anestesia geral e seus impactos operacionais.

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De aneurismas a tumores: principais avanços da radiologia intervencionista

Nos últimos anos, a RI evoluiu muito, como o uso de técnicas de navegação por imagem em tempo real, que permitem intervenções mais precisas e seguras. Destacam-se:

Embolização uterina

Para o tratamento de miomas, a embolização (procedimento que bloqueia o fluxo sanguíneo em uma região) uterina tem se mostrado uma alternativa eficaz à histerectomia, com taxas de sucesso elevadas e recuperação rápida.

Tratamento de aneurismas cerebrais

A embolização endovascular tem salvado vidas ao permitir que aneurismas sejam tratados sem a necessidade de cirurgias abertas no crânio.

Ablação de tumores hepáticos

Com o avanço da tecnologia de radiofrequência e micro-ondas, a ablação de tumores, especialmente no fígado, se tornou uma alternativa eficaz à cirurgia, especialmente para pacientes com contra indicações cirúrgicas.

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Impacto na saúde pública

Os benefícios da RI são ainda mais relevantes no contexto da saúde pública, principalmente em países com recursos limitados. A adoção de procedimentos minimamente invasivos têm o potencial de:

Reduzir o tempo de internação

Pacientes submetidos a procedimentos intervencionistas costumam ter alta no mesmo dia ou após um curto período de internação, liberando mais rapidamente os leitos hospitalares.

Diminuir complicações pós-operatórias

A menor invasividade está associada a menos complicações, o que resulta em menos readmissões hospitalares e menor consumo de medicamentos.

Custo-benefício

Estes procedimentos costumam ser mais baratos do que cirurgias tradicionais, por exigirem menos recursos hospitalares e resultarem em recuperações mais rápidas.

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Acessibilidade e descentralização

Muitos procedimentos de RI podem ser realizados em centros de saúde menores, descentralizando o atendimento e evitando a superlotação de grandes hospitais. Isso facilita o acesso ao tratamento para populações em áreas remotas.

+Leia também: A técnica que dá choques no câncer de pâncreas

Desafios e futuro

Apesar dos avanços, ainda existem obstáculos a serem superados para melhorar o acesso às técnicas.

A formação especializada e a necessidade de equipamentos caros são barreiras para a implementação mais ampla da radiologia intervencionista em regiões menos favorecidas. Programas de capacitação e investimento em infraestrutura serão essenciais para ampliar o acesso a essas inovações.

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No futuro, espera-se que a inteligência artificial e o desenvolvimento de novas ferramentas de navegação por imagem tornem os procedimentos ainda mais precisos e acessíveis.

Além disso, o aumento da conscientização sobre as opções de tratamento minimamente invasivas deve contribuir para uma maior adoção dessas técnicas, tanto pelos médicos quanto pelos pacientes.

Os avanços neste campo estão transformando a maneira como muitas doenças são tratadas. Sua aplicação na saúde pública representa uma oportunidade significativa para melhorar o atendimento, reduzir custos e otimizar o uso dos recursos hospitalares.

No entanto, o sucesso dessa área dependerá do investimento contínuo em tecnologia, treinamento e políticas públicas que garantam seu acesso a todos. Na dúvida, tenha sempre um intervencionista por perto.

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*Felipe Roth Vargas é médico radiologista, coordenador do departamento de Radiologia Intervencionista da Beneficência Portuguesa de São Paulo e fundador do Manual de Radiologia Intervencionista (Mari) 

Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health

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